Total de visualizações de página

sábado, 18 de fevereiro de 2017

TERRAS DO SUL – Helena Borborema

Terras do Sul


            Quando iniciado o povoamento das terras que iriam mais tarde constituir o Município de Itabuna, era toda essa vasta região conhecida pela denominação de “Sul”. Assim a chamavam os sergipanos, os sertanejos e todos os demais pioneiros que para aqui demandavam em busca de novas e melhores condições de vida. Terras férteis, propícias à lavoura, cortadas de cursos dágua perenes, povoamento nascente, eram uma boa opção para quem desejava fazer futuro.

            Nestas  páginas estão contados de maneira sucinta e despretensiosa alguns fatos da vida da região. Uns são reais, é evidente, como quando falo no povoamento da terra, nos pioneiros plantadores de cacau, na ação dos jagunços, na formação da cidade. Outros são simples criação, são casos que não aconteceram, mas que bem poderiam ter sucedido.

            Como os titãs mitológicos que quiseram conquistar  o céu de assalto, os personagens da nossa história regional foram também gigantes que se dispuseram pelo trabalho, pela bravura ou violência, atingir o céu das suas ambições – o poderio socioeconômico. Cada um lutou a seu modo. Foi uma batalha renhida, muitas vezes cruenta e feroz. Armados de facão, do machado, do podão, da enxada, do rifle e da “repetição”, a luta foi brava, mas no fim, a escalada foi feita. Dominada a natureza, vencidos percalços, aquele ideal tornou-se realidade. E aqui está ele representado na nossa força econômica, na nossa lavoura, no nosso povo empreendedor, na nossa já chamada “civilização do cacau”, cujas bases se assentam na coragem de homens fortes, no sacrifício de muitos, na violência de outros, mas na audácia de todos que nos primórdios da nossa formação histórica, implantaram-se nessas TERRAS DO SUL baiano, dispostos a vencer ou morrer.

            Fatos ocorreram nesse pedaço de chão, hoje estórias esquecidas: o sacrifício anônimo dos plantadores de cacau, daqueles que com coragem sofreram e batalharam pela sobrevivência e pela posse do quinhão conquistado.

            Há a página negra do cangaço, dos assalariados da morte, mas há a página dos corajosos pioneiros, dos desprendidos, dos idealistas que plantaram sementes, não só o grão que a terra iria  produzir, mas de ideais que mais tarde enriqueceriam  e fortaleceriam um povo nascente. Cada um a seu modo foi um batalhador. Cada personagem teve a sua estória, mas todos eles fizeram nossa a história das TERRAS DO SUL.

(TERRAS DO SUL)
Helena Borborema
---------------
            Aí está, portanto, “TERRAS DO SUL”. Simples, mas pleno de emoção e humanidade, querendo inscrever no tempo a história de uma gente, o caminho de um rio, a esperança de uma professora que crê no homem e na terra.
            Itabuna, junho de 1990.
           
            Margarida Cordeiro Fahel
            (Professora titular de Literatura Brasileira da Fespi)
-----------------

HELENA BORBOREMA - Nasceu em Itabuna. Professora de Geografia lecionou muitos anos no Colégio Divina Providência, na Ação Fraternal e no Colégio Estadual de Itabuna. Formada em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia de Itabuna. Exerceu o cargo de Secretária de Educação e Cultura do Município. (A autora)
“Filha do Dr. Lafayette Borborema, o primeiro advogado de Itabuna. É autora de ‘Terras do Sul’, livro em que documento, memória e imaginação se unem num discurso despretensioso para testemunhar o quadro social e humano daqueles idos de Tabocas. Para a professora universitária Margarida Fahel, ‘Terras do Sul’ são estórias simples, plenas de ‘emoção e humanidade, querendo inscrever no tempo a história de uma gente, o caminho de um rio, a esperança de uma professora que crê no homem e na terra’” (Cyro de Mattos).

* * *

Nenhum comentário:

Postar um comentário