25 de setembro de 2018
Por Juliano Oliveira, publicado pelo Instituto Liberal
Inicio este texto com um alerta: é impossível manter um
Estado de Bem Estar social num país pobre e contrário ao empreendedorismo.
As motivações dos eleitores de Fernando Haddad são, com
poucas variações, quase sempre as mesmas. Todos, ignorando exemplos claros da
destruição perpetrada pela confiança na suposta clarividência estatal,
acreditam que um forte Estado de Bem Estar Social seria capaz de promover o fim
de toda desigualdade (ainda que prosperidade e igualitarismo, como bem sabem os
liberais, não possuam qualquer correlação) e que diversidades de toda sorte
(leia-se bacanal) teriam seus assentos carimbados nas universidades, igrejas e
locais públicos e/ou privados sob o risco, diante de objeções ainda que
discretas, de se promover grande perseguição aos propagadores das idéias ditas
conservadoras e liberais.
Enfrentamos longos 14 anos de petismo. O saldo dos discursos
populistas e do relativismo moral propalado em nossas universidades pelos
defensores de movimentos ditos sociais durante este período pode ser facilmente
sentido pelo sentimento de impotência e de desalento da parcela da população
que é “convidada” a pagar a fatura do discurso da preguiça, da inveja e da
irresponsabilidade. No momento em que escrevo este texto, sites de extrema
esquerda (que visitei depois de muito relutar), confiantes de que possuem um
poder de influência decisivo nas escolhas de pessoas mais simples, estão
comemorando um possível retorno do PT ao poder. Militantes travestidos de
professores estão, por meio de suas elucubrações sobre coletivismo e
igualitarismo, defendendo o ressurgimento do partido que tomou de assalto as
nossas instituições, têm achincalhado o judiciário e reunido todas as suas
estratégias sórdidas em torno da desconstrução do único candidato que, embora
não seja o sonho dos liberais que defendem um Estado Mínimo, tem grandes
chances de vencer este pleito (razão pela qual insisto que Bolsonaro é a
resposta certa para essa situação de urgência).
O PT, sob a batuta de seu líder já encarcerado, é um partido
cuja habilidade de explorar o pior dos sentimentos que o ser humano possui, a
inveja, não deve ser desprezada. A inveja sobre a riqueza alheia e, a um só
tempo, o desprezo por instituições de mercado que são capazes de elevar até o
mais simples dos homens a uma posição de evidência são as principais
matérias-primas que têm dado sustentabilidade a anos de demagogia e destruição
petistas. Não se deve desprezar, igualmente, todo o esforço de teóricos e
professores universitários que, presos na bolha do funcionalismo público, não
se cansam de teorizar sobre as causas do desemprego e as mazelas da população
mais carente e explorável da sociedade. Em seus discursos ressaltam que a crise
que atravessamos, que ganhou contornos ainda mais assustadores com a greve dos
caminhoneiros (greve a que me opus e que tem sido utilizada pelo pessoal da
esquerda para reforçar que a crise que vivemos é de responsabilidade de uma
elite que não suportou a legitimidade do governo Dilma, ressalte-se), foi
criada pelo neoliberalismo. Estes intelectuais colocam num mesmo pacote Marina
Silva, Alckmin, Jair Bolsonaro e Amoedo e dizem que todos são representantes do
neoliberalismo de mercado (que absurdo!!) e que apenas com Haddad veríamos o
crescimento econômico.
O efeito retórico do PT sobre os invejosos que veem luta
classista em tudo, pode ser muito bem explicado por este pequeno fragmento de
um dos textos de Jeffrey Tucker, um dos grandes nomes da Escola Austríaca de
Economia:
A inveja observa a excelência de terceiros e
prontamente deseja acabar com ela. A inveja vê a fortuna de outro e
imediatamente quer puni-la. A inveja é ativamente destruidora, e vê na
destruição do sucesso alheio um fim em si mesmo. A consumação da inveja não
traz felicidade para a pessoa que quer prejudicar terceiros; a inveja meramente
alcança o objetivo de satisfazer a raiva que você sente ao ver a felicidade de
terceiros. A inveja corrói. Destrói. Prejudica. Estraga. Machuca. Mata. Começa
com um ressentimento contra as conquistas alheias e termina na agressão pessoal
direta.
Quando se analisa a inveja que deseja o fim da riqueza
alheia (ainda que construída a duras penas, diferentemente da riqueza erigida
por Lula e seus empresários favoritos) e a busca constante por um pantagruélico
Estado de Bem Estar Social que satisfaça este sentimento nefasto, entende-se
porque o Brasil tem sérias dificuldades de abandonar seu estado já moribundo.
A triste notícia, no entanto, não se destina apenas aos
empresários e trabalhadores da iniciativa privada que, apesar da forte
intromissão estatal, continuam gerando riquezas para dar sustentação ao modelo
progressista de pensamento. Ela se destina também aos recebedores líquidos de
benesses que, inevitavelmente, verão suas fontes secarem quando o Brain
Drain se intensificar e o esfriamento da economia se consolidar.
Para finalizar, a provocativa fala de Roberto Campos: Sou
chamado a responder rotineiramente à pergunta: haverá saída para o Brasil?
Respondo dizendo que há três: o aeroporto do Galeão, o de Cumbica e o
liberalismo.
Sobre o autor: Juliano Oliveira é administrador
de empresas, professor e palestrante. Especialista e Mestre em Engenharia de
Produção, é estudioso das teorias sobre liberalismo econômico.
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