31 de março de 2020
Carlos Sodré Lanna
As palavras que distinguem as várias amplitudes das
epidemias são oriundas do grego. Endemia é uma doença contagiosa que atinge
grande número de pessoas de uma região. Epidemia tem caráter transitório e
atinge uma ou mais localidades. Pandemia é uma epidemia que se propaga em uma
área geográfica internacional, afetando parte da população mundial.
Da Antiguidade até os nossos dias, as epidemias e pandemias
foram quase tão comuns como as guerras e os conflitos políticos. Os registros
mais antigos remontam ao século V a.C., por ocasião da guerra do Peloponeso.
São pouco conhecidas várias epidemias, sobretudo de populações colonizadas
pelos europeus nas regiões da América e da África.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), de franca orientação
esquerdista, é o único órgão credenciado a declarar a existência de uma
pandemia. Depois de alguma relutância, esse rótulo já foi aplicado à pandemia
do novo Coronavírus, que recebeu o nome de Covid-19.
Essa pandemia vem sobressaltando o mundo inteiro, a ponto de
transformar as perspectivas para a vida normal em um “antes e depois”. Muito se
tem dito e escrito sobre ela, sobretudo na grande mídia, gerando um
sensacionalismo com eco em inúmeros governos. Tudo isso parece obedecer a uma
palavra de ordem, e não se pode fugir à impressão de que em algum posto de
comando prevalece o desejo de prolongar o seu ciclo.
Para quê? Talvez a fim de testar o grau de preparação da
humanidade para aceitar uma nova ordem social. Os primeiros indícios dessa
intenção apontam para uma sociedade futura centralizadora, submissa à
vigilância onipresente e aos comandos de informática. E já se pode prever
também que ela seria diametralmente oposta à civilização cristã. É bom lembrar,
a propósito, que a história da humanidade esteve sempre pontuada por doenças
infecciosas que espalharam seus tentáculos pelo mundo, e muitas delas alteraram
o curso dos acontecimentos.
Indicaremos a seguir algumas outras pandemias, que deixaram
impressão duradoura.
1. Praga de Justiniano (541-544)
Um dos sintomas da Praga de Justiniano era a necrose das
mãos
Seu nome é uma alusão ao imperador Justiniano I do Império
Bizantino, também conhecido como Império Romano do Oriente. Considerada a
primeira pandemia da História, ela teve sua origem na Etiópia, de onde se
espalhou por todo o império, causando uma das maiores mortandades epidêmicas.
Segundo estimativas, 60 milhões de pessoas morreram nesse período. A esse
surto de 541 seguiram-se vários outros nos dois séculos seguintes. Assim como a
peste bubônica, a de Justiniano também foi causada pela bactéria Yersinia
pestis, disseminada por roedores cujas pulgas estavam infectadas com a
bactéria. Esses ratos viajavam em navios comerciais ao redor do mundo e faziam
circular a infecção, que era transmitida aos seres humanos pela picada de
pulgas infectadas. Geneticistas indicam que tal bactéria tem sua origem na
China.
2. Peste bubônica (1343-1353)
Conhecida como Peste negra, e também causada pela Yersinia
pestis proveniente da Ásia, foi uma doença terrivelmente mortal, que
se espalhou por toda a Europa entre os anos 1333-1351, através de ratos
infestados de pulgas. Quando chegou à Europa, a peste negra causou grande mortandade,
dizimando em poucos meses a metade da população de Florença, na Itália. As
infecções se espalhavam pelo sangue e por meio de partículas transportadas pelo
ar. Cerca de 80% dos pacientes morriam seis a dez dias após serem infectados. A
taxa de mortalidade foi superior a 70%, ceifando a vida de mais de 50 milhões
de pessoas em toda a Europa.
Soldados de Fort Riley, Kansas, doentes de gripe espanhola,
sendo tratados em uma enfermaria de Camp Funston.
3. Influenza ou gripe espanhola (1918-1920)
Essa pandemia recebeu o nome de “gripe espanhola”, mas,
apesar de atingir fortemente a Espanha — acometendo até mesmo o rei Afonso XIII
—, alguns epidemiológicos afirmam que ela surgiu num hospital de campanha no
norte da França; outros estudiosos, como o historiador Alfred W. Crosby,
garantem que teve origem em Kansas (EUA), num campo de treinamento de tropas
destinadas ao front da Primeira Guerra Mundial; outros ainda
especulam que ela originou na China, como defendeu o Prof. Claude Hannoun, o
principal especialista em gripe espanhola do Instituto Pasteur.
Doentes da gripe espanhola numa enfermaria do Rio em
1918
Seja como for, tal pandemia se espalhou pela Europa e
Estados Unidos, antes de alastrar-se pela Ásia e outras partes do mundo. No
Brasil (então contando com apenas 30 milhões de habitantes), aproximadamente 30
mil pessoas morreram da “gripe espanhola” — vitimando inclusive o então
presidente eleito, Rodrigues Alves. Durante esse período não houve nenhum
medicamento ou vacina capaz de combater essa gripe mortal, o que resultou no
fechamento completo das cidades.
4. Vírus Ebola (descoberto em 1976)
No Congo, senhora atingida pelo ebola sendo levada para
isolamento
O vírus da doença infecciosa Ebola foi descoberto
no fim da década de 70. Seus sintomas mais comuns são dor de garganta, dores
musculares, vômitos, diarreia, sangramentos internos e externos. Matou mais de
11.000 pessoas, e sua simples lembrança ainda hoje causa arrepios. Sua origem é
atribuída ao morcego-da-fruta que propaga o vírus. Propaga-se pelo contato com
fluidos corporais, como saliva, e também por sangue humano ou de outros animais
infectados. A epidemia originou-se na África, primeiramente numa região do Sudão
e no Zaire (atual República Democrática do Congo) e se espalhou para Espanha,
Alemanha e Estados Unidos. Tem alta taxa de mortalidade, que atinge quase a
metade das pessoas que infecta. Demorou dois anos para ser vencido, e suas
conseqüências ainda preocuparam o mundo.
5. AIDS – HIV (de 1981 até os presentes dias)
Vítima da AIDS em 1989
A AIDS
(Síndrome da Imunodeficiência adquirida — em inglês: Acquired
immunodeficiency syndrome) é uma doença infecto-contagiosa que ataca o sistema
imunológico. Transmite-se por fluidos corporais, e se espalhou por relações
sexuais e agulhas infectadas por usuários de drogas. Desde que foi
identificado em 1981, o HIV (vírus causador da AIDS) foi classificado como um
dos problemas de saúde mais graves do mundo, pois ainda não se encontrou sua
cura. No mundo, contraíram AIDS cerca de 75 milhões de pessoas, das quais cerca
de 35 milhões morreram, aproximadamente 40 milhões de pessoas vivem hoje com o
vírus. Segundo vários cientistas, o vírus passou dos primatas aos humanos.
6. Outras pandemias pelo mundo
Dezenas de outras epidemias poderiam ser citadas. Por
questão de espaço, limitamo-nos a enumerar algumas das mais conhecidas: praga
de Atenas (429 a.C.); peste de Antonino (165 a.C.); epidemia de
Cocoliztli, no México (1545); grande praga de Milão (1629); grande praga de
Londres (1664); gripe de Marselha (1720); pandemia de cólera (1846); gripe
russa (1889); poliomielite (1908); gripe asiática (1956); gripe de Hong Kong
(1968); surto do SARS (2002); gripe suína (2009).
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