4.2. Os Primeiros Batismos
A
mensagem-semente caiu em boa terra e um grupo residente na região do Boqueirão
e outro na cidade de Itabuna foram os primeiros a conhecer e aceitar a verdade
acerca do Sábado e a Volta de Jesus, em contato direto com os obreiros, ou
indiretamente, por intermédio da literatura. O South American Bulletin – vol.
6, número 6, publicado nos Estados Unidos em 1929, em notícia assinada por W.
H. Wilcox, concluiu que “alguns anos atrás, uns colportores fiéis entraram no
distrito de Itabuna [Tabocas] para vender os nossos livros cheios da mensagem.
Enquanto eles trabalhavam, oravam e diziam ao povo do grande plano da salvação
e corações foram tocados.” Do ponto de vista espiritual, nada pode resistir à
tríade dos céus: mensagem, trabalho e oração!
A cidade de Itabuna, em 1910, três
meses após sua emancipação, recebe oficialmente a mensagem adventista. O pastor
John Lipke, já residindo em Salvador, promoveu aqui uma campanha de
colportagem, pois a igreja objetivava crescer para o norte do país, e viu em
nossa cidade um local interessante para o intento: “Lipke se mudou para a
Bahia, no Nordeste do Brasil, onde evangelizava e vendia literatura”
Os
resultados foram alvissareiros! Lipke conta:
“Enviamos
os irmãos Queiróz e Pedro
Baptista
para Itabuna... onde o Senhor
os
abençoou fartamente nas vendas de
nossos
livros... muitos foram
vendidos”.
Finda a
campanha, duas pessoas são batizadas por ele: Pedro Lima e Joaquim de Souza
Porto.
De Pedro,
não se sabe praticamente nada, além de uma única nota na Revista Adventista,
edição de setembro de 1911. Recebeu instruções teóricas e práticas de Queiróz e Batista, tendo, logo em seguida, adentrado
na colportagem. Já conhecia, inclusive, a verdade acerca do sábado desde 1908,
mas, como não havia outros crentes sabatistas em Itabuna, não se uniu a
qualquer outra congregação. A oportunidade de sua vida surgiu quando da chegada
dos colportores. Lipke afirma que: “quando tomou conhecimento nosso e ouviu que
guardamos o sábado, resolveu ser um membro da nossa igreja”
Dele foi
dito que se dedicou à colportagem, e nada mais. Desapareceram seus registros.
Existe uma lacuna acerca de sua pessoa e dos rumos de sua missão. De todos os
idosos adventistas ainda vivos no eixo Itabuna e Ilhéus, ninguém tem qualquer
informação a prestar sobre sua pessoa. Produziram frutos suas vendas e
atividades? Onde estão seus descendentes? Continuam nas fileiras do evangelho?
Continuou Pedro a andar na fé? Cento e seis anos se passaram e, provavelmente,
quando mais a vida correr pelos trilhos da História, menor a probabilidade de
conhecermos a sua biografia. Fica seu nome como o pioneiro dos pioneiros, o
primeiro de uma dezena de milhar daqueles que se submeteram ao batismo em águas
grapiúnas. Em relação a Joaquim Porto, pela sua proeminência no Adventismo
local e nacional, dediquei-lhe um capítulo inteiro.
A seguir,
transcrevo parte do que foi divulgado pelo periódico mensal adventista naqueles
tempos idos. Acerca de Pedro Lima, John Lipke escreveu: “No fim do mês de
outubro [1910] visitei os irmãos de Itabuna... No dia da minha partida batizei
dois irmãos... Um destes, Pedro Lima, consagrou-se ao serviço de colportagem e
já vendeu um bom número de livros”. Em relação a Joaquim Porto, ele próprio
afirmou: “Fui batizado em outubro de 1911 [1910] na cidade de Itabuna, no estado
da Bahia, entrando para a colportagem em fevereiro de 1912...”.
Depois da
boa receptividade da cidade em relação à literatura, bem como dos resultados
quase que imediatos, implicando dois batismos, Lipke teve que retirar-se para
acompanhar novos empreendimentos evangelísticos. Um bom grupo de indivíduos
ficou motivado em continuar os estudos. “Em Itabuna, havia mais de 15 almas
interessadas, quando tive de partir dali”. Deixou o colportor evangelista
Camilo José Pereira para “desenvolver mais interesse”.
A Review
and Herald, datada de 28 de março de 1912 divulgou que, em Itabuna, algumas
pessoas começaram a guardar o sábado: “A verdade está se espalhando rapidamente
neste campo [Missão Este Brasileira]... Recentemente, através de nossos
colportores surgiram interessados na parte Sul da Bahia... e alguns começaram a
guardar o sábado, em Itabuna...” Uma provável alusão a Pedro Lima e Joaquim de
Souza Porto e àqueles outros 15 interessados.
(A GÊNESE DO ADVENTISMO GRAPIÚNA Cap. 4.2.)
Clóvis Silveira Góis Júnior
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Estas questões motivaram o autor a escrever este livro.
O momento atual exige a produção de uma publicação que
materialize e torne conhecida a história do Adventismo em Itabuna.
O objetivo da obra é resgatar o período mais primitivo do
movimento (1910-1960). O estágio mais recente de nossa história não será
tratado neste momento.
O presente material não pretende ser conclusivo ou
exaustivo, mas uma pequena contribuição para que uma pesquisa mais intensa e apurada seja realizada.”
(Contracapa do Livro)
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