29 de Abril de 2018
O homem é a “única criatura sobre a Terra que Deus quis
por si mesma”[i], dotando-o de toda a dignidade a ponto de
permitir que seu Filho se encarnasse e morresse na Cruz para resgatá-lo do
pecado original. É por este motivo que o demônio se tem empenhado desde o
início em destruí-lo. Compreendemos assim também o porquê da criação de
doutrinas como a ideologia de gênero, o ambientalismo e, mais
recentemente, o movimento chamado antinatalista.
Deus mostra a sua predileção pelo ser humano por se tratar
da mais perfeita de suas criaturas e porque o criou “à sua imagem e semelhança”.
O que as Escrituras descrevem poeticamente: “Criou Deus o homem à sua imagem, à
imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. E depois de tê-los criado,
Deus os abençoou e lhes disse: “Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e
subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre
todos os animais que se movem pela terra” (Gênesis, 27 e 28).
Ter filhos, portanto, é um mandado divino. O casal que não
quer ter filhos demonstra um egoísmo extremo e peca contra esse mandado.
Audrey Garcia, de 39 anos, casada, é uma dessas pessoas que
dizem ter seus motivos para não ter filhos. Numa entrevista para a BBC
Mundo em espanhol, ela afirma que ter filhos “simplesmente não
é ético em um mundo superpovoado, onde falta água e comida para muitas pessoas,
onde estamos destruindo o meio ambiente, onde não paramos de consumir mais e
mais recursos”.[ii]
Audrey Garcia pertence a um grupo de pessoas conhecidas
como antinatalistas, que se inspiram nas ideias de David Benatar, diretor
do Departamento de Filosofia da Universidade do Cabo, na África do Sul. Benatar
é autor do livro Better Never to Have Been (Melhor Nunca ter
Nascido). A obra começa com a seguinte dedicatória: “Aos meus pais, apesar de
me terem dado a vida”.
Segundo Audrey, o antinatalismo está associado ao
veganismo. “Como ativista, luto contra todo tipo de exploração animal. Se
eu tivesse filhos, seria responsável por criar uma cadeia sem fim de humanos
que vão consumir produtos animais, porque não posso garantir de forma alguma
que meus filhos e netos sejam veganos” E continua: “Ter filhos
significaria necessariamente aumentar o sofrimento animal”. Para Audrey,
ser antinatalista também é ir contra o sistema estabelecido,
que “supõe que a mulher está destinada a ser mãe”.
Audrey Garcia fez a cirurgia para se tornar estéril e afirma
que “as pessoas costumam ficar chocadas porque veem a esterilização como
uma mutilação, mas quando eu explico os motivos, elas entendem”.
Como os casais egoístas, que só pensam no prazer e não
querem ter filhos, este é um problema que Audrey tem enfrentado nos seus
relacionamentos. Por isso, justifica-se dizendo: “Não vejo o que há de
egoísta em querer dedicar sua vida a outra coisa que não seja ter filhos. O que
acho egoísta é tomar, de maneira unilateral, a decisão de trazer alguém a este
mundo.”
Uma das razões que os antinatalistas citam para
não terem filhos seriam os sofrimentos físico, psicológico e emocional. Assim,
Audrey deixa transparecer o desejo de suicídios dessas pessoas: “Acho que
muitas pessoas já pensaram em suicídio uma vez ou outra. Mas já que estou aqui,
tento ser útil.”
Por causa do pecado original, esta vida é um “vale de
lágrimas”. E é muitas vezes no sofrimento que encontramos a nossa consolação.
Foi o exemplo que nos deu Nosso Senhor Jesus Cristo morrendo na Cruz. O
suicídio é, portanto, a falsa solução que o demônio apresenta àqueles que se
entregam ao egoísmo e aos prazeres.
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[i] CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 2001, p.
103
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