15 de novembro de 2018
A Oposição
Engana-se quem pensa que a oposição será o PT. Talvez seja
apenas a oposição mais evidente, mais barulhenta, mais exposta com suas
ameaças. Nisso, o PT parece que vai estar acompanhado pela PSOL e seus
coadjuvantes do MST e MTST, e só. Pelo que se tem visto, o PDT, o PSB, o PC do
B, o PTB, querem ficar um pouco distantes, porque perceberam o quanto as urnas
revelaram de antipetismo – e não querem também ser alvo dessa onda. Pois bem; o
PT vai fazer oposição, mas certamente não será essa a resistência que mais vai
dar trabalho ao governo.
A mais forte oposição será silenciosa, sub-reptícia, forte,
eficiente, de todos os que não querem perder privilégios, mamatas, garantias,
direitos adquiridos mas não merecidos. É aquele pessoal convicto de que
conquistou a boquinha e já tem estabilidade nela. Gente que está tanto dentro
do estado como fora dele. São alguns poderosos, donos de parte do estado
brasileiro; são partidos, que têm seus cartórios dentro de ministérios e
estatais; são os milhares de comissionados que nunca prestaram concurso; são os
que estão de olho em suas estabilidades, aposentadorias integrais, auxílios de
todos os nomes. São os donos dos caminhos secretos do serviço público; são os
cafetões e leões-de-chácara que vendem os prostituídos do estado brasileiro.
Esses vão fingir que aplaudem o novo governo, pois é de sua essência aplaudir,
mas o que querem é assegurar o botim.
Bolsonaro e seus auxiliares vão ter muito trabalho com essa
oposição camuflada, blindada e bem armada.
Paulo Guedes vai pegar uma pedreira com os subsídios, os
favores fiscais, os protecionismos dos bem-aventurados protegidos do estado
brasileiro.
Sérgio Moro vai descobrir sujeitos do direito por toda a
parte e poucos dispostos a cumprir antes seus deveres.
Joaquim Levy vai ter que lidar com os apadrinhados do BNDES.
Os líderes do governo na Câmara e no Senado vão penar com os aliados que apoiam
o governo, mas não apoiam as medidas necessárias que venham a ser propostas
para que todos sejam iguais perante a lei, sem foros privilegiados e sem
proteção para delinquir.
Quem vê o estado inchado, nos três poderes, voltado para si
mesmo, no pedestal fora do alcance dos brasileiros comuns, com muita, muita
gente, não tem como deixar de perguntar: produz o quê? Bons serviços públicos?
Boas leis? Boa justiça?
Ou tem por finalidade manter seus privilégios, servindo a si
em lugar de servir ao povo brasileiro?
Não estou inventando essas perguntas. Elas tem sido feitas
nas redes sociais e nas ruas há cinco anos, e foram se tornando cada vez mais
eloquentes, até que troaram nas urnas como um terremoto.
Há pouco, quando o Senado, mostrando como funciona essa
oposição, surpreendeu o país elevando o teto do Supremo e de todos no serviço
público, os protestos voltaram à Avenida Paulista.
Os 41 senadores que criaram
o novo teto, não votaram contra Bolsonaro, que vai ter que pagar; votaram
contra os brasileiros, que realmente pagarão. Esses é que são o alvo dessa
oposição que quer manter o seu quinhão no Brasil que deveria ser de todos.
Alexandre Garcia - Jornalista
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