Agonia da Palmeira
Sob o terno olhar da companheira,
Que lhe segue a agonia, vigilante,
À luz do sol, a imperial palmeira,
Agoniza soberba e vacilante.
Parece olhar bem longe a cordilheira ...
O venerável tronco de gigante.
Admirando a paisagem derradeira,
Na eminência da queda a cada instante ...
Iguais na idade, ao beijo das procelas,
Receberam carícias das estrelas,
E os madrigais que o Zéfiro transporta.
Hoje, das frondes uma só farfalha!
Um leque só não solidão... Mortalha,
Sombra e epitáfio à companheira morta!
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A Última Palmeira
Era um par de
palmeiras imperiais...
Desafiaram juntas, a idade e as procelas,
Unidos pelo solo e pelo igual destino.
Refletiram nos colmos resplendor de estrelas,
O calor do verão, o orvalho matutino.
Altaneiras fidalgas, verdejantes belas,
Recebiam da brisa o beijo vespertino,
Ou venciam intempéries ... Com saudades delas,
Na paisagem vazia, inda hoje, chora o sino...
A primeira tombou. Na evocação sentida,
Olhar perdido ao longe, num adeus distante,
Murchas, palmas que a mágoa feneceu.
O tronco esguio, ereto, corpo de gigante,
Quando o inverno chegou, tinha fronde pendida,
quando a brisa voltou, a outra morreu!
(IMAGENS MUTILADAS - 1963)
Luiz Gonzaga Dias
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