A Academia Brasileira de Letras dá continuidade ao seu ciclo
de conferências do mês de março de 2018, intitulado Guimarães Rosa,
escritor e diplomata, com palestra do escritor e professor Deonísio
da Silva. O tema escolhido foi O julgamento de Zé Bebelo e a Lava Jato. O
Acadêmico Carlos Nejar coordena o ciclo. O evento está programado para
terça-feira, dia 13 de março de 2018, às 17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr.,
Avenida Presidente Wilson 203, Castelo, Rio de Janeiro. Entrada franca
A Acadêmica e escritora Ana Maria Machado,
Primeira-Secretária da ABL, é a Coordenadora-Geral dos ciclos de conferências
de 2018.
Serão fornecidos certificados de frequência.
O ciclo terá mais duas palestras, às terças-feiras, no mesmo
local e horário, com os seguintes dias, conferencistas e temas,
respectivamente: dia 20, Acadêmico João Almino, Guimarães Rosa, do sertão
às fronteiras; e 27, Benito Ribeiro, Rios e Riobaldos.
“O propósito desta breve intervenção, adiantou Deonísio
da Silva, é apontar um caminho porventura insólito para outra leitura do trecho
do julgamento do personagem Bebelo, episódio marcante de Grande Sertão:
Veredas, de João Guimarães Rosa”.
De acordo com o conferencista, “o julgamento do personagem
Zé Bebelo será lido de forma a trazer a luz diáfana da literatura para o ato de
julgar. Todos os que leram a obra de Guimarães Rosa sabem o desfecho do
julgamento do personagem que, derrotado, com as mãos amarradas atrás, faz a
própria defesa em meio a jagunços divididos entre matar e perdoar. Mas,
autorizado por Joca Ramiro, o chefe máximo dos jagunços, que preside o
julgamento, solicita que, para falar, lhe sejam desatadas as mãos e que as
acusações sejam feitas de outro modo: “Rompo embargos! Porque acusação tem de
ser em sensatas palavras – não é com afrontas e insultos”.”
E conclui sua breve explicação: “A referência à operação
designada por “Lava Jato” pela Polícia Federal pareceu oportuna pela presença
de figuras referenciais de qualquer julgamento: o réu, a acusação, a defesa, o
juiz – e por estar ubíqua e diuturnamente em todos os lares, por todos os
meios”.
O CONFERENCISTA
Escritor e professor universitário, Deonísio da
Silva é doutor em Letras pela USP, autor de nove romances, vinte livros de
narrativas curtas e seis livros de ensaios.
De seus romances, Avante, soldados: para trás (publicado
também em Portugal, Cuba, Itália etc.) recebeu o Prêmio Internacional Casa de
las Américas, e Teresa D´Ávila foi levado ao teatro e premiado pela
Biblioteca Nacional. O mais recente é Lotte & Zweig, ambientado nos
anos 40, tendo como personagem solar o escritor judeu-austríaco Stefan Zweig.
(Já publicado também na Itália).
Professor aposentado da UFSCar, Deonísio da Silva foi
vice-reitor da Universidade Estácio de Sá, da qual continua como Professor
Titular Visitante e Diretor do Instituto da Palavra, organismo que fundou ao
transferir-se para o Rio, em 2003.
Vice-presidente da Academia Brasileira de Filologia, Deonísio
da Silva assina colunas semanais de Língua Portuguesa na mídia impressa há
mais de vinte anos, de que é exemplo a de Etimologia na revista Caras,
mantendo, desde 2011, o programa “Sem Papas na Língua”, na rádio Bandnews
Fluminense, na companhia do jornalista Ricardo Boechat, cujo conteúdo é baseado
num de seus livros mais vendidos, intitulado De onde vêm as palavras.
07/03/2018
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