Rumo e Fases
Quando eu tinha dez anos
sentava-me na pedra e olhava o mar.
Via navios iluminados
e sonhava com um mundo lá de fora.
E já tinha tanto, no peito, pra dizer.
Quando eu tinha quinze anos
sentava-me na pedra e olhava o mar.
Não via mais os navios,
mas sonhava com um mundo lá de fora
e tinha mais coisas, no peito, pra dizer.
Quando eu tinha vinte e cinco anos
sentava-me na pedra e olhava o mar.
Não via mais os navios iluminados,
nem sonhava com um mundo lá de fora,
mas tinha, ainda, coisas, no peito, pra dizer.
Quando eu tinha trinta e cinco anos
não sentava mais na pedra nem olhava o mar.
Não via os navios iluminados,
nem sonhava com um mundo lá de fora.
Mas já gritava o que tinha, no peito, pra dizer.
Às vésperas dos quarenta e cinco anos
não sento na pedra, nem olho o mar.
Não vejo os navios iluminados,
não sonho com um mundo lá de fora,
nem uso palavras pra dizer o que tenho pra dizer.
Apenas vivo, e digo, assim, sem ter palavras,
tudo o que tinha e tenho pra dizer.
Paulo Bezerra – Juiz do Trabalho da 19ª Região – AL
(Poema escrito em União dos Palmares)
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O ESTRO QUE ILUMINA O SER – 1ª EDIÇÃO
Paulo Bezerra
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