18 de Março de 2018
Alma ardente, contemplativa e cheia de carinho
Plinio Corrêa Oliveira*
Esta foi a melhor estampa de São José que conheci em minha
vida. Trata-se claramente de uma pintura executada por alguém que interpretou
bem o papel de São José, e que soube exprimir isso em uma obra artística de boa
qualidade.
Viajando pela Europa, estive em muitas catedrais e igrejas
famosas onde se encontram imagens de São José. Nunca me deparei com outra que
representasse tão bem a fisionomia espiritual do Santo Patrono da Igreja. Não
são os traços físicos o que importa, mas a fisionomia espiritual do castíssimo
esposo de Maria Santíssima.
Habitualmente os traços apresentados de São José deformam um
tanto aquilo que ele deve ter sido. As imagens correntes dele apresentam um
homem que, à força de ser simples, torna-se um pouco simplório, olhando e
sorrindo à maneira de quem não está compreendendo bem as coisas, a quem falta
firmeza de vontade, e que não é um verdadeiro chefe.
É preciso ressaltar que nas mãos dele Deus entregou o maior
tesouro que houve na Terra, do qual jamais haverá similar na História: Nosso
Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus humanado! É forçoso compreender que Deus
só pode ter designado para isso um homem de alto critério, alta prudência, alto
discernimento e alto carinho. Mas ao mesmo tempo capaz de enfrentar, com
inteligência e força, qualquer dificuldade e qualquer adversário que se lhe
opusesse.
Adversários surgiram logo no início. Conhecemos bem a
perseguição que Herodes quis mover contra o Menino Jesus, o massacre dos
inocentes, a necessidade de fugir para o Egito. Que mentalidade precisava ter
esse homem, que coração, que alma de fogo para guiar através de tantos riscos a
Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora.
Ele era o esposo fidelíssimo de Nossa Senhora. Entre esposo
e esposa é necessário haver certa proporcionalidade. Não pode o esposo ser
demasiadamente superior à esposa; nem a esposa ser desmedidamente superior ao
esposo. Portanto, deveria ser um homem que tivesse proporção com Maria
Santíssima, mas as imagens habitualmente difundidas não exprimem isto.
Entretanto, neste quadro contemplamos São José em sua pobreza,
sua singeleza, um simples operário em Nazaré; mas também um homem de
inteligência, de critério e firme. Não é um sábio, nem universitário. Contudo,
dotado das credenciais para ser depositário dos segredos de Deus. O que é
preciso para isso? Ter alma de fogo, alma ardente, alma contemplativa, alma
cheia de carinho. Por essas razões, gosto muito desse quadro.
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(*) Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio
Corrêa de Oliveira em 22 de março de 1987. Sem revisão do autor.
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