Tem dias que, por mais que não desejarmos, temos que ser
saudosistas. Hoje é um desses dias, vendo através da TV o tradicional e
maravilhoso cortejo da “LAVAGEM DA ESCADARIA DA IGREJA DO NOSSO SENHOR DO BONFIM”!
Lembro-me, como se hoje fosse, das dezenas de vezes que
participei dessa maravilhosa jornada a pé, acompanhando centenas de carroças
enfeitadas, trios elétricos (atualmente proibidos), dançando e cantando,
esquecendo até que era uma festividade religiosa. Aquilo era como uma prévia do
carnaval. E na verdade era!
Foguetórios, bandas, charangas, centenas e mais centenas de
pagadores de promessas, multidão de Baianas vestidas a caráter, nos perfumando
com água de colônia e, ao mesmo tempo, rezando nosso corpo com suas folhas
benditas, descarregando os nossos pecados!
Em alguns trechos do cortejo via-se políticos, padres,
paroquianas e também uma série de turistas encantados, tirando fotos para levar
para seus países de origem, ou mesmo em nosso Brasil.
Não podemos deixar de confessar que, ao longo do trajeto,
tomávamos nossas cervejinhas, capetas e caipiroscas, não só para enfrentar o
calor, como para encorajar a caminhada!
Na chegada, isso depois de umas três horas, triunfalmente
começamos a subir a sagrada colina e nos depararmos com a nossa deslumbrante e
milagrosa paróquia do Nosso abençoado Senhor!
Ouve-se a Banda Marcial do Corpo de Bombeiros tocando o Hino
em louvor e, uma grade maioria fazendo um coral lindo e celestial! Temos que
confessar que, já mais pra lá do que pra cá, a preocupação agora era ver a
lavagem propriamente dita e, logo em seguida, procurar uma barraca com samba de
roda cachoeirano ou santamarense, onde as paqueras corriam soltas e nada
santificadas!
Por mais bobo que fosse o baiano, sempre saía com uma
companhia turística abraçado. Juntava a fome com a vontade de comer. Depois de
rolar todas essas façanhas, voltávamos para nossas casas para descansar da
maratona religiosa(?).
Dia seguinte quando alguém nos perguntava se tínhamos ido a
lavagem, simplesmente respondíamos assim: Mermão a lavagem foi fantástica!
Tomei todas até a noite, sambei e ainda me armei com uma gaúcha linda e sapeca!
-Pô cara, e não rezou não?
-Rapaz, não é que me esqueci! Mas, Nosso Senhor me perdoa
por essa falha. Saravá meu Pai!
Antonio Nunes de Souza, escritor-Membro da Academia Grapiúna
de Letras-AGRAL
antoniodaagral26@hotmail.com
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