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quinta-feira, 15 de março de 2018

DOM CESLAU STANULA - O Sínodo


06/03/2018
Depois do Concílio Vaticano II foi introduzido na Igreja frequentemente o Sínodo

Mas o que é o Sínodo?

A palavra “sínodo” vem de duas palavras gregas: “syn”, que significa “juntos”, e “hodos”, que significa “estrada ou caminho”. Logo, o Sínodo dos Bispos pode ser definido como uma reunião do episcopado da Igreja Católica com o Papa para discutir algum assunto especial, procurar novos caminhos da missão e auxiliar o Papa no governo da Igreja.

O Sínodo dos Bispos foi instituído pelo Papa Paulo VI em 1965. Desde então, foram realizadas 25 Assembleias Sinodais.

O Sínodo, segundo definiu o próprio Papa Paulo VI é uma instituição eclesiástica, sensível aos  sinais dos tempos para os interpretar e descobrir os desígnios divinos por onde deve caminhar a Igreja Católica após o Concílio Vaticano II.

Também foi instituído para estreitar a união entre os bispos do mundo e a sua colaboração com a Sé Apostólica.  O Sínodo não produz o documento. Apresenta a colaboração, propostas dos bispos do mundo sobre um determinado assunto, dos quais o Papa escreve o documento chamado Exortação Apostólica.

Por exemplo, tivemos já o Sínodo sobre a Família, sobre os Sacerdotes, sobre os Bispos etc., e o último, foi de novo sobre a Família, que resultou a Exortação Apostólica: Amoris Laetitia, sobre o amor na Família.

Com a minha oração e a benção. Uma boa e repousante noite.
Dom Ceslau

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07/03/2018

A Igreja sempre acompanha a realidade dos povos. Além dos Concílios Ecumênicos e Sínodos organiza as Conferências em determinadas regiões do mundo com a intenção de iluminar o povo, de uma determinada região com a luz do Evangelho.

Na América Latina, cada dez anos se realiza a Conferência dos Bispos da América Latina e do Caribe para tratar dos assuntos ligados com a realidade concreta do continente. As cinco conferências já realizadas marcaram a Igreja da América Latina, dando-lhe o rosto muito próprio e bem definido.

A título de esclarecimento: a conferência leva o nome do lugar onde foi realizada. Por exemplo: Rio de Janeiro, Aparecida. Medelin...

Outro dado importante: só as nossas Conferência da América Latina produzem o documento doutrinário , que logo após aprovação do Papa, entra como documento oficial do ensino da Igreja. Não como os sínodos, onde os padres sinodais mandam as propostas sinodais para o Papa e ele elabora o documento. É um dado muito importante. (A continuação conheceremos estas conferências).

Com a oração e a benção em Cristo Jesus. Desejo uma repousante noite.
Dom Ceslau
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08/03/2018

A primeira Conferência Latino Americana realizou-se no Rio de Janeiro em 1955. Hoje pouco se fala dela até está  desconhecida. Foi ainda antes do Concilio Vaticano II.  A principal preocupação da Conferencia foi a Igreja em si, a defesa da fé, escassez dos sacerdotes, ignorância religiosa etc. O diálogo com o mundo de fora praticamente não aparece. Não havia muita preocupação com o social, a não ser só algumas constatações como a desigualdade entre os pobres e ricos, a importância da doutrina social da Igreja e o papel especial e insubstituível do laicato católico.

A questão indígena foi tocada, mas no sentido como incorporar o indígena, com honra, no seio da verdadeira civilização. O índio visto como ser primitivo! A decisão mais importante dessa conferência foi o pedido dirigido ao Papa Pio XII para se criar um organismo que pudesse unir mais as forças da Igreja na América Latina. É aí que surgiu a ideia do Celam (Conselho Episcopal Latino-Americano). O Papa aceitou a proposta e aprovou o pedido  em 1955.

Com a minha oração e a benção em Jesus, Uma boa e tranquila noite.
Dom Ceslau.
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09/03/2018

A segunda Conferência-Geral do Episcopado Latino-Americano realizou-se em Medellín (Colômbia) em 1968.
Essa conferência deu-nos 16 documentos. Praticamente constitui uma releitura do Vaticano II para a América Latina e o Caribe. Eis em poucas palavras o espírito da Conferência:
No primeiro documento sobre a Justiça, já encontramos a palavra-chave que marcará Medellín: a libertação. Jesus veio para nos libertar de todas as injustiças como fome, violência, a opressão... Numa palavra da injustiça que tem a sua origem no egoísmo humano.

