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segunda-feira, 22 de outubro de 2018

DISSONÂNCIA COGNITIVA – Joaci Góes

Dissonância cognitiva


Para Gorgônio José de Araújo Neto, amigo de toda a vida.

O psicólogo americano Leon Festinger (1919-1989) desenvolveu, a partir de 1957, a teoria da Dissonância Cognitiva para explicar a necessidade que as pessoas têm de manter coerência entre os valores que professam e suas atitudes ou comportamentos.

Quando se constatam discrepâncias entre esses elementos, ocorre a dissonância, acarretando níveis distintos de desconforto emocional ou existencial, desequilíbrio dinâmico indispensável, no entanto, ao processo de evolução intelectual imposto pela mudança constante do meio social. Como regra, os indivíduos evoluem, lentamente, com graus variados de ansiedade, como mecanismo adaptativo às mudanças sociais.

 Muitos indivíduos, porém, inaptos para conviver com o caráter dialético da vida, agarram-se às suas convicções e, por insegurança psicológica, ignoram as evidências em que baseiam suas crenças, bem como a lição de Nietzsche, segundo a qual o oposto da verdade não é a mentira, mas a convicção. Um meio desastrado de defender o ego, insurgindo-se contra o nível básico da lógica, de modo a assegurar o contexto de suas preferências adaptativas, ainda que ao preço de uma percepção distorcida dos fatos. Isso se verifica em quaisquer ambientes: familiar, laboral e social de toda natureza.

Tal é o que sucede a parcela ponderável dos que defendem o retorno do PT, ao ignorarem os inúmeros males que esse partido praticou contra o povo brasileiro, numa escala sem precedentes na História do Mundo. Para efeito de explicar a que segmento nos referimos, iniciemos por uma visão da pirâmide eleitoral do Partido dos Trabalhadores que tem:

1. Na base a grande massa das populações iletradas do País, algo em torno de 80%, compostos pelos brasileiros de menor escolaridade, entre analfabetos e concluintes do ensino secundário. Essa massa inculta aceita, por ignorância, sem tugir nem mugir, o papel de escravos da corte, louvando os algozes que lhes subtraíram recursos que deveriam ser destinados para a construção do seu bem-estar, numa masoquística prática coletiva da Síndrome de Estocolmo.

2. Em seguida, vêm membros da classe média, integrada por profissionais liberais, predominantemente, de desempenho modesto, e aposentados, dotados de conhecimentos medianos, insuficientes para a formulação de uma avaliação crítica consistente. Esses são os que mais padecem da dissonância cognitiva, razão pela qual continuam adeptos do PT por não serem capazes de reconhecer os enormes desvios de conduta que esse partido praticou quando esteve no poder.

3. Logo acima, de número mais reduzido, os que têm sinecuras, que mamam nas tetas do governo, inclusive professores universitários que substituem o rendimento acadêmico por reiterada declaração de fidelidade ideológica, meio apto a assegurar o reconhecimento de prestígio, não obstante suas notórias fragilidades, como se pode depreender do baixo rendimento das universidades públicas brasileiras, inteiramente adonadas pelos que se autoproclamam da esquerda intelectual, figurante entre as mais atrasadas do Planeta.

4. No topo da pirâmide, os políticos espertalhões, coronéis desse grande latifúndio que tem como capo di tutti i capi o presidiário Luiz Ignácio Lula da Silva, que, ao final do julgamento dos processos a que responde deverá disputar com o ex-governador Sérgio Cabral a liderança no número de anos de condenação. Essa dissonância cognitiva que oblitera a percepção dos que defendem o fim da Lava Jato, a soltura de Lula e sua eleição para a Presidência, só se tornou possível graças ao aparelhamento gramsciano da Universidade Pública brasileira, como é do conhecimento geral dos que pensam.

Ao perceber a inutilidade do genocídio praticado por Lênin e Stalin na União Soviética, como meio de forçar a aceitação do socialismo imposto pela Revolução Comunista de 1917, Antônio Gramsci, filósofo italiano, desenvolveu poderosa linha argumentativa, demonstrando a importância de fazer a cabeça dos formadores de opinião, tornando-os absolutamente resistentes à evidência dos fatos e aos traumas produzidos pelo que mais tarde viria a ser batizado como dissonância cognitiva.

É por isso que pessoas honestas e inteligentes que integram nosso universo afetivo nos deixam boquiabertos, ao defenderem o indefensável retorno do PT ao exercício de um poder que desonrou de um modo sem precedentes na geografia e no tempo.

É imperioso dever de solidariedade, de generosidade e de ética elementar tratar estas pessoas, num momento de tanta fragilidade moral, de um modo gentil e paciente, até porque este momento tenso da vida brasileira deverá chegar ao seu clímax no próximo dia 28, quando, para felicidade geral da nação, veremos o PT dar adeus às armas, com a vitória do slogan: PT nunca mais!

Joaci Góes

(Artigo publicado na Tribuna da Bahia em 18/10/18)


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