7 de julho de 2017
Nelson Ribeiro Fragelli
“Os mártires dos três primeiros séculos da Igreja não temiam
as legiões de Roma, nem o martírio. Hoje, na China, os católicos resistentes ao
comunismo, também eles, não temem o martírio. Mas temem Roma. Outra Roma.”
Esta declaração foi feita em Hong-Kong pelo heroico Cardeal
Joseph Zekiun Zen, em entrevista ao jornal italiano “Corriere della Sera” no
dia 3 de julho 2017. Muitos sacerdotes, bispos e leigos escondidos nos
subterrâneos das cidades e nas grutas das montanhas foram martirizados nos
últimos anos. Eles enchem as prisões do Estado chefiado por Xi Jinping.
Xi deseja exercer o controle total sobre a Religião. A
conferência episcopal oficial cumpre as exigências do regime comunista, que
dita suas normas pastorais. O Cardeal Zen escreveu ao Papa pedindo que não faça
concessões ao governo. Roma está por assinar um acordo com os comunistas
reconhecendo os bispos colaboracionistas.
Concessões a governos comunistas não são infelizmente
novidade na Cidade Eterna. Elas atingiram seu auge sob o Papa Paulo VI, quando
o Vaticano, sob o pretexto de distensão com países do bloco comunista como a
Polônia, a Hungria e a Ucrânia, entregava seus rebanhos ao lobo vermelho. Em
face dessa situação, Plinio Corrêa de Oliveira se dirigiu respeitosamente a Sua
Santidade, em declaração pública redigida em abril de 1974 e estampada nos
principais jornais de todos os continentes. Nela ele se declarava, enquanto
líder da corrente conservadora na Igreja e católico fiel à Cátedra de Pedro,
em “estado de resistência” à diplomacia vaticana de concessões ao
comunismo. Roma leu e calou-se. As concessões diminuíram. Em 1989 o Muro de
Berlim ruiu e, com ele, a falácia soviética diante da qual Roma fazia
genuflexão. Queira a Providência Divina conceder em 2017 aos chineses que gemem
sob o tacão de Xi Jinping, força e coragem para dizerem “não” à perseguição
comunista em todas as circunstâncias. O Cardeal Joseph Z. Zen já deu o primeiro
grande passo.
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