Até que idade se pode permanecer na ativa? O certo é que não existe uma resposta precisa para essa pergunta. Veja-se o caso do escritor e pensador francês Edgard Morin. Ele está completando 100 anos e segue escrevendo, dando ao mundo o resultado de uma experiência que parece não ter fim.
Nelson Motta, em “O Globo”, defende a tese de que o
tempo não se mede pelo calendário, mas pela intensidade. E dá muitos e bons
exemplos, como Marcos e Paulo Sérgio Valle, irmãos da minha professora
Patrícia. A sua inspiração parece infinita.
Falar em termos pessoais nem sempre é o melhor caminho. Mas
não posso deixar de revelar que me sinto inteiraço aos 86 anos de idade. Fruto
talvez de um passado bem vivido de atleta. Recebi um elogio recente do médico
Paulo Niemeyer Filho: “Você tem ossos muito bem constituídos.” E assim
ele pôde operar, com sua competência internacional, a minha lombar que ameaçava
dar mais trabalho do que deveria.
Hoje, apear da idade, estou na plenitude das minhas
atividades profissionais. Sou presidente do Conselho de Administração do Centro
de Integração Empresa-Escola (CIEE) do Rio de Janeiro, oferecendo oportunidades
de emprego a milhares de jovens estagiários e aprendizes. Faço lives e dirijo e
apresento o programa “Identidade Brasil”, no Canal Futura de televisão, com uma
audiência espetacular. Integro os quadros da Academia Brasileira de Letras,
figurando hoje como o seu vice-decano (só perco para o amigo José Sarney).
E estou colaborando com o fraternal amigo Carlos Alberto
Serpa de Oliveira para criar a Academia Brasileira de Cultura, que em breve
estará funcionando na plenitude. A idade só ajuda a ter mais experiência.
Utilizando as virtualidades do tempo, escrevo livros e
artigos semanais para diversos periódicos. O tema é sempre educação, como tenho
feito de forma ininterrupta. E não deixo de dar uma relevante contribuição ao
Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio de Bens e Serviços,
obediente à liderança dos notáveis Ernani Galvêas e Bernardo Cabral. Velho? Nem
pensar…
Jornal Dois Estados, 22/07/2021
https://www.academia.org.br/artigos/um-velho-na-ativa
Arnaldo Niskier - Sétimo ocupante da Cadeira nº 18 da ABL, eleito em 22 de março de 1984, na sucessão de Peregrino Júnior e recebido em 17 de setembro de 1984 pela acadêmica Rachel de Queiroz. Recebeu os acadêmicos Murilo Melo Filho, Carlos Heitor Cony e Paulo Coelho. Presidiu a Academia Brasileira de Letras em 1998 e 1999.
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