29 de dezembro de 2020
Catedral de Westminster (Londres)
Plinio Maria Solimeo
Estudo recente de uma organização de jovens britânicos
afirma que “são muito influentes na conversão de um jovem ao cristianismo
o próprio prédio físico da igreja”. Analisando esse estudo, o Telegraph cita
que “cerca de 13% dos adolescentes disseram que decidiram se tornar
cristãos depois de visitarem uma igreja ou catedral”.
Para o jornal londrino, a “influência do edifício da
igreja na conversão de adolescentes é mais significativa do que a participação
deles em um grupo de jovens, em um casamento, ou o fato de eles conversarem com
outros cristãos sobre a fé”. O estudo sugere que métodos utilizados pela
Igreja, como grupos de jovens, são menos eficazes para atrair adolescentes do
que a oração ou a visita a uma igreja.
O que atrai esses jovens ingleses nas igrejas e catedrais,
muitas delas verdadeiras joias medievais, roubadas ao culto católico durante a
apostasia e o cisma do lúbrico rei Henrique VIII? Na verdade, eles são atraídos
pela beleza da arquitetura, pelo colorido dos vitrais, pelas esguias torres e
cúpulas que desafiam os tempos. Enfim, tudo aquilo que falta nas igrejas
modernas, feias como o pecado…
Isso nos remete a uma questão filosófica. O que pode ser
realmente considerado belo? O Belo é algo subjetivo ou objetivo? Na verdade,
desde a antiguidade, filósofos — o principal deles foi Aristóteles — se
debruçaram sobre o assunto à busca de uma explicação satisfatória. São Tomás de
Aquino, seguindo os passos do filósofo grego, tratou com maestria desse tema em
sua Suma Teológica.
Segundo o Prof. Gabriel Ferreira, ao comentar o Doutor
Angélico, esclarece que ele aponta três condições da beleza: a primeira delas
é integridade ou perfeição do ente. Ou seja, quanto mais o ser for
completo e íntegro de sua natureza; quanto menos lhe faltar para que seja
aquilo que é; portanto, quanto mais perfeito, mais belo será tal ente.
A segunda das condições é o que Santo Tomás chama de proporção
ou harmonia. Que seja proporcional entre suas diversas partes, ordenadas para o
fim que lhe é próprio. Por último, São Tomás acrescenta um traço pouco
explorado, isto é, o brilho, a claridade ou o esplendor. Pois o que é belo
exibe uma espécie de halo que coroa seu grau de perfeição e está de acordo com
ele.
A beleza portanto se encontra naquilo que os sentidos e o
intelecto encontram satisfação e nossos apetites são aplacados. A experiência da
beleza conjura a unidade dos nossos desejos — do intelecto e da vontade — e as
satisfaz, uma vez que o bom e o belo são o mesmo. É essa “satisfação” em
encontrar esse “bom e o belo” que atualmente atrai muitos jovens. Pretendo
voltar ao tema. Até breve.
https://www.abim.inf.br/a-verdadeira-beleza-atrai-a-juventude-i/
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