Uma aula de história, de verdade, de brasilidade, que
encerra definitivamente a questão sobre os outros interesses escusos sobre a nossa
Amazônia.
“No contexto de uma campanha internacional movida contra o
Brasil, ressurgiu a antiga pretensão de relativizar, ou mesmo neutralizar, a
soberania brasileira sobre a parte da Região Amazônica que nos cabe, a nossa
Amazônia.
Acusações de maus-tratos a indígenas, uso indevido do solo,
desflorestamento descontrolado e inação governamental perante queimadas
sazonais compõem o leque da infâmia despejada sobre o País, a que se juntou a
nota diplomática do governo francês ofensiva ao presidente da República e aos
brasileiros.
O Brasil não mente. E tampouco seu presidente, seu governo e
suas instituições.
Em primeiro lugar, porque o Brasil tem a seu lado a
História, sobre a qual, em consideração à memória nacional, nos devemos
debruçar.
A Amazônia que nos pertence foi conquistada no tempo em que
só a ação intimorata garantia direitos. Depois da expulsão dos franceses de São
Luís (1615) e da fundação do forte do Presépio, a futura Belém (1616),
corsários ingleses e holandeses foram combatidos e expulsos da foz do Rio
Amazonas.
A União Ibérica (1580-1640) ofereceu oportunidade para que
bandeirantes e exploradores rompessem as Tordesilhas, um desenvolvimento
histórico que tem na primeira navegação da foz à nascente do Amazonas (1637),
façanha cometida por Pedro Teixeira, seu marco definitivo.
Foram fortalezas que prefiguraram a ocupação e a delimitação
da Amazônia brasileira. Foi a catequese que aglutinou os indígenas sob a
proteção da cruz, favorecendo a miscigenação que fomentou o povoamento da
região. A fundação do forte de São José do Rio Negro, na confluência do Rio
Negro com o Solimões (1663), reuniu em seu entorno índios barés, baniuas e
passés, dando origem à povoação que viria a se transformar na cidade de Manaus.
Após a Independência, em nossa primeira legislatura, quando
a pretensão estrangeira de impor um monopólio de navegação no Amazonas ousou
atribuir aos brasileiros a pecha de ignorantes, coube ao Senado devolvê-la,
lembrando que cabia aos brasileiros a primazia dos descobrimentos sobre a
região, conforme atestado pelo próprio Humbolt.
E no início do século 20, enquanto a Europa se dilacerava
nos campos de batalha da 1.ª Guerra Mundial, um dos nossos maiores soldados,
Cândido Mariano da Silva Rondon, completava sua campanha sertanista (1915-1919)
em Mato Grosso levantando cartograficamente os vales do Araguaia e as
cabeceiras do Xingu; descobrindo minas de sulfeto de ferro, ouro, diamantes,
manganês, gipsita, ferro e mica; e o mais importante, fazendo amigas as nações
nhambiquara, barbados, quepi-quepi-uats, pauatês, tacuatés, ipoti-uats, urumis,
ariquemes e urupás, que ao final da ciclópica empreitada apontavam para as
armas dos exploradores e diziam: “Enombô, paranã! Dorokói pendehê” (“joguem no
rio, a guerra acabou”).
Epopeia consumada, mas por concluir, na qual o Brasil jamais
prescindiu da cooperação das nações condôminas desse patrimônio reunidas no
Pacto Amazônico, que comemorou, no ano passado, 40 anos de sua assinatura, o
qual, pela sua finalidade e sua clareza de propósitos, dispensa protagonismos
de última hora movidos por interesses inconfessáveis. Se existisse algum
protagonismo nacional na Amazônia sul-americana compartilhada por nove países,
algo que o Brasil nunca avocou, ele seria, pelos números, pela presença e pela
História, brasileiro.
Se a História dá razão ao Brasil em qualquer debate sobre a
Amazônia, cabe colocar, em segundo lugar, que ele tem a seu favor os fatos.
Não há país que combine legislação ambiental, produtividade
agropecuária, segurança alimentar e preservação dos biomas com mais eficiência,
eficácia e efetividade do que o Brasil. Não bastassem todos os dados legais e
científicos, sobejamente conhecidos, que comprovam essa assertiva, tomem-se não
as palavras, mas os atos do governo brasileiro no sentido de combater queimadas
e apurar crimes de toda natureza praticados na Região Amazônica, o que
desqualifica as desproporcionais acusações e agressões desferidas contra o País
por causa do meio ambiente.
E se não bastassem a História e os fatos, cabe apontar o que
se revela nas declarações oficiais, nas confidências mal escondidas, nas entrelinhas
dos comunicados e no ecorradicalismo incensado pela imprensa: a velha ambição
disfarçada por filantropia de fachada.
É inacreditável que, num momento em que guerras comerciais e
protecionismos turvam o horizonte mundial, e são publicamente condenados em
todas as instâncias internacionais responsáveis, líderes de países europeus
venham, individualmente ou em conjunto, tomar iniciativas contra o
livre-comércio, procurando sabotar acordos históricos como o firmado entre a
União Europeia e o Mercosul e entre este e os países da Associação Europeia de
Livre-Comércio (Efta) – Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein.
Como é inacreditável que pessoas que até há pouco tempo
ocupavam cargos públicos se esqueçam de uma das linhas mestras da diplomacia do
Brasil, a de preservar a liberdade de interpretar a realidade do País e de
encontrar soluções brasileiras para os problemas brasileiros, conforme
colocadas pelo chanceler Horácio Lafer em 1959.
Nada disso prevalecerá. O Brasil não tem tempo a perder. Com
trabalho, coragem e determinação ele encontrará o seu destino de grandeza: ser
a mais pujante e próspera democracia liberal do Hemisfério Sul.
E por qualquer perspectiva, da preservação ao
desenvolvimento, da defesa à segurança, da História ao Direito, a nossa Amazônia
continuará a ser brasileira.
E nada exprime melhor isso do que a canção do
internacionalmente reconhecido Centro de Instrução de Guerra na Selva: À
Amazônia inconquistável o nosso preito, / A nossa vida por tua integridade/ A
nossa luta pela força do direito/ Com o direito da força por validade.”
(Recebi via WhatsApp)
A mais alta das árvores gigantes da Amazônia está dentro de
uma unidade de conservação estadual de uso sustentável, a Floresta Estadual do
Parú (PA)Divulgação/Jhonathan dos Santos
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