Procurador-geral da República enviou mensagem sobre operação
que mira procurador,Temer e Aécio
Márcio Falcão
18 de Maio de 2017
Após deflagrar uma das mais fortes fases da Operação
Lava Jato, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou
mensagem nesta quinta-feira (18/5) para procuradores e servidores da PGR
sobre a nova fase da Lava Jato afirmando que a ação tem um gosto amargo para o
Ministério Público Federal.
Janot esclareceu o pedido de prisão do
procurador Ângelo Goulart devido ao seu suposto envolvimento em
irregularidades com a JBS investigada pela Operação Greenfield. Essa operação
apura esquema de corrupção em fundos de pensão. Goulart teria negociado
propina para vazar informações referentes à JBS. Ele teria repassado
informações privilegiadas à JBS sobre apurações em andamento. O chefe do
MP esclarece que há robustas provas contra o colega.
Além da prisão do procurador, a Lava Jato tem os pedidos de
prisão do senador Aécio Neves (PSDB-MG), do deputado Rocha Loures (PMDB-PR),
considerado braço direito do presidente Michel Temer e seus afastamentos do
mandato. O STF ainda autorizou o afastamento dos políticos de seus mandatos.
Veja a íntegra da mensagem:
“Prezados colegas,
Foi deflagrada nesta quinta-feira, 18 de maio, mais uma fase
do caso Lava Jato, especificamente a partir de investigações que correm perante
o Supremo Tribunal Federal. O sucesso desta etapa, contudo, tem um gosto amargo
para a nossa Instituição.
Há três anos, revelou-se um esquema criminoso que estarrece
os brasileiros. As investigações realizadas pelo Ministério Público Federal e
outros órgãos públicos atingiram diversos níveis dos Poderes da República em
vários Estados da Federação e, aquilo que, até então, estava restrito aos
círculos da política e da economia, acabou chegando à nossa Instituição.
Exercer o cargo de Procurador-Geral da República impõe, não
poucas vezes, a tomada de decisões difíceis. Nesses momentos, o único caminho
seguro a seguir é o cumprimento irrestrito da Constituição, das leis e dos
deveres institucionais. Não há outra forma legítima de ser Ministério Público.
A meu pedido, o ministro Edson Fachin determinou a prisão
preventiva do procurador da República Ângelo Goulart Villela e do advogado
Willer Tomaz. A medida está embasada em robusta documentação, coletada por meio
de ação controlada. As prisões preventivas de ambos foram por mim pedidas com o
objetivo de interromper suas atividades ilícitas. No que diz respeito ao
procurador da República, o mandado de prisão expedido pelo STF foi executado
por dois procuradores regionais da República com o auxílio da Polícia Federal.
Também foram realizadas buscas e apreensões em seus endereços residenciais e
funcionais. Foi pedido ainda o afastamento do procurador de suas funções no
Ministério Público Federal. Determinei também sua exoneração da função de
assessor da Procuradoria-Geral Eleitoral junto ao TSE e revoguei sua designação
para atuar na força-tarefa do caso Greenfield.
O membro e o citado advogado são investigados por tentativa
de interferir nas investigações da referida operação, que envolve o Grupo
J&F, e de atrapalhar o processo de negociação de acordo de colaboração
premiada de Joesley Batista.
A responsabilidade criminal do procurador e dos demais
suspeitos atingidos pela operação de hoje será demonstrada no curso do processo
perante os juízos competentes, asseguradas todas as garantias constitucionais e
legais.
Como Procurador-Geral da República, cumpri meu dever
institucional e adotei as medidas que a Constituição e as leis me impunham.
Sigamos confiando nas instituições republicanas.”
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