30 de outubro de 2018
No Rio de Janeiro, comemoração da vitória em frente ao
condomínio onde reside Bolsonaro
♦ Péricles
Capanema
Pouco depois das sete horas da noite de domingo, o Brasil
tomou conhecimento de que Jair Bolsonaro estava eleito. Apesar do
bombardeamento pró-Haddad dos últimos dias da campanha, proveniente de todos os
setores da opinião que se publica, a votação consagradora de Bolsonaro
evidenciou a exasperação do sentimento antipetista e antilulista (na opinião
que não se publica).
Alívio generalizado – ufa! – a brisa fresca alimentou a
esperança de nunca mais termos o pesadelo macabro que assombrou a nação de 2002
a 2016. Contudo, porcentagem considerável, quase 45%, manteve-se chegada ao avantesma,
cujo retorno aterroriza a maioria.
Em linhas muito gerais, de um lado esteve o Brasil que
anseia por crescer, produz, aspira a autonomias e liberdades. Passa além das
fronteiras agrícolas na busca de espaços novos e ultrapassa limites difíceis na
vida pessoal e profissional. Esbanja ânimo, topa enfrentar as agruras da vida,
esperançado encara o futuro.
Convém lembrar rapidamente, é o Brasil que nutre simpatias
pelo princípio de subsidiariedade, quer menos Estado e mais protagonismo da
sociedade. Nesse lado está também o País apavorado com a desordem, com a
violência no campo e na cidade, amigo da família e da disciplina, religioso em
sua maioria. É significativo, no geral as grandes cidades votaram mais
pró-Bolsonaro que os núcleos do interior. É o Brasil do avanço. No que tem de
melhor, mesmo que de forma inexplícita, são setores atraídos pelo crescimento,
pela plenitude.
Vamos ao outro lado. Votou na chapa do PT – PC do B o
Brasil que depende do Estado, acostumado ao clientelismo, agarrado a
privilégios injustificados, receoso da autonomia e da competição. A esse
contingente, somaram-se grupos letrados, enquistados na alta administração
(nossa Nomenklatura), no entretenimento, nas redações, na academia, nas
sacristias; também em franjas de clubes grã-finos.
No entretimento, o ambiente contestatário e libertário
alimentou os apoios de Fernando Haddad. Nas sacristias, academia e redações,
além de tal caldo de cultura, a escravidão a ideais coletivistas e
igualitários. Contingente gigantesco que se nutre de mitos, é infecção
resistente aos antibióticos da realidade. No que tem de mais preocupante, é
sempre leniente com as atrofias pessoal e social, presentes nas soluções totalitárias,
por vezes as namora. Como na Venezuela. Representa com autenticidade a
vanguarda do atraso, o Brasil do retrocesso.
De passagem, mais uma vez se revelou atual o livro de Julien
Brenda, primeira edição de 1927, La trahison des clercs [A traição
dos intelectuais], denúncia aguda da misteriosa propensão que têm os letrados,
desde há muito, de se unirem ao que existe de pior na sociedade – cegos e
obstinados companheiros de viagem de correntes demolidoras; vão até o
precipício e nele pulam, juntamente com os fanáticos da revolução, afundando
todos. Foi assim na Revolução Francesa, foi assim na Revolução Comunista, será
assim aqui algum dia, se o povo não se vacinar contra os vírus que disseminam.
Um reparo. O Brasil simples que depende do Estado não é majoritariamente
esquerdista. Parte importante dele nem sabe o que é esquerda, precisa
sobreviver. Fatia grande dele votou no Andradepor medo do desamparo. Tem
condições de ser resgatado do rumo errado. Ajudado com critério, pode tomar
rumo certo.
Acabou a campanha, chegou a hora de pensar feridas, relevar
agravos, procurar a reconciliação. Seria bom que assim acontecesse. Receio que,
se vier, será superficial. As divisões na sociedade brasileira estão
enraizadas. Desmobilização e descuidos serão fatais no lado que venceu as
eleições. No mais profundo, uma parte do Brasil optou pelo crescimento, deseja
a plenitude. A esperança deita nele suas raízes. Outra parte, infelizmente,
favorece o coletivismo, não foge da atrofia. Que Nossa Senhora Aparecida
proteja o Brasil.
Comentário:
Costa Marques
30 de outubro de 2018
Afastada a ditadura petista temos condições para re-pensar o
Brasil. Como bem observou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro
“Projeto de Constituição Angustia o Pais” (1988) o presidente da República é um
mandatário e o mandante é o povo que o elegeu. Por causa disso, sempre as
forças vivas da Nação poderão fazer lobbyes no sentido conservador, favorável à
propriedade privada, à familia, aos valores morais. CostaMarques.
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