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segunda-feira, 20 de março de 2017

HISTÓRIA DE ITABUNA: AS BODAS DE OURO DA JOVEM ITABUNA

As bodas de ouro da jovem Itabuna


      As comemorações dos 50 anos de Itabuna, no dia 28 de julho de 1960, culminaram definitivamente com a inauguração da Avenida do Cinquentenário. Para marcar a data, o prefeito José de Almeida Alcântara quis contratar artistas de fora – aquela deveria ser a maior e mais bonita festa até então realizada na cidade.

      No entanto, o projeto, orçado em quatro milhões de cruzeiros, infelizmente superava em muito as possibilidades financeiras do município. Assim, Alcântara decidiu criar um grêmio que se encarregasse da organização do evento, conseguindo reunir o padre Nestor Passos, o artista plástico Walter Moreira, o vereador Raimundo Lima, o historiador José Dantas de Andrade, o fazendeiro José Alves de Menezes, o jornalista Ottoni José da Silva, o professor Plínio de Almeida, o médico Rayol, dentre outros homens ilustres da sociedade Itabunense, verdadeiramente engajados no processo de desenvolvimento da cidade. Cabia ao grêmio, portanto, pensar na efetivação de um evento não menos importante, porém mais econômico, envolvendo os artistas locais e toda a comunidade. Do grupo, boas ideias foram brotando. O artista plástico Walter Moreira idealizou um grande desfile com carros alegóricos, onde seriam apresentados temas ligados à história da cidade. O vereador Raimundo Lima (um dos maiores oradores da história de Itabuna), ficou encarregado de preparar um discurso. O historiador José Dantas de Andrade incumbiu-se de uma coletânea com fotos da cidade e das famílias tradicionais. O jornalista Ottoni Silva assumiu toda a parte de divulgação, nos meios de comunicação da época. Voluntariamente cada um tomou para si uma tarefa.

      A proclamada festa em comemoração ao meio século de existência da próspera Itabuna foi um sucesso quase que total (isso porque uma chuvinha constante conseguiu tirar um pouco do brilho dos espetáculos – situação irremediável para a grande equipe dos organizadores!!), tendo sido iniciada às cinco da manhã com a alvorada em frente à Matriz de São José, missa solene, saudação oficial do Tiro de Guerra 126, hasteamento da bandeira e até a apresentação da Esquadrilha da Fumaça. No entanto, os festejos culminaram com o desfile dos doze carros alegóricos na Avenida do Cinquentenário. Decorados pomposamente, eles abordavam a vida dos tropeiros e pioneiros, bem como a vida do Arraial e Vila de Tabocas, as tribos Pataxós e Camacãs, por fim, aspectos sociais, econômicos e históricos da cidade. Todo o material, desenhado e pintado pelo artista Walter Moreira, embora iniciado com grande antecedência, só ficou mesmo pronto minutos antes do grande desfile, devido à enorme riqueza de detalhes, dos quais o artista não quis abrir mão. O carro principal de todo o cortejo trazia à frente um busto de barro do Comendador Firmino Alves, esculpido pelo próprio Walter Moreira.

      O Cinquentenário tornara-se um grande acontecimento, feito para e pela comunidade. Todos participaram de alguma forma, criando uma situação propícia para a tal festividade. Para os itabunenses, os cinquenta anos de existência da cidade tinham um grande significado. De acordo com a publicação do Jornal Diário de Itabuna, do dia 28 de julho de 1960, Itabuna prosperara prodigiosamente num período de tempo relativamente curto, obtendo o segundo lugar entre os municípios mais populosos do Estado baiano (perdendo somente para a capital), com uma população de 147.780 habitantes, sendo que a população da cidade atingia os 25.351 habitantes, de acordo com o recenseamento geral de 1950.
       
      Contava com um aeroporto, vários bancos, uma agência do Instituto de Cacau, duas estações radiofônicas, hospitais, escolas, clubes recreativos e sociais, uma empresa de ônibus, dois jornais diários, quatro cinemas, duas grandes fábricas (a de biscoitos Tupy e de colchões de mola Iracema), além de uma pluralidade de vários outros setores. Para orgulho de todos, a cidade tornara-se o pólo de crescimento de todo o sul baiano, atraindo profissionais liberais e investidores agrícolas. A “Princesinha do Sul” vivia o seu boom, usufruindo os bons frutos do presente e sonhando com um futuro promissor. Aos cinquenta anos, nos belos “anos dourados”, Itabuna tinha mesmo bons motivos para comemorar.
 
Do livro ITABUNA HISTÓRIA E ESTÓRIA de Adriana Dantas Andrade-Breust
Editus - Editora da UESC


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