Publicado em 27 de dezembro de 2019
Helio Brambilla
Lady Maria Dundas Graham Callcott (1785 – 1842),
conhecida como Maria Graham, retratada por August Callcott
A Sra. Maria Graham [foto ao lado] gostava de viajar por
países exóticos. Foi o que motivou essa dama inglesa a visitar o Brasil em
1823, pouco depois de Dom Pedro I proclamar a Independência. Além de muito fina
e distinta, era também muito inteligente, segundo opinião do próprio Imperador.
Em suas memórias, registradas no livro “Journal of the
voyage to Brasil”, ela relata que ao desembarcar no porto do Rio de
Janeiro, “ficou muito admirada ao ver que o povo não andava nu”. Ao
que, o secretário de Dom Pedro, gracejando, comentou: “Ela pensava que
aqui todos éramos bugres de tanga e penas…”.
Recebida pela alta aristocracia do Rio, ela pôde visitar
inúmeros lugares e ficou encantada. Foi tal a sua impressão, que voltou por uma
segunda vez no ano seguinte (1824), tendo assistido à abertura da Assembleia
Constituinte, da qual resultou a melhor Carta jamais havida no Brasil,
sobretudo se comparada à verdadeira colcha de retalhos votada em 1988, que além
de não representar os anseios do povo brasileiro, tornou-se velha e decrépita
em tão pouco tempo.
Se viva estivesse e voltasse hoje ao Brasil, outra surpresa
com a qual Sra. Graham se depararia seria constatar que, apesar da nossa
péssima Constituição, e de seus incondicionais defensores no Legislativo e no
Judiciário, o Brasil se alçou à condição de sexta potência mundial,
ultrapassando a própria Inglaterra. E isso graças ao agronegócio!
Trabalhando dignamente de sol-a-sol, com alta tecnologia,
nos tornamos o segundo país em número de drones utilizados na agropecuária, e
dispomos da segunda maior frota de aviões… agrícolas. Portanto, altíssima
tecnologia para alimentar um bilhão e quinhentos milhões de pessoas mundo
afora.
Do mesmo povo, quando necessário, que não foge à luta, e
sabe combater rijamente os revolucionários semeadores do caos e da desordem, a
ilustre visitante poderia parafrasear o que se dizia outrora da Áustria, cuja
influência mundial se fazia pelo casamento de suas Arquiduquesas: “Enquanto
outros povos fazem guerra, tu, feliz Brasil, plantas!”.
Ainda há pouco, nos quatro cantos da Terra, num estrondo
publicitário universal contra o Brasil, só se falava em internacionalização da
Amazônia, nas queimadas que a devastavam, no genocídio de brasileiros indígenas
— quase tudo fake news, ora disseminadas comendo caviar, ora camembert regado
por Romanée-Conti, ora sorvendo o uísque dos capitalistas ingleses.
Conversando recentemente com o prefeito de uma das cidades
mais emblemáticas de Portugal, comentei que por ocasião dos incêndios que
destruíram suas florestas milenares, inclusive matando muita gente de seu país,
o mundo inteiro acorreu para ajudá-lo a debelar o fogo. O mesmo aconteceu com
incêndios na Grécia, na Sibéria, na Austrália e nos Estados Unidos.
Aqui no Brasil, pelo contrário, segundo notícias veiculadas
pela grande imprensa, ONGs ajudaram a atear o fogo! Não adianta ficar com
‘achismos’ sobre a Amazônia. É preciso conhecê-la.
O nosso maior especialista em clima, Prof. José Luís Molion
[foto ao lado], falando recentemente em Roma por ocasião do Sínodo dos Bispos,
afirmou que “se na Amazônia chove, não é porque tem floresta, mas se
existe floresta é porque chove!” Para o estudioso, entram a cada segundo
na Amazônia 200 milhões de metros cúbicos de água vaporizada, vindas do Oceano
Atlântico.
O cientista W. James costumava dizer que a ciência é antes
de tudo um espírito sem prevenções, e supor que ela seja uma espécie de fé que
se deve abraçar é enganar-se completamente sobre a natureza e rebaixar os
sábios ao nível dos sectários. Muito bom recado para os ongueiros e afins no
Brasil e alhures.
Nossos produtores rurais estavam lutando durante o ano todo
para produzir e aliviar as necessidades alimentares do mundo, inclusive
daqueles que nos atacam com ódio sectário. Apesar de alguns percalços com secas
e às vezes excesso de chuvas, conseguimos bater o recorde de 240 milhões de
toneladas de grãos, que redundaram em mais de 100 bilhões de dólares de
exportação de produtos do agronegócio.
Os produtores brasileiros estão alimentando inclusive a
China com grande quantidade de carne bovina, porque o povo chinês não tem
proteínas suficientes para trabalhar como escravo no capitalismo estatal lá
implantado, devido à peste suína que está dizimando os criatórios deles.
Isto em detrimento do povo brasileiro, que está pagando mais
caro pela carne bovina. Entretanto, é preciso deixar claro que há mais de cinco
anos a arroba do boi não era reajustada, e muitos criadores acabavam fechando
as contas no vermelho. Ou ainda eram abatidas novilhas, causando uma
transitória escassez de carne no mercado, que de acordo com todos os analistas
é apenas sazonal.
Por sua vez, a produção de etanol extraído da cana-de-açúcar
foi muito boa, e o Brasil está conseguindo vender combustível barato à sua
população, diminuindo drasticamente a emissão de metais pesados na atmosfera,
provenientes de combustíveis fósseis.
Enquanto isso, na Índia, nos 200 quilômetros do entorno de
Nova Delhi, a poluição aumentou 22 vezes em relação ao ano passado, fazendo com
que o governo tivesse que distribuir mais de sete milhões de máscaras antigás à
população, pois em um único dia entrava nos pulmões dos habitantes a fumaça
equivalente a 40 cigarros.
Prezado leitor, por acaso você viu algum protesto de ONGs
ambientalistas e do Sínodo dos Bispos contra isso? Por que apenas o Brasil
seria o culpado por todos os males existentes no mundo?
Porventura prestaram atenção a Sra. Merkel, o Sr. Macron e
os desavisados bispos presentes no Sínodo da Amazônia, que de dentro de suas
salas confortáveis querem impor a vida tribal aos habitantes da Amazônia, coisa
que nem os índios e os outros 20 milhões de amazônicos querem?
Estão tentando substituir a fracassada ditadura do
proletariado pela ditadura das ONGs, da ONU e do Episcopado. Nossas almas
católicas repudiam isso! Recorro aqui às palavras de Plinio Corrêa de Oliveira,
contidas no seu histórico manifesto de resistência à política de distensão do
Vaticano com os regimes comunistas: “Mandai-nos o que quiserdes. Só não
mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho [provisoriamente
pintado de verde] que investe. A isto nossa consciência se opõe”.
* * *
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