19 de junho de 2017
Por Ricardo Bordin, publicado pelo Instituto Liberal
O ex-presidente Barack Hussein venceu o Prêmio Nobel da Paz
na edição 2009, quando mal havia pisado na Casa Branca, por conta, segundo
o comitê norueguês, de seus apelos pelo desarmamento nuclear e “por seu
trabalho pela paz mundial”. Conforme declarado na época pela turma de
Oslo, “muito raramente uma pessoa com a influência de Obama capturou a
atenção do mundo e deu às pessoas a esperança de um futuro melhor.”
Muito raramente também, por certo, um líder do mundo livre
despeja tantos milhares de mísseis sobre o Oriente Médio, enquanto incentiva a
desastrosa Primavera Árabe; fornece tantas armas e recursos logísticos para
milícias armadas da Síria – que compõem, vejam só, o Estado Islâmico; retira as
tropas americanas do Iraque no pior momento possível, contribuindo para
desestabilizar a região; semeia tanto ódio racial e divisão entre as pessoas de
seu próprio país; faz tanta força para desarmar os cidadãos honestos de sua
nação; e o gran finale: decreta a revogação da política do “pé molhado, pé
seco”, a qual garantia residência aos cubanos que conseguissem pisar em
território americano (fugindo da ditadura caribenha) sem o visto.
Apressado come cru mesmo – e concede honrarias àquele que
pôs a (relativa) estabilidade da civilização ocidental em grave risco com sua
postura pusilânime frente aos inimigos da liberdade (especialmente terroristas
muçulmanos) e sua cumplicidade para com globalistas que buscam minar as
soberanias nacionais e governar (e enriquecer) à distância – além, claro, de
ter flertado com o regime sanguinário implantado na ilha mais admirada (a
partir do conforto capitalista) pela esquerda caviar, visando dar nova vida ao
regime opressor dos Castro, que vinha cambaleante após o afastamento de Fidel
de seu posto de “comandante”.
Convenhamos que não dá para considerar tal estapafúrdio uma
surpresa, visto que o falecido terrorista Yasser Arafat – que declarou
abertamente que a OLP planejava “eliminar o Estado de Israel e estabelecer um
Estado puramente palestino” – foi agraciado com o Nobel da Paz em 1994. E como
esquecer do presidente colombiano Juan Manuel Santos levando a premiação em
2016 após empurrar goela abaixo de seu povo um acordo de leniência com
a organização guerrilheira terrorista de inspiração comunista –
autoproclamada guerrilha revolucionária marxista-leninista – conhecida como
FARC?
A imagem do Nobel da Paz poderia restar menos arranhada
depois de tantos episódios insensatos, todavia, se seus encarregados prestassem
atenção no anúncio feito por Donald Trump em Miami esta semana:
Donald Trump anunciou nesta sexta (16) que o acordo feito
entre Barack Obama e a ditadura cubana está cancelado.
“Eu estou cancelando o acordo completamente unilateral da
última administração [Obama] assinado com Cuba”, disse Trump em um comício
realizado em Little Havana, na cidade de Miami, tradicional polo de exilados
cubanos nos Estados Unidos.
Ele ainda lembrou que reforçará o embargo contra a ilha
e que seu governo adotará novas restrições a viagens de americanos para Cuba e
a proibição para empresas norte-americanas de fazer negócios com empresas
cubanas controladas pelas Forças Armadas do país latino-americano.
Em posição diametralmente oposta à indiferença desumana de
Obama, Trump denunciou o que chamou de “natureza brutal” do regime de
Raúl Castro em Cuba. “Em breve alcançaremos uma Cuba livre”, afirmou o
presidente.
Acompanhado pelo vice-presidente Mike Pence, por vários
membros de seu gabinete, pelo governador da Flórida, Rick Scott, por
congressistas de origem cubana como Marco Rubio, Mario Diaz Balart e Carlos
Curbelo e representantes de da comunidade de exilados cubanos, Trump disse que
os dissidentes José Daniel Ferrer e Berta Soler, que não foram autorizados a
viajar para Miami, “estão aqui com a gente.”
“Negociaremos um acordo melhor [com Cuba]”, avisou Trump,
salientando, todavia, que isso será possível somente no caso ocorram avanços
democráticos “concretos”, e a realização de “eleições livres” e a “libertação
de prisioneiros políticos”.
“Quando os cubanos realizarem medidas concretas, estaremos
prontos, dispostos e capazes de voltar à mesa de negociação do acordo, que será
muito melhor “, disse Trump.
“É importante que haja liberdade em Cuba e na Venezuela”,
declarou. Por fim, o presidente agradeceu a comunidade de exilados cubanos por
ser a “voz dos sem voz” e disse que eles fazem a diferença na luta para parar a
perseguição do regime contra os dissidentes e para acabar com a “ideologia
depravada” que existe em Cuba.
