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quinta-feira, 10 de março de 2022

RUMO E FASES - Paulo Bezerra

 


Rumo e Fases

 

 

Quando eu tinha dez anos

sentava-me na pedra e olhava o mar.

Via navios iluminados

e sonhava com um mundo lá de fora.

E já tinha tanto, no peito, pra dizer.

 

Quando eu tinha quinze anos

sentava-me na pedra e olhava o mar.

Não via mais os navios,

mas sonhava com um mundo lá de fora

e tinha mais coisas, no peito, pra dizer.

 

Quando eu tinha vinte e cinco anos

sentava-me na pedra e olhava o mar.

Não via mais os navios iluminados,

nem sonhava com um mundo lá de fora,

mas tinha, ainda, coisas, no peito, pra dizer.

 

Quando eu tinha trinta e cinco anos

não sentava mais na pedra nem olhava o mar.

Não via os navios iluminados,

nem sonhava com um mundo lá de fora.

Mas já gritava o que tinha, no peito, pra dizer.

 

Às vésperas dos quarenta e cinco anos

não sento na pedra, nem olho o mar.

Não vejo os navios iluminados,

não sonho com um mundo lá de fora,

nem uso palavras pra dizer o que tenho pra dizer.

Apenas vivo, e digo, assim, sem ter palavras,

tudo o que tinha e tenho pra dizer.

 

Paulo Bezerra – Juiz do Trabalho da 19ª Região – AL

(Poema escrito em União dos Palmares)

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O ESTRO QUE ILUMINA O SER – 1ª EDIÇÃO

Paulo Bezerra

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