Solenidade de Todos os Santos - 06/11/2016
Anúncio do
Evangelho (Mt 5,1-12a)
— O Senhor esteja convosco.
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de
Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, vendo
Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e
Jesus começou a ensiná-los:
“Bem-aventurados os pobres em
espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados os aflitos,
porque serão consolados.
Bem-aventurados os mansos,
porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que têm
fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os
misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de
coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que
promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que são
perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus!
Bem-aventurados sois vós,
quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem todo tipo de mal
contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a
vossa recompensa nos céus”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós,
Senhor.
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Ligue o vídeo
abaixo e acompanhe a reflexão do Pe. Paulo Ricardo:
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Santidade: presença misericordiosa
“Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão
misericórdia” (Mt 5,7)
A
liturgia deste domingo nos motiva a fazer memória dos Santos e Santas, aquelas
pessoas que, conhecidas ou anônimas, são presenças inspiradoras para nós que
buscamos viver o seguimento de Jesus Cristo com mais autenticidade. Ao mesmo
tempo, esta festa vem nos recordar a vocação à qual todos somos chamados:
vocação à santidade. E santidade significa, na sua essência, ser presença
misericordiosa.
Para
Jesus, a Santidade é fundamentalmente a atitude e o modo de agir que deixa
fluir os mesmos sentimentos e a mesma ação de Deus Pai: “Sejam misericordiosos
como o Pai é misericordioso” (Lc 6,36).
O
chamado a prolongar o proceder misericordioso de Deus (sua Santidade), sempre
tem um “mais” de amor, de paz, de mansidão, de justiça, de consolação...,
recebido e vivido na relação com os outros, dentro do acontecer cotidiano e
imprevisível da vida.
Portanto,
é nas bem-aventuranças que encontramos um “modo de proceder” que nos faz
crescer na direção da Santidade de Deus. É na vivência das bem-aventuranças que
deixamos transparecer o que há de mais divino em nós; ao mesmo tempo, elas
fazem emergir o que há de mais humano em nossas vidas.
A
plenitude do humano só se alcança no divino, que já está presente em nós. Ser
santo(a) é aspirar ser mais humano a cada dia, destravando e expandindo o amor
que Deus derramou em nosso interior.
Quando
acreditamos que para ser santo(a) temos de anular os sentidos, reprimir os
sentimentos, submeter a vontade, centrar a vida nas renúncias e sacrifícios…
nós estaremos nos desumanizando.
Quando
colocamos a santidade no extraordinário, estamos nos afastando da referência
evangélica. Se cremos que santo é aquele que faz o que ninguém é capaz de
fazer, ou deixa de fazer aquilo que todos fazem, já caímos na armadilha do
ideal de perfeição. E a perfeição não justifica e nem salva o ser humano. Não
fomos chamados para sermos “perfeitos” mas para sermos “santos”; e a santidade
é vivida em meio às fragilidades e limitações da vida cotidiana, inspirando-se
sempre na santidade de Deus.
É na medida que nos fazemos mais humanos que mais nos
santificamos. Ser santo(a) é ser humano(a) por excelência.
As
bem-aventuranças desvelam o verdadeiro rosto do(a) santo(a). Quem é ditoso(a)?
Quem é bem aventurado(a)? Quem é feliz? Dizer que são felizes os pobres, os que
choram, os mansos, os misericordiosos, os que tem fome e sede de justiça, os
perseguidos... é um contra-senso para o nosso contexto social, onde ditoso é
aquele que mais acumula bens, que tem mais poder, mais prestígio..., sem se
preocupar com a situação dos outros.
Só
conhecendo a intenção de Jesus é que poderemos descobrir o sentido das
bem-aventuranças. Só descobrindo o que há de Deus em nós, poderemos cair na
conta do verdadeiro sentido da santidade. Não bastam os meros sentimentos interiores,
mas é preciso atitudes práticas que nos fazem sair de nós mesmos e nos movem
ativamente ao encontro do outro.
Poderíamos
dizer que as Bem-aventuranças são a quinta-essência do seguimento de Jesus.
Jesus,
ao subir o monte das bem-aventuranças, promulga seu programa de “felicidade e
ventura”.
