O novo governo e a educação
No seu programa de governo, Jair Bolsonaro reclama do baixo
desempenho registrado no país no segmento da educação. Ele utiliza frases de
efeito – do tipo “gastamos como os melhores” e “educamos como os piores” - para
mostrar que os investimentos financeiros no setor (mais de R$ 100 bilhões) são
incompatíveis com o péssimo nível educacional dos estudantes. Mais adiante,
defende uma inversão na pirâmide, ou seja: o governo precisa destinar maiores
aportes de recursos na educação infantil, ao contrário do que ocorre hoje,
quando prioriza a educação superior. Essa proposta, se aplicada, traria uma
mudança radical na política do setor.
O programa também prevê o estabelecimento de pelo menos um
colégio militar em cada capital brasileira até 2020. Esse projeto de
militarização das escolas como uma opção para o futuro do país foi muito
defendida durante a campanha. Segundo ele, os alunos de colégios em regiões
violentas melhoraram o desempenho quando militares se tornaram diretores. Ele
cita os exemplos das unidades existentes no Amazonas e em Goiás, e vai listar
os estados que não tenham colégio militar para que passem a contar com uma
unidade. O maior deles seria construído no Campo de Marte, em São Paulo.
Além de acabar com a aprovação automática, o novo presidente
apresenta uma proposta de fundo social que chama muito a atenção: alunos e
professores de universidades públicas privadas seriam destacados para dar aulas
de reforço escolar em áreas carentes. Ele também quer a volta das disciplinas
de Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política do Brasil (OSPB), e
para isso será preciso trabalhar em novos estudos para propiciar mudanças na
Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Lembramos que até hoje o BNCC do ensino médio
está em discussão no Conselho Nacional de Educação (CNE) e não foi liberado.
Ao abordar a questão do método de gestão na educação, o
programa de governo do PSL fala em revisão e modernização do conteúdo. O
objetivo é claro: expurgar do sistema todas as referências às doutrinas
marxistas na formação dos professores e também na alfabetização dos alunos. Em
relação ao trinômio “inovação-ciência-tecnologia”, Jair Bolsonaro, que visitou
diversos países, considera esgotado o modelo atual, que é centralizado e
comandado de Brasília. Ele chama a atenção para os programas desenvolvidos em
Israel, Estados Unidos, Taiwan, Coreia do Sul e Japão, que dão grande ênfase
aos cursos técnicos e às carreiras de exatas.
Vamos esperar 2019, quando começa a gestão do presidente
eleito, para que tenhamos uma visão real das suas propostas. De antemão, ele
admite que é possível fazer muito mais com os atuais recursos disponibilizados
para o Ministério da Educação, e isso é um bom indício. Em seu discurso, também
podemos destacar o aceno que ele fez à juventude: “Aos jovens, palavra do fundo
do meu coração: vocês têm vivido um período de incerteza e estagnação
econômica, vocês foram e estão sendo testados a provar sua capacidade de
resistir. Prometo que isso vai mudar, essa é a nossa missão. Governaremos com
os olhos nas futuras gerações e não na próxima eleição”.
Tribuna de Petrópolis , 08/11/2018
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Arnaldo Niskier - Sétimo ocupante da Cadeira nº 18 da ABL,
eleito em 22 de março de 1984, na sucessão de Peregrino Júnior e recebido em 17
de setembro de 1984 pela acadêmica Rachel de Queiroz. Recebeu os acadêmicos
Murilo Melo Filho, Carlos Heitor Cony e Paulo Coelho. Presidiu a Academia
Brasileira de Letras em 1998 e 1999.
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