Maestro Chiquinho I
E muitas vezes o luar de prata,
Viu-o vagueando pela noite fria.
Peregrino do belo em serenata,
E madrigais a deusa da harmonia.
A febre do talento ensandecia,
O artista em busca da riqueza abstrata
Com a razão, a glória lhe fugia
Cedo vencido pela sorte ingrata.
Vinha às vezes beijar-lhe a testa em fogo,
A musa amante condoída e terna,
Escutando o maestro, a angústia, e o rogo...
E noites solitário a luz da lua,
Da pauta escravo na tortura eterna,
Compunha sinfonias pela rua...
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Maestro Chiquinho II
Pela cidade a banda desfilava,
Na vibração dos dias festivais.
Sonoro o instrumental ao sol brilhava,
Desferindo harmonias marciais.
Na rua, roto, olhar parado, estava,
O Maestro e autor de peças magistrais.
Indiferente ao mundo que o cercava,
Nem mesmo o glória o importava mais.
- E a banda parou! Sentida a mágoa,
Invadiu corações – ninguém resiste,
À comoção que arrasa os olhos d’água.
Na festa agora, o entusiasmo é pouco...
A banda torna a sede, muda e triste:
- O autor do dobrado
estava louco!
Luiz Gonzaga Dias
(IMAGENS MUTILADA)
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