As bodas de ouro da jovem Itabuna
As comemorações dos 50 anos
de Itabuna, no dia 28 de julho de 1960, culminaram definitivamente com a inauguração da Avenida do Cinquentenário. Para marcar a data, o prefeito José de Almeida Alcântara
quis contratar artistas de fora – aquela deveria ser a maior e mais bonita
festa até então realizada na cidade.
No entanto, o projeto, orçado em quatro milhões de
cruzeiros, infelizmente superava em muito as possibilidades financeiras do
município. Assim, Alcântara decidiu criar um grêmio que se encarregasse da
organização do evento, conseguindo reunir o padre Nestor Passos, o artista
plástico Walter Moreira, o vereador Raimundo Lima, o historiador José Dantas de
Andrade, o fazendeiro José Alves de Menezes, o jornalista Ottoni José da Silva,
o professor Plínio de Almeida, o médico Rayol, dentre outros homens ilustres da
sociedade Itabunense, verdadeiramente engajados no processo de desenvolvimento
da cidade. Cabia ao grêmio, portanto, pensar na efetivação de um evento não
menos importante, porém mais econômico, envolvendo os artistas locais e toda a
comunidade. Do grupo, boas ideias foram brotando. O artista plástico Walter
Moreira idealizou um grande desfile com carros alegóricos, onde seriam
apresentados temas ligados à história da cidade. O vereador Raimundo Lima (um
dos maiores oradores da história de Itabuna), ficou encarregado de preparar um
discurso. O historiador José Dantas de Andrade incumbiu-se de uma coletânea com
fotos da cidade e das famílias tradicionais. O jornalista Ottoni Silva assumiu
toda a parte de divulgação, nos meios de comunicação da época. Voluntariamente
cada um tomou para si uma tarefa.
A proclamada festa em
comemoração ao meio século de existência da próspera Itabuna foi um sucesso
quase que total (isso porque uma chuvinha constante conseguiu tirar um pouco do
brilho dos espetáculos – situação irremediável para a grande equipe dos
organizadores!!), tendo sido iniciada às cinco da manhã com a alvorada em
frente à Matriz de São José, missa solene, saudação oficial do Tiro de Guerra
126, hasteamento da bandeira e até a apresentação da Esquadrilha da Fumaça. No
entanto, os festejos culminaram com o desfile dos doze carros alegóricos na
Avenida do Cinquentenário. Decorados pomposamente, eles abordavam a vida dos
tropeiros e pioneiros, bem como a vida do Arraial e Vila de Tabocas, as tribos
Pataxós e Camacãs, por fim, aspectos sociais, econômicos e históricos da
cidade. Todo o material, desenhado e pintado pelo artista Walter Moreira,
embora iniciado com grande antecedência, só ficou mesmo pronto minutos antes do
grande desfile, devido à enorme riqueza de detalhes, dos quais o artista não
quis abrir mão. O carro principal de todo o cortejo trazia à frente um busto de
barro do Comendador Firmino Alves, esculpido pelo próprio Walter Moreira.
O Cinquentenário tornara-se
um grande acontecimento, feito para e pela comunidade. Todos participaram de
alguma forma, criando uma situação propícia para a tal festividade. Para os
itabunenses, os cinquenta anos de existência da cidade tinham um grande
significado. De acordo com a publicação do Jornal Diário de Itabuna, do dia 28
de julho de 1960, Itabuna prosperara prodigiosamente num período de tempo
relativamente curto, obtendo o segundo lugar entre os municípios mais populosos
do Estado baiano (perdendo somente para a capital), com uma população de
147.780 habitantes, sendo que a população da cidade atingia os 25.351
habitantes, de acordo com o recenseamento geral de 1950.
Contava com um aeroporto, vários bancos, uma agência do
Instituto de Cacau, duas estações radiofônicas, hospitais, escolas, clubes
recreativos e sociais, uma empresa de ônibus, dois jornais diários, quatro
cinemas, duas grandes fábricas (a de biscoitos Tupy e de colchões de mola
Iracema), além de uma pluralidade de vários outros setores. Para orgulho de todos,
a cidade tornara-se o pólo de crescimento de todo o sul baiano, atraindo
profissionais liberais e investidores agrícolas. A “Princesinha do Sul” vivia o
seu boom, usufruindo os bons frutos do presente e sonhando com um futuro
promissor. Aos cinquenta anos, nos belos “anos dourados”, Itabuna tinha mesmo
bons motivos para comemorar.
Do livro ITABUNA HISTÓRIA E ESTÓRIA de Adriana Dantas Andrade-Breust
Editus - Editora da UESC
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