O laicato:Novas Comunidades Cristãs
23/4/2018
Continuando as nossas reflexões sobre o laicato, gostaria
deter-me de um fenômeno surgido nas últimas décadas na Igreja, de iniciativa na
maioria das vezes, dos leigos, em sintonia com o ensinamento da Igreja
que são as Novas Comunidades Cristãs.
O Espirito Santo continua agindo na Igreja. Se olharmos na
sua história podemos perceber a sua ação em cada época de forma diferente, mas
sempre como a resposta às necessidades no seu tempo. Assim vemos, por exemplo,
o surgimento das comunidades cristãs relatadas nos Atos dos Apóstolos. Depois
século II e IV surgiu o movimento chamado monarquismo, em defesa da Santíssima
Trindade, depois surgiu o movimento mendicante no século XIII. (O movimento foi
chamado assim por sua característica de “mendigar” humildemente ao apoio das
pessoas para viver o voto de pobreza e levar a cabo a missão evangelizadora.
Aqui se destacam São Francisco de Assis e São Domingos de Gusmão com grandes
famílias religiosas Franciscanas e Dominicanas. Estes santos tiveram a
capacidade de ler com inteligência “os sinais dos tempos”, intuindo os desafios
que a Igreja da sua época deveria enfrentar).
Depois, as congregações voltadas à caridade, nos séculos XV
e XVI; e nos séculos XVII e XVIII formam-se as congregações missionárias com
Santo Afonso, São Paulo da Cruz etc., e assim por diante.
E hoje o Espirito Santo se manifesta nas Novas Comunidades
Cristãs. (continuará).
Com a minha oração e a benção. Uma boa noite.
Dom Ceslau.
24/4/2018
As Novas Comunidades surgiram na década de 1970 na França e
nos EUA. No Brasil, as primeiras Comunidades Novas apareceram na década de
80. Hoje temos inúmeras Novas Comunidades. Alguns afirmam que são mais de
500.
O que são estas Novas Comunidades?
Primeiro não são religiosos como nós conhecemos, e não vivem
nos conventos, nem atrás de clausura. São os grupos compostos por homens
e mulheres, por clérigos ou leigos, casados, celibatários ou solteiros, que
seguem um estilo particular de vida sob a espiritualidade de um carisma
particular. Eles vivem no mundo (não na clausura ou conventos) guiando-se com
mesmo carisma e vivendo radicalmente o evangelho de Jesus. Quantos destes
trabalham com você no escritório, consultório, no comercio, nas empresas etc.,
(trabalham com você, ao seu lado, sem você até perceber). Eles fazem,
espontaneamente, depois de uma caminhada de preparação, as promessas,
compromissos ou votos de obediência, pobreza e castidade, cada um segundo o seu
estado de vida.
Este estilo de vida guiado por um carisma particular se
chama: Novas Comunidades Cristãs (Continuaremos).
Com o desejo de uma repousante noite, com a minha humilde
oração e a benção. Boa Noite.
Dom Ceslau.
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25/4/2018
O Concílio Vaticano II pedia que a Igreja fosse inserida no
mundo e capaz de atraí-lo para Cristo. Ao mesmo tempo que a Igreja desse a
resposta aos desafios de seu tempo.
O Papa São João Paulo II, na Vigília de Pentecostes de 1998,
chamou as Novas Comunidades de “providencial resposta do Espírito”. Isso
porque, através das Novas Comunidades, leigos que se consagram a Deus a partir
de um carisma vivem o seu Batismo de forma autêntica num mundo cada dia mais
secularizado.
Foi precisamente o Papa São João Paulo II que sublinhou a
importância das Novas Comunidades Cristãs no seio da Igreja. E o Papa Bento XVI
deu continuidade à iniciativa de seu antecessor. Desde o Concílio Vaticano II,
depois as Conferencias Latino Americanas, principalmente de Santo Domingo, nas
Diretrizes da Ação Evangelizadora do Brasil da CNBB, Igreja proclama o
protagonismo dos leigos. E tudo isto foi o incentivo para o surgimento das
Novas Comunidades, e muitas vezes de iniciativa dos próprios leigos.
(continuará). Com a benção e oração. Uma Boa Noite.
Dom Ceslau.
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26/4/2018
A Conferencia de Aparecida reconhece e valoriza as Novas
Comunidades. Lemos: “Os novos movimentos e comunidades são o dom do Espírito
Santo para a Igreja. Nelas, os fieis encontram a possibilidade de se formar
cristãmente crescer e comprometer-se apostolicamente até ser verdadeiros
discípulos missionários” (Ap. 311).
