2 de dezembro de 2019
Líderes guerrilheiros das Farc que romperam o “processo de
paz” e voltaram às armas
Os resultados das eleições realizadas na Colômbia em 27 de
outubro passado representam uma voz de alerta a ser considerada com a máxima urgência
Eugenio Trujillo Villegas*
Se a Colômbia decidir ignorar os sinais de alarme
disparados, com evidente e ruidoso estrondo, nas últimas eleições, poderemos
dizer que o nosso destino já está escrito; que dias de grande turbulência estão
se aproximando; e que os inimigos do país darão o golpe final para destruir a
nação. Se não nos prepararmos para evitá-lo, haverá dias de agitação social, de
caos político e econômico, que inevitavelmente trarão o colapso da ordem legal
e institucional.
No pleito que elegeu o presidente Ivan Duque, há um ano e
meio, a esquerda encabeçada pelo ex-guerrilheiro Gustavo Petro, com surpresa
para todos, conquistou oito milhões de votos, contra os pouco mais de dez
milhões que elegeram o Presidente. É claro que os votos de Petro não eram
pessoais nem são endossados por qualquer candidatura presidencial de
extrema-esquerda no futuro, mas foram indicadores de um grande
descontentamento, depois de oito anos de um governo corrupto, apoiador das FARC
(Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia) e do tráfico de drogas, como foi
o de Juan Manuel Santos.
A conclusão óbvia, que está na boca de todos, é a de que se
o atual governo não fizer bem as coisas — isto é, se não resolver urgente e
efetivamente os grandes problemas do país — o próximo governo a ser eleito em
2022 será de extrema-esquerda.
Pois bem, transcorrida uma terça parte da atual gestão, os
indicadores apresentam uma imagem sombria: as prefeituras das principais
cidades, como Bogotá, Medellín e Cali, foram conquistadas por candidatos de
extrema-esquerda; as principais províncias também foram ganhas pela oposição; o
partido do presidente Duque foi humilhado, pois seus candidatos, alguns deles
muito mal escolhidos, estiveram longe dos vencedores.
A essa situação, em si mesma da maior gravidade,
acrescenta-se como componente explosivo muito importante a erupção anarquista
surgida em várias nações vizinhas, visando destruí-las por meio da mais
espetacular agressão ideológica e política acontecida desde a queda do Muro de
Berlim, há 30 anos.
O Chile, o Equador e o Peru foram submetidos ao vandalismo
mais radical, articulado por minorias anarquistas ideologizadas, dirigidas pelo
Fórum de São Paulo e acionadas por terroristas da Venezuela e de Cuba, que
comandam os agitadores locais e demonstraram enorme capacidade de destruição.
Para resumir, basta lembrar as declarações de Diosdado Cabello, o sátrapa
venezuelano, que alegou tratar-se de “pequena brisa bolivariana”, que
esses comunistas pretendem transformar em um verdadeiro “furacão”.
O Pres. Duque deixa a nação à deriva ante o ressurgimento de
níveis alarmantes de insegurança
O próximo objetivo de tal “furacão” é a Colômbia. Sobre
isso, não podemos ter a menor dúvida. Desde o início do processo de paz
conduzido pelo ex-presidente Santos as FARC não renunciaram à luta armada, ao
tráfico de drogas nem ao terrorismo. É evidente que, com a chamada dissidência,
toda a estrutura criminosa das FARC está intacta, pronta para agir e para
tentar tomar o poder — em aliança com os cartéis de drogas, que são as próprias
FARC com outros nomes — e assim dar o golpe definitivo para dominar e destruir
a Colômbia.
No entanto, há algo que preocupa ainda mais. Os colombianos
conviveram durante décadas com o fantasma do comunismo, o qual ameaçava tomar o
poder, mas nunca o alcançou porque uma forte resistência na opinião pública
impediu o seu avanço. No entanto, as recentes eleições indicam que, diante do
perigo que nos espreita, nosso Presidente, seus ministros e funcionários mais
importantes nada parecem notar, deixando a nação à deriva ante o ressurgimento
de níveis alarmantes de insegurança, perigo e ansiedade.
Esse resultado eleitoral denuncia fundamentalmente que as
pessoas não veem no Presidente a capacidade para enfrentar os problemas que
surgem em nosso caminho. No entanto, é claro que ele tem capacidade para fazer
a coisa certa, se quiser. Muitas coisas foram alcançadas em matéria de combate
à corrupção, transparência na administração do Estado, correção de situações
muito graves deixadas por Santos, em seu desvario para entregar a nação
colombiana às FARC. Mas isso não basta.
Cumpre encarar o perigo com antecedência e enfrentá-lo de
forma decisiva, escolhendo para isso as pessoas certas, que sabem com que tipo
de inimigo nós estamos lidando. Não basta que existam boas intenções, boas
ideias e bons burocratas nas posições mais importantes do governo, onde se
traçam as diretrizes e se estabelece o caminho a seguir, pois o que estamos
prestes a ter diante de nós é uma horda infernal para destruir o que alcançamos
em séculos de progresso.
Esse é o desafio! Esse é o Presidente de que precisamos a
partir de agora. Os erros do passado devem ser corrigidos; mas, acima de tudo,
o governo e os colombianos devem entender que estaremos sujeitos a uma
avalanche marxista desejosa de nos destruir, sob o mentiroso pretexto de buscar
a paz e a equidade social. E se não fizermos nada, eles nos destruirão! Mas se
nos prepararmos para o próximo ataque, certamente seremos vitoriosos.
O que toda a Colômbia deve ter bem claro é que, queimando e
destruindo infraestrutura de transporte público, igrejas, shopping centers,
e semeando terror nas ruas, como está acontecendo agora no Chile, nós não
acabaremos com a pobreza nem melhoraremos o nível de vida de ninguém. Este é um
golpe de Estado articulado pela extrema-esquerda latino-americana, para impor
regimes totalitários em todas as nações, no estilo mais autêntico de Cuba,
Nicarágua e Venezuela.
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* Diretor da Sociedad Colombiana Tradición y Acción.
Fonte: Revista Catolicismo, Nº 828, Dezembro/2019.
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