Ele
compreendeu que o meio mais eficaz e mais direto para nos aproximar de Deus, e
para que cada um se realize como ser humano que é, não é estabelecer proibições,
mas fazer propostas que mais e melhor se harmonizem com nossa condição humana,
com aquilo que mais desejamos.
O
Evangelho, a “boa notícia”, é o tesouro que enche o ser humano de uma
felicidade indescritível. Com efeito, a primeira característica que aparece nas
bem-aventuranças é que o programa de vida que Jesus nos confiou é um programa
para alcançar a felicidade, a vida ditosa, prazerosa, bem-aventurada. Na boca
de Jesus brilha sempre a palavra chave: “Felizes”.
As
bem-aventuranças não são leis para simplesmente evitar o mal, mas o potencial
humano que, quando ativado, espalha criativamente, por todos os lugares, a
Bondade e a Beleza divinas. Expressam, de modo conciso e explícito, o
coração mesmo de Jesus e seu desejo ardente de contagiar a todos os que se
encontravam com Ele. A felicidade proclamada era já uma realidade presente na
Sua pessoa e na Sua missão.
Jesus
nos convida a viver uma felicidade que já está em marcha. A vida é movimento e
as bem-aventuranças possibilitam a passagem de uma vida suportada para uma vida
plenamente assumida.
Nelas,
Jesus nos desperta para sairmos de nossa paralisia e fixação, colocando-nos em
marcha através de nossa fome e sede de justiça, através dos lutos que temos de
superar e das oposições que temos de enfrentar, através da mansidão, da busca
da paz…
O
núcleo do ensinamento de Jesus está na quarta e quinta bem-aventuranças. A
atitude central do discípulo do Reino é a misericórdia e a fome de justiça; uma
fome de justiça que brota da misericórdia, e uma misericórdia que se expande
não no mero assistencialismo, mas na fome e sede de justiça. Convertidas em
principio de felicidade, a misericórdia e a fome de justiça são o dinamismo e o
motor de toda verdadeira humanização; esta é a nota fundante do Evangelho, o
princípio de todo amor cristão, entendido de forma universal, como amor que
cria, ajuda, pacifica, eleva..., enfim, abre um horizonte de sentido.
As
demais bem-aventuranças são como círculos concêntricos que nascem em torno à
atitude fundamental da misericórdia e da fome de justiça.
A
terceira e a sexta bem-aventuranças: de um lado uma pessoa aflita, condoída,
sofredora, com um pesar pela situação do mundo, pela dor das vítimas; ou
seja, a fome e sede de justiça e a misericórdia lhe deixam um certo entristecimento,
compatível com muitas alegrias. De outro lado, essa dor faz com que, aquele que
reage com misericórdia e fome e sede de justiça, tenha o coração limpo: a fome
de justiça vivida com esse tipo de dor limpa o coração. E os corações limpos encontram
a Deus.
A
segunda e a sétima bem-aventuranças: aqueles que tem misericórdia e fome de
justiça são mansos. A mera indignação pode torná-los violentos, mas a
misericórdia os faz mansos, não violentos. E também, precisamente por essa
mansidão, serão atores de paz, serão pacificadores.
E
chegamos ao último círculo desta atitude central: quê acontece com aqueles que
adotam esta atitude? Tornam-se “pobres com espírito”. A fome de justiça e a
misericórdia aproxima-os dos pobres, despoja-os de muitas coisas... Esses são
os pobres pelo Espírito. Eles tem o coração desprendido; por isso se tornam
pobres e, em paralelismo com isso, são perseguidos por causa da justiça.
Texto bíblico: Mt 5,1-12
Na oração:
Marcado pelo espírito das Bem-aventuranças, movido por um olhar novo e um
coração ardente, entre em comunhão com a realidade tal como ela é; sinta o
mundo como “sacramento de Deus” e seja capaz de descobrir e apontar os sinais
de esperança ali presentes; revele uma presença afetiva, marcada pela ternura,
compaixão e por isso geradora de misericórdia; presença comprometida
solidariamente com o Projeto de Jesus, na vivência da mansidão e na busca a
paz...
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Reze as dimensões da vida que estão paralisadas, impedindo-o viver a dinâmica
das bem-aventuranças.
Pe. Adroaldo Palaoro sj
Itaici-SP
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