17 de março de 2020
Pupitre na sede do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira,
decorada pelo próprio Prof. Plinio. O leão à esquerda está lutando contra uma
serpente bicéfala simbolizando o orgulho e a sensualidade, as duas molas
propulsoras da Revolução. E o da direita está enfrentando uma serpente com três
cabeças, em recordação das três Revoluções. Ao centro, a frase “Residuum
revertetur” (O resto voltará). O ano de 1571 evoca a vitória da Cristandade em
Lepanto.
Pe. David Francisquini *
Enquanto processo multissecular de destruição paulatina da
civilização cristã nascida na Idade Média, a Revolução atua em todos os campos
da atividade humana para corroer os fundamentos dessa civilização. Quem o
afirma é o intelectual católico Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro Revolução
e Contra-Revolução: “Claro está que um processo de tanta profundidade, de
tal envergadura e tão longa duração não pode desenvolver-se sem abranger todos
os domínios da atividade do homem, como por exemplo a cultura, a arte, as leis,
os costumes e as instituições”.
Para o mestre da Contra-Revolução “Este inimigo
terrível tem um nome: ele se chama Revolução. Sua causa profunda é uma explosão
de orgulho e sensualidade que inspirou, não diríamos um sistema, mas toda uma
cadeia de sistemas ideológicos. Da larga aceitação dada a estes no mundo
inteiro, decorreram as três grandes revoluções da História do Ocidente: a
Pseudo-Reforma, a Revolução Francesa e o Comunismo”.**
A causa mais profunda da baldeação ideológica de fiéis para
as hostes contrárias à Igreja reside em larga medida na ignorância religiosa e
doutrinária que grassa nos meios católicos. A propósito, recordo-me de que nos
idos de 1960 um jornalista muito arguto, mas pouco fiel à nossa santa fé,
chegou a afiançar que o Brasil não tardaria a se transformar no maior país
ex-católico do mundo.
São Pio X ensina que a debilidade das almas, da qual derivam
os maiores males, provém sobretudo da ignorância das coisas divinas. As obras
da ignorância religiosa são a paganização da sociedade, a germinação de
doutrinas contrárias à fé e a adoção de costumes hostis à nossa santa religião.
Tal ignorância é o resultado da educação deficiente em matéria de moral e
religião, que desde a infância prepara o homem contemporâneo para a aceitação
de doutrinas errôneas. Haja vista a maldita ideologia de gênero que tenta
relativizar uma das maiores obviedades existentes na natureza, a diferença
entre homem e mulher.
Sabemos pelo profeta Isaías que o caminho do ímpio e seus
iníquos pensamentos e obras agridem o Senhor. Deus é generoso para perdoar, mas
desde que haja arrependimento e contrição, pois tão-só aí a alma encontrará a
felicidade, existente apenas dentro da lei divina. Os que se afastam dela e
promovem a iniquidade, seus pensamentos e caminhos não são os de Deus, cujas
cogitações e vias se elevam muito acima deles. O profeta Isaías diz ainda que
assim como a chuva e o orvalho caem do céu para irrigar a terra e fazer
germinar a semente, a palavra de Deus produz o efeito de reconduzir o homem ao
caminho do bem, fazendo frutificar nele os efeitos da virtude.
A mídia revolucionária vomita diuturnamente as mais
escabrosas blasfêmias contra Deus e Nossa Senhora. O mesmo acontece com as
chamadas exposições de “arte”, com filmes e programas de televisão, com escolas
de sambas, com obras literárias etc. Com efeito, a presente etapa da Revolução
não se limita apenas em implantar o socialismo, mas vai muito além, agindo na
alma do homem com a intenção de destruir todos os valores cristãos existentes
nele e na família. De onde o ódio e blasfêmia, cujo fim é o culto ao próprio
demônio.
Não pensem os teimosos revolucionários que conseguirão
implantar o reino satânico desejado pelo príncipe das trevas; não creiam que a
implantação de leis iníquas conseguirá vencer as leis e a obra divinas, porque
paira sobre a Igreja a promessa de que as portas do inferno não prevalecerão.
______________
* Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria –
Cardoso Moreira (RJ).
** Cfr. Leão XIII, Encíclica “Parvenus à la Vingt-Cinquième
Année”.
* * *
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