Pânico no Montepio
(Humor)
Em 1930, alguns dias após a vitória da revolução, houve em
Itabuna uma reunião na sede da Sociedade Montepio dos Artistas para se tratar
de assuntos relativos aos preenchimentos dos cargos públicos, abandonados pelos
seus titulares.
A esta reunião compareceram
os representantes de todas as classes, autoridades militares e também um
contingente de atiradores do tiro de guerra 500 de ilhéus, sob o comando do
tenente Astor Badaró.
No decorrer da reunião,
surgiram algumas discussões acaloradas, com os ânimos um pouco exaltados.
Justamente numa destas ocasiões, um dos atiradores notando que o seu fuzil
estava com o ferrolho aberto tratou de consertá-lo, sendo que para isso teve de
fazer a devida manobra. Ouvindo o barulho característico da manobra do fuzil, o
tenente Astor, inadvertidamente, apitou para pedir atenção. foi o bastante para
se estabelecer o pânico no apertado salão do Montepio, sendo inteiramente
impossível evitar-se a debandada dos que ali se encontravam.
Apavorados, enquanto uns
tratavam de sair pelos fundos, galgando os muros e os telhados das casas que
davam para a Avenida Sete de Setembro, outros tentavam sair pela frente.
Logo na entrada do salão,
existia uma grande vitrine, com algumas selas em exposição, obra do artista
seleiro José Cupertino de Sousa Gomes. Com o atropelo, os vidros dessa vitrine
foram os primeiros que se quebraram, causando ferimentos em alguns.
Entretanto, um dos
apavorados, na carreira em que vinha, entrou pela vitrina adentro, julgando que
a mesma fosse a porta de saída. Neste exato momento, uma das selas lhe caiu
sobre as costas e ele julgando que fosse alguém que lhe estivesse embargando a
carreira, investiu forte carregando a sela nas costas até o meio da rua.
José Dantas de Andrade
Documentário Histórico Ilustrado de Itabuna – 1ª Edição -
1968
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