Itabuna Moderna
É a
cidade, eixo da região do cacau e da pecuária. Centraliza o maior movimento das
terras do Sul e do Sudoeste baiano. É como se fosse o coração da terra do cacau
e do gado. Em comércio, em cacau e pecuária, seu avanço, como ressaltamos, se
demonstrou espetacular. Uma síntese rápida mostra o que escrevemos, quando
registramos que algumas dezenas de aviões cruzam os céus e pousam no seu campo;
os seus transportes terrestres conduzem mais de 900 mil pessoas por ano; as
suas 180 escolas de cursos elementares e superiores, com 15 mil alunos; as suas
rendas municipais chegam a 80 milhões de cruzeiros; a sua população alcança 100
mil; a sua justiça togada é considerada e respeitada; o seu serviço bancário
eficiente; e o seu serviço de assistência social hospitalar um dos melhores do País.
Ao lado de tudo isso, de fortunas que produzem trezentos mil sacos de cacau,
criam trezentas mil cabeças de gado e mais de cento e cinquenta mil de outras espécies; o progresso marcha a passo acelerado, com indústrias que aparecem, e
os prédios que surgem em quantidade e o aspecto, não mais de uma cidade do
interior, e sim de uma pequena metrópole que se ergue e na cúpula desta
movimentação a evolução da cultura, da socialização, do sentido de bem-estar, da
tranquilidade pública.
Seu
capitalismo perdeu, em grande parte, a fórmula ortodoxa e se inclina para
ajustar-se à realidade do século que vive. O trabalhador não tem o que deveria
possuir de assistência, de conforto, de amparo financeiro que dê para uma
existência compatível com a dignidade do ser humano. Mas não é também um pária,
um marginal, um ente desprezível, um animal de trabalho. Uma nova mentalidade
se espalha, e tende a dominar, amoldando, convencendo o espírito do fazendeiro que
beneficia as suas instalações, as residências dos trabalhadores e paga o
salário mínimo. Melhor não se apresenta este problema pela falta de orientação,
de uma política mais objetiva, mas socializante dos governantes nacionais,
responsáveis pelo nível de vida do povo, nas cidades e nos campos. Não
conhecemos por este País, onde temos palmilhado, maior avanço e mais rápido no
atendimento das reivindicações dos assalariados , se compararmos o trabalhador
do presente com o do início do século, ou mesmo anterior ao ciclo da primeira
guerra.
Quão diferente é esta Itabuna de hoje, de Tabocas
do passado ou daquele povoado que surgiu com Militão Francisco de Oliveira,
Firmino Alves, Maximiano Oliveira, e outros, à margem do Cachoeira, no lugar Marimbeta.
Itabuna
moderna é o mais acentuado espetáculo de crescimento, de desenvolvimento, de
organização na região do cacau. Cidade encantadora, com o seu casario em
destaque, na linha de construções novíssimas, com o seu comércio em
prosperidade, com as suas luzes à noite coloridas em anúncios luminosos, com as
suas morenas, as mais belas, por certo, das terras do cacau e os seus clubes
sociais que orgulham uma civilização.
Onde se
encontram, para onde foram os seus pioneiros, como Olinto Leone, Henrique Alves,
Firmino Alves, Tertuliano Guedes de Pinho, Tourinho da Farmácia, Dr. Ápio Lopes,
Dr. Soares Lopes, Mares de Sousa, e Carlos Sousa?
Passaram,
morreram. O tempo os acabou, o tempo os desterrou, o tempo os esqueceu. Somente
o tempo não venceu Itabuna. Ao contrário, tem dado a Itabuna a grandeza, a
imponência, a fama. Parece que é uma filha dileta dele, que cria com carinho,
com orgulho, com zelo, como Dona Senhora constrói, pedra a pedra, a Catedral de
Itabuna.
Ao
contemplarmos os cinquenta anos de existência de Itabuna cidade, ao analisarmos
o que fez o seu povo, o que construíram os seus administradores, pensamos nas
responsabilidades que pesam sob os seus novos dirigentes.
Encontraram
eles uma terra cultivada, produtora, enriquecida, transformada em cidade
importante, em eixo rodoviário, tudo isto feito num espaço de cinquenta anos,
data passada da sua elevação a cidade, data em que Itabuna começou a sentir os
efeitos dos seus bons destinos, com a autonomia conquistada.
Tudo
indica que continuarão a grande obra, tudo afirma que seguirão o curso desse
grande rio que se avoluma em civilização, em progresso e prosperidade.
Ai daquele que tentar destruir, sequer
impedir a marcha favorável dos acontecimentos que vêm sendo impulsionados pela
seiva fecunda de uma terra abençoada e impelida pelo sangue fervente dos seus
obreiros.
(TERRAS DE ITABUNA Cap. XXX)
Carlos Pereira Filho
"TERRAS DE ITABUNA"
Li com
avidez e sumo interesse as noventa e nove folhas datilografadas, onde o
jornalista Carlos Pereira Filho retrata em belo colorido, a imagem vida deste
Município. Trabalho de fôlego, escorreito quanto ao vernáculo e feliz na
escolha de pessoas e fatos que de modo mais estreito e direto formaram o
amálgama de nossa vida, como elementos substanciosos à sua estática e dinâmica.
O Objetivo a que se propõem o ilustre escritor, nessa
colaboração valiosa as nossas letras e valiosíssima para as comemorações de
nossos 50 hinário, é fielmente colimado em “Terras de Itabuna”. É interessante
constatar se o que enriquece de ouro a nossa história, que a nossa formação
socioeconômica “tem a coerência e a vitalidade da linha seguida pelos
construtores de nossa pátria, sempre em luta por um Brasil melhor”.
Em Cada
linha das belas páginas desse magistral trabalho de real história, amenizada
pela ficção, vê-se, com garbo, a grandiosa silhueta da alma itabunense, nos
versos de Olavo Bilac lembrados pelo autor:
“Cada passada tua era um caminho aberto
Cada pouso mudado, uma nova conquista
Teu pé, como de um deus, fecundava o deserto”.
Personalidade definida Desde o primeiro pulsar de sua vida bandeirante, o povo
de Itabuna cresceu bastante, sabe o que quer e sabe para onde vai; ama
demasiadamente a terra que tratava com suor de seu rosto, e, por isso, suores e
lutas formaram sempre o dínamo de seu grandioso progresso, admirável não é
estrutura da nacionalidade brasileira.
“Terras de
Itabuna” enche-nos De orgulho e deve ser lido com o mesmo carinho que devotamos
ao glorioso passado, o mesmo interesse que dispensamos ao porvir.
Em 2. III
. 1960.
Pe. NESTOR PASSOS
Diretor da Secretaria de Educação e Cultura de Itabuna
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