06/03/2018
Depois do Concílio Vaticano II foi introduzido na Igreja
frequentemente o Sínodo.
Mas o que é o Sínodo?
A palavra “sínodo” vem de duas palavras gregas: “syn”, que
significa “juntos”, e “hodos”, que significa “estrada ou caminho”. Logo, o
Sínodo dos Bispos pode ser definido como uma reunião do episcopado da Igreja
Católica com o Papa para discutir algum assunto especial, procurar novos
caminhos da missão e auxiliar o Papa no governo da Igreja.
O Sínodo dos Bispos foi instituído pelo Papa Paulo VI em
1965. Desde então, foram realizadas 25 Assembleias Sinodais.
O Sínodo, segundo definiu o próprio Papa Paulo VI é uma
instituição eclesiástica, sensível aos sinais dos tempos para os
interpretar e descobrir os desígnios divinos por onde deve caminhar a Igreja
Católica após o Concílio Vaticano II.
Também foi instituído para estreitar a união entre os bispos
do mundo e a sua colaboração com a Sé Apostólica. O Sínodo não produz o
documento. Apresenta a colaboração, propostas dos bispos do mundo sobre um
determinado assunto, dos quais o Papa escreve o documento chamado Exortação
Apostólica.
Por exemplo, tivemos já o Sínodo sobre a Família, sobre os
Sacerdotes, sobre os Bispos etc., e o último, foi de novo sobre a Família, que
resultou a Exortação Apostólica: Amoris Laetitia, sobre o amor na Família.
Com a minha oração e a benção. Uma boa e repousante noite.
Dom Ceslau
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07/03/2018
A Igreja sempre acompanha a realidade dos povos. Além dos
Concílios Ecumênicos e Sínodos organiza as Conferências em determinadas
regiões do mundo com a intenção de iluminar o povo, de uma determinada região
com a luz do Evangelho.
Na América Latina, cada dez anos se realiza a Conferência
dos Bispos da América Latina e do Caribe para tratar dos assuntos ligados com a
realidade concreta do continente. As cinco conferências já realizadas marcaram a Igreja da
América Latina, dando-lhe o rosto muito próprio e bem definido.
A título de esclarecimento: a conferência leva o nome do
lugar onde foi realizada. Por exemplo: Rio de Janeiro, Aparecida. Medelin...
Outro dado importante: só as nossas Conferência da América
Latina produzem o documento doutrinário , que logo após aprovação do Papa,
entra como documento oficial do ensino da Igreja. Não como os sínodos, onde os
padres sinodais mandam as propostas sinodais para o Papa e ele elabora o
documento. É um dado muito importante. (A continuação conheceremos estas
conferências).
Com a oração e a benção em Cristo Jesus. Desejo uma
repousante noite.
Dom Ceslau
08/03/2018
A primeira Conferência Latino Americana realizou-se no Rio
de Janeiro em 1955. Hoje pouco se fala dela até está desconhecida. Foi
ainda antes do Concilio Vaticano II. A principal preocupação da
Conferencia foi a Igreja em si, a defesa da fé, escassez dos sacerdotes,
ignorância religiosa etc. O diálogo com o mundo de fora praticamente não aparece. Não
havia muita preocupação com o social, a não ser só algumas constatações como a
desigualdade entre os pobres e ricos, a importância da doutrina social da
Igreja e o papel especial e insubstituível do laicato católico.
A questão indígena foi tocada, mas no sentido como
incorporar o indígena, com honra, no seio da verdadeira civilização. O índio
visto como ser primitivo! A decisão mais importante dessa conferência foi o pedido
dirigido ao Papa Pio XII para se criar um organismo que pudesse unir mais as
forças da Igreja na América Latina. É aí que surgiu a ideia do Celam (Conselho
Episcopal Latino-Americano). O Papa aceitou a proposta e aprovou o
pedido em 1955.
Com a minha oração e a benção em Jesus, Uma boa e tranquila
noite.
Dom Ceslau.
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09/03/2018
A segunda Conferência-Geral do Episcopado Latino-Americano
realizou-se em Medellín (Colômbia) em 1968.
Essa conferência deu-nos 16 documentos. Praticamente
constitui uma releitura do Vaticano II para a América Latina e o Caribe. Eis em
poucas palavras o espírito da Conferência:
No primeiro documento sobre a Justiça, já encontramos a palavra-chave
que marcará Medellín: a libertação. Jesus veio para nos libertar de todas as
injustiças como fome, violência, a opressão... Numa palavra da injustiça que
tem a sua origem no egoísmo humano.
A visão do mundo pelo Vaticano II foi uma visão otimista, e
a palavra-chave era desenvolvimento. Em Medellín, a teologia do desenvolvimento
e da promoção humana cede lugar à teologia e pastoral da libertação.