Difícil antecipar os desdobramentos de tal medida, mas uma
coisa é certa: os Estados Unidos não mais compactuam nem tampouco fazem vista
grossa para as atrocidades cometidas a poucas milhas de sua costa, e que
motivam seres humanos sedentos por liberdade a arriscarem a vida em embarcações
improvisadas durante fugas desesperadas para longe da “igualdade” socialista.
É esperado, obviamente, que diante da retomada do embargo
comercial, voltarão as mesmas malas de sempre a afirmar que a miséria em Cuba é
“culpa dos Ianques capitalistas” – falácia que pode ser facilmente refutada, da mesma forma
que vão por terra os mitos dos exemplares serviços públicos de Saúde e Educação no
país com 11 milhões de escravos.
Que fique claro, porém, que deixar de prestar apoio ao
governo tirânico de Cuba e ainda, de lambuja, deixar Nicolas Maduro com as
orelhas em brasa, é atitude que não se via partindo da Casa Branca desde que
Ronald Reagan findou seu segundo mandato. Se tal atitude servir de estopim
para, quem sabe, destronar os líderes comunistas da Força Armada Revolucionária
e forçar uma transição para um sistema econômico e político menos controlado
pelo Estado, além de restaurar a democracia, Trump já deveria receber um Nobel
da Paz no ato.
A probabilidade que isso ocorra é mínima, com certeza,
levando em conta que a esquerda hegemônica na mídia e na academia não vão
deixar barato nem mesmo uma eventual indicação de Donald Trump.
Mas que seria merecido, isso seria. Não traria de volta à
vida todas aqueles que padeceram sob o jugo dos revolucionários filhinhos de
papai Che e Fidel, nem tampouco devolveria a dignidade daqueles que foram sob
suas ordens torturados, mas honraria sua memória e seu sacrifício, e ainda
lograria referendar aquele que pode ser o primeiro passo do povo cubano rumo a
uma “Revolução Gloriosa” (quando pela primeira vez, na Inglaterra, foram
colocadas rédeas institucionais no poder do Estado) em plena América Central.
Não será esta a primeira vez, todavia, que um presidente
americano irá engajar-se no embate a regimes comunistas mundo afora, e nem será
a última oportunidade em que tal iniciativa será alvo de críticas vindas
daqueles “preocupados com o avanço dos imperialistas”.
Destacam-se, entre eles, Ronald Reagan e seu programa apelidado de “Guerra nas Estrelas” (que consistia, basicamente, em um significativo aumento dos gastos com Defesa, o que induziu o regime soviético ao colapso derradeiro); Harry Truman, que interveio na Guerra da Coreia – mesmo sob o risco de um possível conflito na região contra as potências China e URSS – e evitou que o os coreanos do sul amargassem uma dominação do vizinho do norte comunista, fomentando um crescimento econômico sem precedentes naquele país asiático; e Lyndon Johnson, que tentou, sem sucesso (devido a influência negativa da cobertura da imprensa americana e a decorrente pressão popular contrária à participação dos Estados Unidos no conflito), impedir o que viria a ocorrer após a retirada das tropas americanas do Vietnã: um massacre do vizinho do sul, com um número de mortes três vezes superior ao registrado durante o confronto entre vietnamitas e EUA.
Enfim, combater o comunismo, ainda que em terras longínquas, equivale a tratar um câncer ainda nos estágios iniciais, aos primeiros sintomas: mais vale prevenir do que remediar, pois com esta ideologia que ceifou tantos milhões de vida não se brinca nem quando ela ainda está em outro hemisfério – o que dirá quando ela, em pleno ano de 2017, ainda viceja no mesmo continente do país notório pela liberdade. Não faz sentido mesmo: que Trump mostre para Raul Castro que não esta de pilhéria. E se o comitê do Nobel da Paz não reconhecer a importância de seu ato, whatever: nós o faremos.
Em Tempo: é de se indagar como seria a vida em uma
eventual Cuba capitalista – e como ela seria retratada para o mundo. Nos moldes
atuais, ela nos serve de eterno alerta de quão terrível é a vida sem liberdade,
e de que não vale a pena, pois, investir em utopias igualitaristas – muito
embora alguns “historiadores” prefiram distorcer fatos e criar
narrativas fraudulentas. Após a queda do comunismo, porém, como seria mostrada
esta nova Cuba, pelas lentes calibradas ideologicamente à esquerda da imensa
maioria de jornalistas, documentaristas, fotógrafos e escritores? Assunto para
o próximo artigo.
Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC,
trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros,
entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré
vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do
Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.
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