O Papa Francisco e o Presidente Macron geraram a centelha e
reacenderam os ânimos daqueles que não perdoam os brasileiros que os derrotaram
em outubro. Do outro lado do Atlântico e das redações urbanas a milhares de
quilômetros da floresta, atearam fogo à Floresta Amazônica, para demonstrar que
o vencedor de outubro é um Nero suicida; é um erro cometido pelos eleitores que
ousaram derrotar os que acreditam que detêm o poder de domar neurônios alheios.
Desconhecedores da Floresta, não sabem que para ela queimar, precisa antes ser
derrubada, secar por meses, e aí atear fogo. É assim que os indígenas ensinaram
e sempre fizeram na coivara, usada para criar roças e pastagens. O nome em
inglês – rainforest – floresta úmida, não foi entendido por muitos.
No ápice das queimadas de mata derrubada, há uns 15 anos,
fecharam os aeroportos da região, como testemunham meus amigos pilotos, que
hoje voam sobre a Amazônia sem restrições. E isso acontecia com frequência na
primeira década deste século. A diferença é que o presidente era Lula, um
santo, e hoje é o maldito Bolsonaro, que ousou derrotar os que só aceitam a
ideia única – sem dinheiro, sem marqueteiro, sem TV, apenas com a vontade do
eleitor. Agora eles viram a chance de mostrar que o povo errou, mas precisam
ser rápidos, porque já começam os sinais de sucesso em todos os campos da
recuperação econômica e moral do país.
Os número mostram que a quantidade de incêndios está dentro
da média, mas isso não nos deve tranquilizar. A histeria pirotécnica quase
tendeu a provocar estragos nas nossas exportações do agronegócio. Oportunidade
para entidades como as Confederações da Indústria e da Agricultura tomarem
iniciativas para fiscalizar e conter a grilagem e os desafios à lei, como o que
aconteceu no Pará, no Dia do Fogo, 10 de agosto. Serviu também para alertar os
governos estaduais e federal para o problema sazonal crônico da Amazônia; mas
sobretudo serviu para confirmar como real a cobiça que é a causa da tese de
“soberania relativa” do Brasil sobre a Amazônia.
No caso do Presidente Macron, o tiro saiu pela culatra. Num
usual diversionismo, ele tentou desviar de seus problemas internos com os
coletes amarelos, os imigrantes e os eleitores, para a distante Amazônia. Mas
nada conseguiu no G7 e só fez catalisar no Brasil a defesa da soberania sobre a
nossa Amazônia. Chamou-nos a atenção para as ONGS que não evitam fogo, os
estrangeiros que fingem turismo, desconfiamos do dinheiro estrangeiro e suas
intenções de intrometer-se nas nossas questões e Macron sequer conseguiu fingir
que defendia seus agricultores que não têm área para expandir. Reagimos com
altivez de quem tem noção de que o futuro a nós pertence. Quanto aos
pirotécnicos, só nos ofuscaram por alguns segundos, enquanto duraram as cores
de seus fogos passageiros; na excitação da revanche, geram a autocombustão de
sua credibilidade.
Alexandre Garcia - Jornalista com atuação na TV e
rádio, como apresentador, repórter, comentarista e diretor de jornalismo.
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