6 Março, 2016
Assisti ao discurso do ex-presidente Lula da forma o mais
isenta possível e mente aberta. Obviamente não esperei grandes mudanças, mas
imaginei que haveria um pouco de autocontrole como demonstração de
inteligência.
Aguardei alguma demonstração de contenção, se não por gestão
de imagem, mas como medida destinada a não aumentar a grande fogueira dos ódios
deste país.
Imaginei que, dado o momento inédito em sua vida,
manifestaria algum respeito aos milhões de brasileiros cujas mentes não se
curvam à retórica barata. Em vão: palavras vazias, em uma fala recheada de
clichês e tolices, plena de auto louvação, piadas grosseiras, delírios
narcisistas e frases piegas que comoveriam apenas pré-adolescentes ou amigos
encharcados de boa vontade.
Houve, ainda, uma revisita a dois clássicos: a velha
estratégia vitimista sobre a perseguição movida pelas elites por ser o redentor
dos pobres; e o desejo sádico de alimentar um pouco mais o ódio que hoje divide
seus compatriotas. Observei-lhe o rosto contorcido, a expressão raivosa, a
incapacidade de se reconhecer como cidadão comum, submetido às leis do país. E
entendi: Lula hoje acredita piamente na imagem que ele e seus aduladores
criaram. Para ele, é inadmissível que seja investigado, ou conduzido a depor:
trata-se de falta de respeito. Logo ele, tão grandioso, dotado de tal
inteligência que chega a mencionar com desprezo os que dedicam longos anos ao
estudo.
Atrás dele, uma multidão aplaudia, mesmerizada. E me veio à memória uma
história que se conta sobre Júlio Cesar. Ao entrar triunfante em Roma, quase
semideus em sua dourada carruagem, trazia consigo um escravo que o prevenia
contra os excessos da vaidade, lembrando-o, de tempos em tempos: "Memento
mori!" (Lembra-te que és mortal!).
É uma pena que Lula não tenha entre os seus quem o alerte para os excessos
intoxicantes da vaidade que cega.
É uma pena que Lula ame apenas a si mesmo e não ao país, transformando uma parte significativa de nossa população em inimigos sobre quem açula seus cães.
É uma pena que ninguém lhe diga, francamente, que o rei está nu - que sua habilidade de comunicação só funciona para dois segmentos: os que se renderam a essa nova forma de fanatismo criada por seu partido; e a parcela da população cuja ausência de educação é louvada como vantagem e não como vergonha.
Despido de riquezas morais, passará à história como fanfarrão histriônico.
Órfão de qualidades éticas, não consegue reconhecer que ultrapassou todos os limites.
Desabituado à reflexão, não vê além dos limites das necessidades básicas.
Embriagado pela bajulação, não consegue ver nas críticas de milhões de brasileiros a advertência severa para seus excessos.
Tudo isso, Lula já havia demonstrado sobejamente em ocasiões anteriores. Hoje apenas reafirmou, em rede nacional, que desconhece o significado da palavra grandeza.
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