No sequencia fala: “Os movimentos e novas comunidades
constituem valiosa contribuição na realidade da igreja particular” (nas
dioceses). Por sua própria natureza, expressam a dimensão carismática da Igreja
(...) “nova comunidades são uma oportunidade para muitas pessoas afastadas
possam ter uma experiência de encontro vital com Jesus Cristo e assim recuperar
a sua identidade batismal e a sua ativa participação na Igreja” (Ap. 312).
Assim as Novas Comunidades, são o sopro do Espirito Santo
quando vivem o seu carisma, mas na unidade com a Igreja diocesana, não só de fé
mas também de ação. Por isso, para que estas comunidades tenham maior força
evangelizadora precisam do discernimento e a aprovação do bispo diocesano, e
caso já saírem das fronteiras da diocese e até do país, da Santa Sé.
Com a minha benção e oração. Uma repousante noite.
Dom Ceslau.
27/4/2018
Eis algumas Novas Comunidades mais conhecidas entre nós: A
“Canção Nova”, de inspiração de Mons. Jonas Adib, que após o estudo da
Exortação Apostolica do Papa Paulo VI sobre a Evangelização: Evangeli
Nuntiandi, e depois de ouvir o desejo do Dom Afonso de Miranda (hoje com 98
anos!), na época bispo de Lorena SP, de encontrar alguma forma para uma nova
evangelização dos jovens, teve uma luz. Reuniu jovens, e lançou o desafio:
Precisamos catequizar e evangelizar.
Desta decisão assumida corajosamente em 1978, por ele e
pelo grupo de jovens, nasceu, com o apoio de Dom Antônio Miranda, a
Canção Nova, cujo carisma é evangelizar, usando os meios de comunicação
acessíveis em cada época. Hoje a Canção Nova tem a disposição para anunciar o
Evangelho: a rede de rádios Canção Nova, a TV Canção Nova, as revistas e livros
da Editora Canção Nova.
A Comunidade foi reconhecida pela Santa Sé. A outra
Comunidade é a Comunidade Shalon, fundada por Moysés Azevedo. A Comunidade
nascida no meio da juventude, com o objetivo de evangelizar os jovens mais
afastados de Deus.
O seu início se deu em Fortaleza em 1982. Várias pessoas
vindas da Renovação Carismática Católica transformaram uma lanchonete em um
meio de atração dos jovens a Deus. Hoje é a maior Nova Comunidade no país, com
mais de 8 mil membros. Esta, já está espalhada pelo mundo inteiro. Tem o
reconhecimento da Santa Se desde 2007.
Admirável é Deus em suas obras. Um boa noite. Com a minha
benção e oração.
Dom Ceslau.
28/4/2018
Encerrando estas reflexões dentro do tema do laicato, sobre
as Novas Comunidades, constatamos que a maioria tem a origem na Renovação
Carismática Católica.
“Na Igreja não há contraste ou contraposição entre o
dinamismo institucional e a dimensão carismática, da qual os movimentos são
expressão significativa, porque ambos são igualmente essenciais para a
constituição divina do Povo de Deus” (Bento XVI) Ap.312).
Da Carismática, nasceu em Itabuna a Comunidade Rainha da
Paz. As jovens Gracinha, sua irmã Márcia e outro ajudavam ao Pe. Edvaldo. Com
tempo elaboraram algumas orientações de ação. Com a minha chegada, ajudei a
organizar a base da sua vivencia isto é o Estatuto – Regra de Vida.
Estruturamos a comunidade, que hoje segue seu curso evangelizando por meio da
música e trabalhos apostólicos na Diocese de Itabuna.
A Comunidade recebeu o reconhecimento e aprovação da
Diocese. Assim já tem o seus “status” juridicamente definido. Da mesma forma
ajudamos a estruturar a comunidade formada (em 1993) pelo Pe. Manuel Carlos de
Jesus Cruz, a Comunidade chamada: Instituto Missionário Amigos de Cristo,
Mensageiros da Paz. Tem como o objetivo e carisma evangelizar os ambientes (as
famílias), e rezar pela paz. Já tem dezenas de membros espalhados pela Bahia e
outros estados. Esta comunidade também tem a aprovação do Estatuto e Regra de
Vida e recebeu o reconhecimento e aprovação diocesana.
Não podemos limitar as ações do Espirito Santo. Ele sopra
quando e onde quer, sempre vai ao encontro das necessidades do povo de Deus.
Com a minha oração e a benção. Boa noite. .
Dom Ceslau.
Dom Ceslau Stanula - Bispo Emérito da Diocese de Itabuna-BA,
escritor, Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL
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