É a descoberta do submundo dos pobres, dos países pobres,
que é a maioria da humanidade, e pobres devido a uma situação de dependência
opressora, gera injustiça. Não teremos um continente novo sem novas e renovadas
estruturas, e, sobretudo não haverá continente novo sem homens novos que, à luz
do Evangelho, saibam ser verdadeiramente livres e responsáveis (Med 1,3).
O ponto alto da pastoral libertadora da Igreja encontra-se
na clara e profética opção preferencial pelos pobres. É uma opção pelo “ser
mais” e não pelo “ter mais”. Os documentos mais marcantes de Medellín são: Justiça, Paz,
Pobreza da Igreja.
Com a minha benção e oração. Boa noite.
Dom Ceslau.
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12/03/2018
A terceira Conferência-Geral do Episcopado Latino-Americano
realizou-se em Puebla de Los Angeles (México) em 1979. A base de toda a
reflexão foi a Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi” - (Sobre a
evangelização dos povos) do Beato Papa Paulo VI de 1975.
Foi a releitura do documento para a América Latina com o
tema a evangelização no presente e no futuro da América Latina. A pregunta chave foi: qual o
mundo que a Igreja deve evangelizar? - Com que mundo a Igreja, em nome do
evangelho, se deve comprometer? Em
outras palavras, como atuar pastoralmente na América Latina em total fidelidade
ao Evangelho? Quais as opções pastorais fundamentais tomar para que o Evangelho
seja um acontecimento atual e presente com toda a sua vitalidade e força
original?
Na época em que se realizava Puebla, o mais urgente desafio
era a defesa da dignidade da pessoa humana, a proclamação dos direitos
fundamentais da pessoa humana na América Latina, à luz de Jesus Cristo. Estes
direitos, na época foram violados, devido a reinante ideologia da segurança
nacional. Por isso, surgiu a necessidade de uma evangelização em comunhão e
participação de todos para que o ser humano possa ser mais humano, à luz de
Jesus Cristo. (Continuaremos).
Com a benção e oração. Um sono tranquilo com os Anjos
vigilantes.
Dom Ceslau.
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13/03/2015
Continuando o conhecimento dos Documentos emanados da Igreja
da América Latina, vejamos ainda outro pensamento do Puebla. A parte mais
importante do documento de Puebla é a IV Parte, em que, além da opção
preferencial pelos pobres, pelos jovens e da ação da Igreja junto aos
construtores da sociedade pluralista na América Latina, trata de modo muito
especial dos direitos fundamentais do ser humano, direitos individuais, sociais
e também alguns de índole internacional.
Em toda a reflexão pastoral de Puebla, busca-se a comunhão
e a participação na Igreja e na sociedade para se chegar à verdadeira e
autêntica libertação.
O modelo da ação evangelizadora para Puebla são as comunidades eclesiais de base. A nova responsabilidade da América Latina agora é o
aprofundamento da fé. Fé mais operativa, sobretudo por meio da família, da
juventude, das comunidades eclesiais de base, sempre animadas pela mentalidade
missionária e diálogo permanente com as culturas vivas do continente.
Uma noite abençoada e tranquila. Com a benção e oração.
Dom Ceslau
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14/03/2018
A IV Conferência-Geral Latino-Americana realizou-se em Santo
Domingo (República Dominicana) em 1992.
Se em Medellín a palavra-chave era libertação, em Puebla,
comunhão e participação, em Santo Domingo foi a inculturação.
Santo Domingo dá atenção especial à promoção humana, a
pedido do próprio Papa João Paulo II, devido à necessidade de todos se sentirem
e agirem como “gente”.
Para que haja uma autêntica promoção humana, é preciso ter
em conta as diferentes culturas presentes na América Latina e no Caribe. Nas
diferentes culturas latino-americanas e caribenhas começa a impor-se nova
cultura. É a cultura presente nos meios de comunicação social, na mentalidade
fortemente reinante no espírito urbano-industrial, e que perpassa todas as
camadas da sociedade. Tal cultura não é fácil de definir, mas caracteriza-se
por um espírito técnico-científico.
É um espírito calculista, explorador dos recursos da
natureza, e que, ligado à funcionalidade das pessoas no atual mundo urbano,
desumaniza e despersonaliza as criaturas humanas, tornando-as meros robôs.
É um espírito secularista, sem nenhum referencial ao
transcendental, criando uma cultura de morte no mundo contemporâneo.
Com a abundante benção de Deus de amor e a minha humilde
oração. Uma boa e repousante noite.
Dom Ceslau.
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Dom Ceslau Stanula – Bispo Emérito da Diocese de
Itabuna-BA, escritor, Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL.
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