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quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

A GUERRA DO SEQUEIRO DO ESPINHO – José Pereira da Costa


A guerra do Sequeiro do Espinho


            Os anos entre 1916 e 1920 foram para esta região quatro anos de fenômenos e grandes acontecimentos, a começar pelo desenvolvimento principalmente na região do Sequeiro do Espinho, onde o Cel. Misael estava comprando fazendas de cacau, emprestando dinheiro a juros sob hipotecas e reconhecimento de débitos. Como tudo indicava que ia de vento em popa, Misael, aproveitando seu prestígio político, criou ali um distrito de Paz de Ilhéus, intitulado Ouro Preto, e foram também as autoridades componentes daquele distrito membros da família Badaró e seus apresentados.

            Às folhas tantas, os negócios tomaram sentido diferente: política, despotismo e mortes, em virtude das liquidações daquelas transações hipotecárias quitadas judicialmente,  se vendo seus auxiliares em polvorosa para conterem  a ira popular, daí aqueles liquidados procurarem justiça, vingança pessoal e até mesmo a intervenção de terceiro, como aconteceu com a intervenção do Cel. Basílio de Oliveira em favor de alguns prejudicados. Estes, com aquelas liquidações, formaram um número tão grande, que o Cel. Basílio precisou facilitar terras de sua Fazenda Corcovado, para o indivíduo começar sua vida, chegando a vez de Francisco Mendes. Chico Mendes se dizendo prejudicado por Sinhô, subdelegado de Ouro Preto, tocalhou-o e feriu-lhe a tiros de repetição. Sinhô, que andava em disparada, conseguiu chegar a Ouro Preto ainda com vida, mandando uma escolta prender Francisco Mendes, vivo ou morto, tendo aquela escolta o encontrado em frente a fazendo do senhor Tomás Barra, embaixo de uma barcaça. Ali Chico Mendes resistiu à prisão, fazendo fogo no grupo, ferindo ainda um dos seus perseguidores, quando acabou sua munição, sendo então baleado, preso e levado amarrado à presença de Sinhô, até a estação da Estrada de Ferro, onde Sinhô se encontrava, aguardando trem especial para lhes conduzir a Ilhéus. Após a chegada daquele transporte especial, Sinhô seguiu levando seu desafeto gravemente ferido, o qual faleceu antes de chegar a Ilhéus, isto em 1º de dezembro de 1917.

            Após este fato as coisas pioraram 90%, visto João Mendes ser conhecido de João Vital, que era seu irmão e chefe supremo das Forças Armadas do Cel. Basílio de Oliveira, tendo o mesmo jurado vingar a morte do irmão.

            Começou então a luta armada e as funestas consequências inacreditáveis. Certo dia foi invadida a loja do senhor Manuel Inácio, no lugar Vinhático, onde aqueles invasores pertencentes ao grupo de Sinhô Badaró que, além de levar o que quiseram, ainda depredaram aquele estabelecimento comercial, espalhando pelo terreno baldio tudo quanto ali existia, inclusive tecidos, travando-se luta armada.

            Sinhô, apesar de ser autoridade policial e estar com a situação política, tinha a minoria armada e também a opinião pública. Daí se registrar diariamente vitórias e mais vitórias para o lado de Afonso Martins, Antônio Olímpio, Brás Damásio e João Vital, generais e chefes das Forças Armadas do Cel. Basílio de Oliveira, quando se aproximou o dia fatal da vitória. Naquele dia, foi lançado todo o poderio de parte a parte. Ao lado do Sinhô estava Miguel Deiró, com  830 homens armados, e do Cel. Basílio 1.300, começando o fogo decisivo no lugar Sequeiro Grande, registrando-se maiores perdas, a todo instante, das forças de Miguel Deiró, quando pela retaguarda deste foi cortado o fornecimento de munição. Deiró levanta bandeira branca, mesmo assim foi preso, e desarmado com seus 360 homens restantes. Colocado sob o mourão de uma cancela, Deiró assistiu ao impiedoso massacre de todos os seus homens. Logo após a chacina, Deiró foi amarrado de cabeça para baixo e aberto em bandas, assistindo, ainda com vida, seu fato cair.

            Terminada aquela luta, em fins de 1919, Alberto Lopes, voltando, encontrou suas forças e deu ordens expressas para a captura de Zenique*, vivo ou morto. Perseguido dia e noite, este viajou com destino ignorado, até que Lopes se retirasse da região.

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*Zenique – era comprador de briga, valentão. Sempre envolvido em desordens.


(TERRA, SUOR E SANGUE – HISTÓRIA DA REGIÃO CACAUEIRA, Cap. X)

José Pereira da Costa

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Um comentário:

  1. nao sei de onde tirou esta historia ridicola pois sinho badaro faleceu de febre espanhola

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