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segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Nélida

José Sarney


 

A morte de Nélida Piñón é para mim um golpe pessoal, tão estreita era a nossa amizade e tão profunda a admiração que lhe tinha. A conheci quando ainda estreávamos, eu tentando conciliar vocação e destino e ela com os passos largos que a fizeram rapidamente uma das maiores romancistas da língua portuguesa.

Não é preciso fazer um apanhado de sua obra colossal. Baste lembrar os reconhecimentos com nomes que dizem tudo: Juan Rulfo, Rosalía de Castro e Cervantes; ou que ganhou o maior prêmio da literatura espanhola. Sua obra expande-se do romance à memória, do conto ao ensaio, mas mantém-se vinculada a sua natureza de quase-migrante que a manteve brasileira, mas não a desfez galega, e ao seu profundo amor pela literatura.

Convivemos tantos anos… Sempre encarou a vida de frente, com suas circunstâncias, para citar Ortega y Gasset, sempre tirando delas as lições que sabiamente nos passava em sua obra.

Despedimo-nos dela, Marly e eu, com profunda tristeza, sabendo que deixa um imenso vazio na literatura hispano-americana — seu espaço era maior que o da literatura brasileira —, na Academia Brasileira de Letras e no nosso território afetivo. Saudade imensa!

Portal da ABL, 19/12/2022

 

https://www.academia.org.br/artigos/nelida

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José Sarney - Sexto ocupante da Cadeira nº 38 da ABL, eleito em 17 de julho de 1980, na sucessão de José Américo de Almeida e recebido em 6 de novembro de 1980 pelo Acadêmico Josué Montello. Recebeu os Acadêmicos Marcos Vinicios Vilaça e Affonso Arinos de Mello Franco.

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