A visão do mundo pelo Vaticano II foi uma visão otimista, e a palavra-chave era desenvolvimento. Em Medellín, a teologia do desenvolvimento e da promoção humana cede lugar à teologia e pastoral da libertação.

É a descoberta do submundo dos pobres, dos países pobres, que é a maioria da humanidade, e pobres devido a uma situação de dependência opressora, gera injustiça. Não teremos um continente novo sem novas e renovadas estruturas, e, sobretudo não haverá continente novo sem homens novos que, à luz do Evangelho, saibam ser verdadeiramente livres e responsáveis (Med 1,3).

O ponto alto da pastoral libertadora da Igreja encontra-se na clara e profética opção preferencial pelos pobres. É uma opção pelo “ser mais” e não pelo “ter mais”. Os documentos mais marcantes de Medellín são: Justiça, Paz, Pobreza da Igreja.

Com a minha benção e oração. Boa noite.
Dom Ceslau.

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12/03/2018

A terceira Conferência-Geral do Episcopado Latino-Americano realizou-se em Puebla de Los Angeles (México) em 1979. A base de toda a reflexão foi a Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi” - (Sobre a evangelização dos povos) do Beato Papa Paulo VI de 1975.

Foi a releitura do documento para a América Latina com o tema a evangelização no presente e no futuro da  América Latina. A pregunta chave foi: qual o mundo que a Igreja deve evangelizar? - Com que mundo a Igreja, em nome do evangelho, se deve comprometer?  Em outras palavras, como atuar pastoralmente na América Latina em total fidelidade ao Evangelho? Quais as opções pastorais fundamentais tomar para que o Evangelho seja um acontecimento atual e presente com toda a sua vitalidade e força original?

Na época em que se realizava Puebla, o mais urgente desafio era a defesa da dignidade da pessoa humana, a proclamação dos direitos fundamentais da pessoa humana na América Latina, à luz de Jesus Cristo. Estes direitos, na época foram violados, devido a reinante ideologia da segurança nacional. Por isso, surgiu a necessidade de uma evangelização em comunhão e participação de todos para que o ser humano possa ser mais humano, à luz de Jesus Cristo. (Continuaremos).

Com a benção e oração. Um sono tranquilo com os Anjos vigilantes.
Dom Ceslau.
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13/03/2015

Continuando o conhecimento dos Documentos emanados da Igreja da América Latina, vejamos ainda outro pensamento do Puebla. A parte mais importante do documento de Puebla é a IV Parte, em que, além da opção preferencial pelos pobres, pelos jovens e da ação da Igreja junto aos construtores da sociedade pluralista na América Latina, trata de modo muito especial dos direitos fundamentais do ser humano, direitos individuais, sociais e também alguns de índole internacional.

Em toda a reflexão pastoral de Puebla, busca-se a comunhão e a participação na Igreja e na sociedade para se chegar à verdadeira e autêntica libertação.

O modelo da ação evangelizadora para Puebla são as comunidades eclesiais de base. A nova responsabilidade da América Latina agora é o aprofundamento da fé. Fé mais operativa, sobretudo por meio da família, da juventude, das comunidades eclesiais de base, sempre animadas pela mentalidade missionária e diálogo permanente com as culturas vivas do continente.

Uma noite abençoada e tranquila. Com a benção e oração.
Dom Ceslau

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14/03/2018

A IV Conferência-Geral Latino-Americana realizou-se em Santo Domingo (República Dominicana) em 1992.

Se em Medellín a palavra-chave era libertação, em Puebla, comunhão e participação, em Santo Domingo foi a inculturação.
Santo Domingo dá atenção especial à promoção humana, a pedido do próprio Papa João Paulo II, devido à necessidade de todos se sentirem e agirem como “gente”.

Para que haja uma autêntica promoção humana, é preciso ter em conta as diferentes culturas presentes na América Latina e no Caribe. Nas diferentes culturas latino-americanas e caribenhas começa a impor-se nova cultura. É a cultura presente nos meios de comunicação social, na mentalidade fortemente reinante no espírito urbano-industrial, e que perpassa todas as camadas da sociedade. Tal cultura não é fácil de definir, mas caracteriza-se por um espírito técnico-científico.

É um espírito calculista, explorador dos recursos da natureza, e que, ligado à funcionalidade das pessoas no atual mundo urbano, desumaniza e despersonaliza as criaturas humanas, tornando-as meros robôs.

É um espírito secularista, sem nenhum referencial ao transcendental, criando uma cultura de morte no mundo contemporâneo.

Com a abundante benção de Deus de amor e a minha humilde oração. Uma boa e repousante noite.
Dom Ceslau.
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Dom Ceslau Stanula – Bispo Emérito da Diocese de Itabuna-BA, escritor, Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL.

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