“Pray for Barcelona!”
20 de agosto de 2017
José Carlos Sepúlveda da Fonseca
Mais um atentado islâmico, covarde, brutal e cruel. Desta
vez em Barcelona, contra transeuntes de várias nacionalidades que,
despreocupados, numa ensolarada tarde de verão, desfrutavam do lazer no famoso
calçadão de Las Ramblas, na capital da Catalunha.
Terroristas planejavam grande atentado
Ao volante de uma van, um terrorista islâmico irrompeu numa
corrida louca no calçadão e, ao longo de 500 metros, atropelou a esmo quem
estava diante de si, inclusive crianças e bebês. 13 mortos, mais de 100
feridos, 15 dos quais em estado grave.
Um segundo ataque, poucas horas depois, se deu em Cambrilis,
Tarragona. Um outro veículo, conduzido por terroristas, também foi jogado sobre
pedestres, ferindo sete pessoas, uma das quais veio a falecer. A polícia abateu
os cinco terroristas.
Na noite anterior aos atentados, uma explosão se dera numa
casa em Alcanar. As forças de segurança espanholas creem que a mesma foi fruto
da manipulação de substâncias com as quais os terroristas preparavam um
grande atentado com veículos-bomba. Após a falha, improvisaram os ataques da La
Rambla e Cambrilis.
Estado Islâmico reivindica
A Catalunha é conhecida pelos serviços secretos europeus
como um dos principais centros do terrorismo islâmico. E as ações terroristas
de atropelar pedestres repetiram a estratégia dos atentados em Nice, Berlim,
Londres, Estocolmo.
A dantesca visão de cadáveres e de corpos feridos jogados na
calçada correu o mundo, gerando espanto e confusão. E, evidentemente,
tiveram início as reações. As de costume. As indecisões, as dúvidas… sobre
aquilo que não é indeciso nem duvidoso. Por fim, o Estado Islâmico reivindicou
os atentados como atos de seus “soldados” em solo espanhol.
“Pray for Barcelona”
As páginas das redes sociais começaram a encher-se de fotos
com os dizeres “pray for Barcelona”, como já tinha acontecido anteriormente nos
diversos atentados: “pray for Nice”, “pray for London”, etc. E, claro, pouco
depois não faltariam as flores e as velas no local do massacre.
A prece é algo de muito precioso e até sublime, fora de
dúvida. Mas tenho impressão de que essas preces são, muitas vezes, mencionadas
com o estado de espírito de certas crises de lágrimas e de soluços
humanitários, momentâneos, mas sem maiores consequências: um modo de acalmar a
consciência para, logo em seguida, prosseguir no indiferentismo e na rotina do
dia-a-dia. Afinal a maneira de fugir da dor é muitas vezes anestesiar-se diante
dela; e o meio pode muito bem ser uma prece mecânica e filantrópica.
“Vigiai e orai”
Ora Nosso Senhor, nos momentos que antecederam sua Paixão,
ensinou-nos: “Vigiai e orai, para não entrardes em tentação”. “Vigiai e
orai”. Este apelo à vigilância, antes mesmo da oração, é uma advertência contra
nossa índole despreocupada e bonacheirona, amiga de pactuar, adversa ao esforço
e a considerar de frente o mal. Ele nos ensinou, pois, antes de tudo a
vigiar, para não entrarmos em tentação, já que o mal não recua diante de nada e
não recuou sequer ao matar o Homem-Deus, o Inocente por excelência.
“Vigiai”: diante do mal, todas as desconfianças são
rigorosamente necessárias, já que é ele capaz até mesmo das piores infâmias.
Contra ele devem empregar-se todas as atitudes preventivas, inclusive de força,
conformes à Lei de Deus e dos homens. O otimismo bobo, o não considerar o
perigo, o adiar o combate ao mal são verdadeiros crimes de quem não quer
vigiar. E nossa oração só atingirá todo o seu fruto se vigiarmos, como nos
ensina o Divino Redentor.
Paganismo insolente
Diante do atentado terrorista islâmico de Barcelona não
fechemos os olhos, uma vez mais, apelando a uma prece vaga. Tenhamos coragem de
ver o perigo, de analisá-lo, de enfrentá-lo com sabedoria e fé. O Islã,
que hoje procura o Ocidente para se refugiar de seus próprios fracassos
políticos, sociais e econômicos, se manifesta em muitos de seus elementos “como
um paganismo insolente, opressivo, xenófobo e com ares racistas”, como com
previdente vigilância advertia, em 1943, Plinio Corrêa de Oliveira, em um
de seus célebres artigos no “Legionário” (cfr. “Neopaganismo”, 8-8-1943).
Não nos esqueçamos de que o mal é de tal forma ardiloso que
não se esquiva sequer de usar suas máquinas de propaganda para tentar
justificar os assassinos, diminuir a gravidade dos atos terroristas, escamotear
seus fundamentos, enquanto, manipulando palavras e termos “talismãs” –
como “islamofobia” – tenta inibir qualquer reação e voltar a desconfiança
contra as próprias vítimas da barbárie.
Sim, “pray for Barcelona”. Mas não nos esqueçamos das
palavras de Nosso Senhor: “Vigiai e orai”, para que nossas preces não sejam
vãs.
* * *
Acabo de receber de um amigo a fotografia da estátua del
“Mio Cid”, Rodrigo Díaz de Vivar, o lendário cavaleiro castelhano do século XI
que enfrentou os muçulmanos por diversas vezes. Segundo reza a lenda, às
vésperas de uma batalha contra os infiéis, “El Cid Campeador” faleceu de
ferimentos em seu castelo de Valência. Seus adversários ficaram confiantes pois
haviam finalmente matado o El Cid. Entretanto, sua mulher mandou amarrar seu corpo
ao cavalo e sua espada a sua mão e o enviou ao campo de batalha. Ao ver El Cid
em cima do seu cavalo os muçulmanos fugiram em debandada sendo perseguidos e
derrotados pelo exército de Rodrigo.
Numa das faces do pedestal da estátua de “El Cid”, na cidade
espanhola de Burgos, está escrito: “O Campeador, levando consigo sempre a
vitória, foi, por sua infalível clarividência, pela prudente firmeza de seu
caráter, e pela sua heroica bravura, um milagre entre os grandes milagres do
Criador”.
Espelhemo-nos no Cid Campeador, um homem que, em relação a
si e ao mal, teve uma “infalível clarividência” e foi vitorioso por seguir o
conselho do Divino Mestre: “Vigiai e orai, para não entrardes em
tentação”!
* * *
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