Acredito que fazer uma oposição ética e construtiva, será o
mais saudável. Afinal, sempre que alguém nos contesta, com racionabilidade, nos
faz crescer.
06/01/2019
Ano novo, os eleitos empossados, recorro a Drummond: 'E
agora, José?' (Marcelo Camargo/Ag. Brasil)
Por Evaldo D' Assumpção*
Entramos num novo ano – 2019 – repleto de contradições. Para
a esmagadora maioria dos brasileiros, um tempo de esperança e de otimismo. Para
uma pequena e frustrada parcela, que quase arrasou nosso país, um prato cheio
para jogar pedras e enlamear com boatos, ameaças, falsas notícias, insinuações
malévolas e outras irresponsáveis peraltices.
Fico surpreso com o comportamento dos adeptos, verdadeiros
religiosos fanáticos, do grupo que ocupou o poder no Brasil por quase quinze
anos. Desde o impeachment da presidente Dilma, ecoa insistentemente pelo país,
acusações de golpe, com contínuas afirmações de que a democracia foi pisoteada.
Como entender isso, se as atitudes dos partidos que compunham o grupo
dominante, nunca respeitou as regras democráticas, quando essas não lhes
convinham? Invasões de terras, ocupação de imóveis legalmente pertencentes a
alguém que pagava seus impostos, eram exemplos constantes. Depois, com a interferência
da Policia Federal e dos Procuradores e Juízes da operação Lava Jato, foram
eclodindo as mais absurdas usurpações de dinheiro público, como jamais se viu
nesse país. Foi com ela que ouvi falar de trilhões de Reais, valor que nunca
passou pela minha cabeça de médico zeloso por minha profissão e sua ética.
Depois vieram as eleições de outubro passado, quando até a
tentativa de assassinato foi perpetrada para eliminar o candidato que, sendo um
dos menos conhecidos, ascendeu como um cometa no meio dos rançosos e mofados
políticos ambiciosos e voltados, muito mais para seus interesses pessoais do
que para o bem comum do povo brasileiro. Notícias falsas passaram a circular
como uma peste negra pelas redes sociais, a mais nova e letal arma pela
primeira vez utilizada em campanha política. A todo momento recebíamos e
ouvíamos falar de fatos absurdos, inaceitáveis, tendo como protagonistas
diversos candidatos. Contudo, as manifestações populares pelas ruas das
cidades, iam delineando uma nova liderança, certamente beneficiada com o
atentado à sua vida, de que foi vítima. O tiro saiu pela culatra. Duvidou-se da
lisura das urnas eletrônicas, usando-se o ridículo argumento, até mesmo
ofensivo para a nação brasileira, de que “só existia no Brasil, portanto não
devia prestar”. Prestou sim, e muito bem. Nenhuma fraude foi legalmente
comprovada, e os resultados desmoralizaram totalmente os institutos de pesquisa
pública, levando-nos a crer que sua manipulação era coisa óbvia.
A imprensa dividiu-se, e a maioria usava seus múltiplos
recursos de penetração no meio do povo, tentando desmoralizar o candidato
desconhecido, que mesmo num leito hospitalar conquistava, a cada dia, mais
votos. E as cortinas se fecharam, deixando no palco da política nacional, um
vencedor inesperado. Para gáudio de milhões de brasileiros que saíram às ruas
em comemorações limpas, pacíficas, civilizadas, sem necessidade de intervenção
policial para conter atos de vandalismo, como estávamos habituados a assistir,
quando das ruidosas manifestações dos partidários da ala esquerda, a cada dia
mais enfraquecida pela ação dos federais.
Encerrado o que a Presidente do TSE poeticamente chamou de
“Festa da Democracia”, apurados todos os votos, foi indubitavelmente confirmada
a vontade do povo brasileiro, que por sua maioria elegeu o candidato
inesperado, Jair Bolsonaro. E como numa festa, especialmente quando nela se
exagera, sempre ocorre uma ressaca. E essa veio com a posse dos eleitos. E não
foi só a do Presidente, mas praticamente da metade do Congresso Nacional,
modificado com a substituição da grande maioria dos antigos, viciados e
execrados caciques, por novos representantes do povo, predominando os que
caminharam lado a lado com o Presidente eleito.
Ano novo, os eleitos empossados, recorro a Drummond: “E
agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e
agora, José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que
faz versos, que ama, protesta? e agora, José?”.
Perguntas que faço aos adversários, aos derrotados na Festa
da Democracia, sem mácula e sem mancha: o que querem agora? Uma Nação
reerguida, ou um caos absoluto, com miséria para o povo? Com 13 milhões de
desempregados, 12 milhões de analfabetos, quase 3 milhões de crianças e
adolescentes fora da escola, 62% de municípios brasileiros sem saneamento
básico, 5 mil municípios brasileiros sem leitos de UTI, 1/3 da população
vivendo em cidades sem tratamento para o câncer, milhares de municípios sem
hospitais ou com hospitais não funcionantes por falta de verba para mantê-los?
Com a seca no nordeste, que se arrasta desde antanho, havendo verdadeira
“Indústria da seca” que rende tanto aos poderosos? Se ela não tem solução, como
o Estado de Israel tornou-se no país que é? E vem a pergunta que não quer se
calar: em quase 15 anos de governo dito “popular”, por que o povo brasileiro
não está feliz, empregado, independente, saudável? O que fizeram com as malas
cheias de dinheiro?
Sei que posicionamentos políticos, e relações afetivas, não
se impõem. Contudo, considerando tudo como está, acredito que fazer uma
oposição ética e construtiva, será o mais saudável. Afinal, sempre que alguém
nos contesta, com racionabilidade, nos faz crescer. Entretanto, a oposição
brutal, eivada de mentiras, o contestar pelo contestar, a guerra suja e sem
limites, os boicotes nas sombras como agem os sem caráter, é ação burra.
Afinal, é a nação brasileira, o Brasil que é de todos, que está em jogo.
Queremos uma PÁTRIA BRASILEIRA ou um país lamaceiro, para deixar para nossos
filhos e netos? Coloquemos o dedo na consciência.
*Evaldo D' Assumpção é médico e escritor
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