Consciência Negra e a Luta pela Igualdade Racial
Sione Porto
O importante Dia da Consciência Negra,
comemorado em 20 de novembro, em homenagem à morte do lendário Negro Zumbi,
líder do Quilombo dos Palmares, teve como fato impulsionador o resgate à
memória dos tempos de luta incansável do povo negro pelas igualdade e liberdade
raciais.
O Quilombo de Palmares surgiu no final do
século XVI e se situava na Serra da Barriga, Capitania de Pernambuco,
atualmente território do município de União dos Palmares, a 80 km de Maceió,
capital de Alagoas.
Dele, destacou-se o Negro Zumbi, entregue
ainda criança pelos portugueses ao padre Antônio Melo, que lhe ensinou os
Primeiros Sacramentos e o batizou com o nome cristão Francisco, mas que
retornaria ao quilombo para se tornar um grande guerreiro e um dos maiores
representantes da resistência negra contra a escravidão que vigorava no Brasil
Colônia, razão pela qual nada mais justo do que esse resgate que o Dia da
Consciência Negra proporciona em sua memória.
Lutando bravamente por seus ideais de
igualdade e de liberdade, Zumbi, casado com Dandara, resistiu à pesada
artilharia dos portugueses em campanhas contra o Quilombo dos Palmares de 1680
a 1694. Entretanto, em 20 de novembro de 1695, ao ser traído por um dos seus
comandantes, Antônio Soares, Zumbi foi morto, sendo seu corpo esquartejado e
exposto em praça pública de Olinda. Essa data viria a ser instituída em 2003,
por um lei federal, como o Dia da Consciência Negra.
O preservado Sítio Histórico dos Palmares,
onde Zumbi viveu, foi reconhecido pelo governo federal em 1980 e até hoje nos
premia com a beleza singular do local, onde, além do Observatório, temos um
magnífico viveiro e trilhas exuberantes. Ali, cerca de 20 mil habitantes
viveram, amaram, ensinaram as suas crenças, a sua cultura, e resistiram contra
a escravidão, mesmo sofrendo cruéis e trágicas retaliações.
O certo é que o alijamento da escravidão no
Brasil e no mundo repercutiu por séculos, envolvendo os interesses da
monarquia, elites aristocráticas e senhores de engenho de açúcar e café,
principais recursos da época, mas até hoje persistem os resquícios dessa
tragédia em forma de racismo, preconceito e intolerância que a sociedade
brasileira e a mundial precisam enfrentar.
Racismo é um câncer que deve ser extirpado da
nação brasileira. Infelizmente, vê-se em todos os setores da atividade humana,
como no esporte, educação, saúde, jornalismo, trabalho, arte, cultura, cargos
de poder e gestão pública e privada, enfim, na vida em sociedade.
Ainda assim, temos corajosas figuras que se destacam ou se destacaram por seu talento e combatividade, como o jogador Vinícius Júnior, os cantores Gilberto Gil e Seu Jorge, o escritor
Machado de Assis, o advogado e escritor Luís Gama, o professor e geógrafo Mílton Santos, o ex-lutador Anderson Silva, o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, a jornalista Glória Maria, a professora e escritora Conceição Evaristo, entre tantas personalidades negras da nossa história.
O Dia da Consciência Negra é oficialmente no
dia 20 de novembro, mas a luta é diária e ao longo de todo o ano. É uma luta
não só do povo negro, mas de toda a sociedade brasileira, linda, alegre,
trabalhadora e miscigenada
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Sione Porto é membro da Academia de Letras de
Itabuna (Alita)
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