1 de dezembro de 2019
Iniciando o mês natalino, vem a propósito a reprodução de
uma carta muita antiga, mas de suma importância para os presentes dias. A
missiva é datada de quase 80 anos atrás. Ela foi endereçada por Plinio Corrêa
de Oliveira aos comerciantes a fim de incentivá-los a, no mês de dezembro,
aproveitar suas vitrines para prestar homenagem — assim como uma manifestação
de gratidão — ao Menino-Deus que veio à Terra para salvar o gênero humano.
Sugestão que vale, evidentemente, para todos os pais e mães fazerem o mesmo em
seus lares.
São Paulo, 5 de Dezembro de 1940
Prezado Sr.,
Aproximando-se agora as festas de Natal e de Ano Bom, todos
os estabelecimentos comerciais da Cidade se aprestam a ampliar seus estoques,
suas instalações e aperfeiçoar as exposições em suas vitrines, a fim de atender
à imensa quantidade dos compradores que, por ocasião da festa do Menino Deus,
querem proporcionar ao ambiente doméstico aquela fartura, aquela alegria e
aquela serenidade própria das reuniões familiares felizes.
Entre estas famílias, que contam assim passar aos pés do
Salvador algumas horas de tranquila satisfação, está certamente a sua. Para
todos, a vida traz, ao par de alegrias reais, também incontestáveis dissabores.
Não há uma única família que, fazendo junto à arvore de Natal ou ao Presépio a
recordação dos fatos ocorridos durante o ano, não tenha a registrar satisfações
verdadeiras e tristezas incontestáveis. E não há uma família que não se lembre
de agradecer ao Menino Jesus os favores recebidos e de Lhe pedir a conservação
das graças obtidas e a mitigação das dores e dos revezes ocorridos.
Quanta esperança não brilha com luz mais viva, diante da
lembrança desse Salvador benigno e misericordioso, vindo ao mundo para redimir
os homens! Quanta lágrima não se suaviza diante da convicção de que um Deus
Bom, que governa todos os acontecimentos, sabe tirar o bem do mal e transformar
em alegrias terrenas ou eternas os sofrimentos que são inseparáveis de toda a
existência humana!
Tudo isto, o Sr. recebe de Deus, ou espera de Deus.
Mas… o que faz o Sr. por Deus?
Aproxima-se o Santo Natal. Todos se preparam para a grande
festa da Catolicidade. Qual o concurso que o Sr. vai dar a essa festa?
Permitirá que seus empregados lhe arranjem vitrines que, aos inúmeros
transeuntes, não deem uma única ideia de Deus? Permitirá que, sob o pretexto de
lucros mais fáceis do que lícitos, suas vitrines exibam modelos que constituem
um repudio de todos os princípios que a festa de Natal santifica?
Porque, em lugar de vitrines que nada tem a ver com o Natal,
e que traduzem apenas o desejo de vender, não organiza o Sr., além de vitrines
que exponham artigos lícitos, também uma vitrine com um belo presépio, ou com
qualquer disposição que lembre o Santo Natal? Porque não prestar em sua própria
casa de comércio, que é o campo de sua atividade, o terreno de uma grande luta,
o meio de sustento de sua família, uma homenagem a Quem deu aos homens,
fazendo-se Homem, uma prova suprema de Seu amor?
Preste a Deus esta homenagem: exclua de suas vitrines todos
os objetos ou artigos contrários aos princípios cristãos, e coloque em alguma
delas uma bela homenagem ao Menino Deus.
Será, antes de tudo e sobretudo, um preito de adoração a
Deus. Mas será também, para si, para sua família, para seus trabalhos, uma
benção que frutificará neste mundo, para a eternidade.
Ação Católica Brasileira
Junta Arquidiocesana de São Paulo
_________
Obs.: Esta missiva é do período em que o Prof. Plinio
desempenhava o cargo de Presidente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica de
São Paulo, cfr. Minha
vida pública, Parte
V, Cap. I, item 3.
* * *
No vídeo, um presépio montado na vitrine de um
estabelecimento público na pitoresca cidade italiana de Genazzano — rica em
tradições, essa cidade medieval (cerca de 45 kms de Roma) teve a honra de
receber a milagrosa pintura de Nossa Senhora do Bom Conselho (1467).
* * *
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