23.06.2020
Quer dizer, senhores ministros, senhores congressistas,
senhores da imprensa, que democrático, no seu ponto de vista, é o mal nascido e
mal criado “Inquérito do fim do mundo”, ilimitado nos objetivos e raivoso na
condução, sem limites, sem borda e sem tampa?
Quer dizer que democrático é o explosivo coquetel ideológico
dos grupos Antifa, só porque proclamam, contra os fatos e a história, ser “pela
democracia”, apesar de justificarem a violência que habitualmente praticam?
Quer dizer que democrático é o senador Davi Alcolumbre, com
conivência da Casa que preside, sentar-se sobre os insistentes pedidos de
impeachment contra ministros do STF? Será por democrática simetria que um terço
dos senadores é investigado ou responde ação penal no STF em processos que se
arrastam a passos de jabuti, enquanto o inquérito das fake news, que interessa
particularmente ao STF, anda a galope?
Quer dizer que usar a mão pesada do Judiciário para inibir
as manifestações populares de desagrado com a conduta belicosa do STF é conduta
democrática?
Quer dizer que o ministro Celso de Mello se credencia como
magistrado guardião da democracia e do equilíbrio quando compara o Brasil à
Alemanha de Hitler e afirma que bolsonaristas “odeiam a democracia" e
pretendem instaurar uma "desprezível e abjeta ditadura"?
Quer dizer que democrático é o silêncio das ruas bloqueadas
para evitar manifestações populares diante de um Congresso Nacional omisso,
surdo aos legítimos anseios expressos nas urnas de 2018?
Quer dizer que é antidemocrático apontar a chantagem com que
parlamentares de má fama constrangem o governo?
Quer dizer que é antidemocrática a inconformidade popular com o fato de o Congresso, em um ano e meio, não haver votado a PEC que permite a prisão após a condenação em segunda instância? Será, então, democrático desatender a esse clamor pelo fim da impunidade determinada por uma preceito que só agrada bandidos e seus advogados?
Será democrático o STF quando, em eloquentes votos, rejeita
o ideário conservador e liberal que venceu a eleição presidencial?
Será democrático o STF preservar a mentalidade política e as
posições ideológicas próprias da era Lula, quando a maioria da nação já lhe
disse não nas urnas?
Serão democráticos, por fim, o doce e dolente sossego dos
poderosos, o monótono papaguear da grande imprensa, embalados pelo silêncio da
sociedade? Mas não é esse desejado silêncio a própria voz das ditaduras?
_______________________________
* Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
* Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
* * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário