A mostra reúne 108 itens raros, alguns têm a dedicatória do
próprio autor.
POR AGÊNCIA BRASIL
Foto inédita de Machado de Assis doada à Academia Brasileira
de Letras – ABL
Foto original por herdeiros de José Veríssimo / Fernando
Frazão/Agência Brasil
São Paulo - As primeiras edições de livros de Machado de
Assis, algumas com dedicatórias do próprio autor, estão na exposição Machado de
Assis na BBM: Primeiras Edições e Raridades, que pode ser visitada até 22 de novembro,
na Biblioteca Brasiliana Guita e José
Mindlin (BBM), que fica na Universidade de São Paulo (USP). A mostra,
que tem entrada gratuita, ocorre no ano em que se completam 110 anos da morte
do autor.
O curador Hélio de Seixas Guimarães, pesquisador do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e professor de
literatura brasileira da Universidade de São Paulo, destaca que “são exemplares
únicos, é uma coleção absolutamente única, e que permite recompor muita coisa
da história da produção, da publicação, da edição e da circulação dos textos de
um dos grandes, senão do maior escritor que o Brasil já teve”.
A mostra reúne 108 itens, incluindo 17 periódicos com textos
do autor e 40 obras coletadas postumamente por pesquisadores, tudo com acesso
público atualmente na biblioteca. A ideia da exposição veio da pesquisa de
Guimarães sobre a influência da obra de Machado de Assis na de escritores do
século 20. “No meio desse trabalho, eu fui levantando também o que existia do
Machado de Assis na biblioteca. Fui me dando conta da variedade do interesse
desse conjunto porque eles têm todas as primeiras edições das obras.”
Além das primeiras edições, há obras publicadas durante o
período de vida que trazem dedicatórias do próprio autor. “Esses exemplares têm
autógrafos ou dedicatórias do Machado para figuras muito importantes da cultura
brasileira, da literatura brasileira. Por exemplo, José Veríssimo, um dos
grandes críticos literários do fim do século 19 e início do século 20, que foi
amigo do Machado, que acompanhou a obra dele.”
Esses livros contam um pouco a história também das relações
pessoais, intelectuais e das relações literárias do Machado de Assis, do início
da carreira até o fim da vida, em 1908”, disse Guimarães. Por meio do material
disponível na exposição, o público terá acesso ao modo como os textos e livros
foram publicados no período em que o autor ainda supervisionava o processo,
quando estava vivo e participando da produção e edição dos textos.
A seleção convida ainda o visitante a conhecer a carreira do
autor com publicações em jornais e revistas. “O que conhecemos hoje como livro,
esses textos, em grande parte, saíram antes em jornais e revistas. Tem um
movimento na obra do Machado em que ele vai publicando contos, muitos de seus
romances saem em capítulos, em formato de folhetim. E, posteriormente, ele
recolhe para produzir a obra em livro, que é a obra que em geral chegou até a
gente”, explicou o curador.
Além disso, a exposição mostra o movimento da obra do
Machado, a composição da obra dele, a importância dos periódicos nisso. Segundo
Guimarães, quase tudo passava pelos periódicos antes de chegar no formato de
livro, recolhido pelo próprio Machado ou recolhido por pesquisadores e
estudiosos de sua obra.
Outra curiosidade é o modo como os textos de Machado de
Assis misturam-se às publicações cotidianas dos jornais e revistas da época, no
meio de anúncios, desenhos, de gravuras, em alguns casos, em revistas sobre
moda. “É interessante ver. Parece muito contrastante, quer dizer, o texto do
Machado de Assis, desse grande escritor, saindo publicado ao lado de uma
espécie de mosaico de informações que compõem o jornal e as revistas no século
19. É uma surpresa ver que o ambiente em que essa obra foi publicada
originalmente.”
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