A Academia Brasileira de Letras dá continuidade ao seu ciclo
de conferências do mês de agosto de 2018, intitulado Cadeira 41, com
palestra da antropóloga, professora e pesquisadora Maria Laura Viveiros de
Castro Cavalcanti. A coordenação será da Acadêmica e escritora Ana Maria
Machado. O tema escolhido foi Luzia-Homem de Domingos Olympio: a
criação de um mito mulher.
Serão fornecidos certificados de frequência.
A Acadêmica Ana Maria Machado é, também, a
Coordenadora-Geral dos ciclos de conferências de 2018.
De acordo com a palestrante, Luzia Homem, de Domingos
Olympio (1903), tem por pano de fundo a histórica tragédia da seca que assolou
o Ceará entre 1877 e 1879, quando legiões de retirantes do ressequido sertão
encontraram algum abrigo temporário na cidade de Sobral. Entre eles, a
“taciturna e forte” Luzia, que compõe, nas palavras de Lúcia Miguel Pereira, um
“dos tipos mais complexos e misteriosos de nossa ficção”.
“A palestra ressalta o engenhoso uso narrativo dos causos e
do linguajar populares e explora a dimensão mítica do romance. A força ativa
dos vulneráveis personagens femininos acentua a dramática abordagem do assédio
sexual cujo desfecho fatal faz de Luzia, para sempre, um símbolo da sexualidade
livre em processo de descoberta. Luzia Homem é um romance mitológico
sobre a condição feminina”, afirma a conferencista.
Cadeira 41 terá mais três palestras, às quintas-feiras,
no mesmo local e horário, com os seguintes dias, conferencistas e temas,
respectivamente: dia 16, Acadêmico Antonio Carlos Secchin, Drummond:
poesia e aporia; 23, Luís Camargo, Cem anos de “Urupês”, de Monteiro Lobato: o
primeiro best-seller nacional; e 30, Hugo de Almeida, Osman
Lins, 40 anos depois, mais atual.
A CONFERENCISTA
Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti é
antropóloga, pesquisadora do CNPq e professora titular da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ) onde atua na Pós-Graduação de Sociologia e
Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais.
Pesquisadora dos rituais e de seu simbolismo, os interesses
de Maria Laura transitam entre estudos da religião e da cultura
popular. Autora de O Mundo Invisível: sistema ritual, cosmologia e noção
da pessoa no espiritismo, de 1983; Carnaval carioca: dos bastidores ao
desfile; 2006; e Carnaval, ritual e arte, 2016. Tem, também, diversos
artigos publicados sobre o Bumbá de Parintins, Amazonas.
Sua atenção voltou-se, ainda, para a história da
antropologia e das ciências sociais. Pesquisou a obra de Oracy Nogueira,
sociólogo precursor do estudo das relações raciais e do estigma na sociedade
brasileira, e os estudos de folclore, compreendidos como uma vertente formadora
das ciências sociais. O livro de Maria Laura Reconhecimentos:
antropologia, folclore e cultura popular foi premiado, em 2013, pela
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências Sociais.
Antes de seu ingresso na Universidade Federal do Rio de
Janeiro, a conferencista trabalhou no então Instituto Nacional de Folclore, da
Fundação Nacional de Arte. Permanece ligada a essa instituição por intermédio
da Associação de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro, da qual é,
atualmente, diretora presidente.
Editora da revista Sociologia & Antropologia, Maria
Laura publicou o livro de contos Todo dia amanhece no Arpoador, em
2012; e o infantil A viagem de Luiza, em 2017.
A palestrante é bisneta por parte de pai de Domingos Olympio
Braga Cavalcanti, cujo romance Luzia Homem é o tema de sua palestra
neste ciclo: Luzia Homem de Domingos Olympio: a criação de um mito
mulher.
03/08/2018
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