Maurício Sherman foi um amigo querido. Produtor, ator e
diretor de rádio, TV e teatro, teve uma vida profissional de muitos e
retumbantes êxitos. Trabalhou praticamente em todas as televisões do Rio de
Janeiro e deixou em todas elas profundas marcas de competência. Na Manchete,
lançou Xuxa e Angélica, dando vida ao Clube da Criança. Na Globo foi
responsável pelo sucesso de “Faça humor não faça guerra”, “Zorra Total”, a
direção de “Chico Anísio Show” e alguns pitacos bem sucedidos nos espetáculos
de Renato Aragão. É preciso dizer mais?
Do nosso bom convívio, nasceram sucessos marcantes, como os
musicais “Evita” e “Carmen”, que levaram milhares de pessoas ao Teatro João
Caetano. A direção segura desses espetáculos, garantida por Sherman, era uma
tranquilidade para os seus produtores. Em todas as cenas, protagonizadas por
artistas como Cláudia e Marília Pêra, sentia-se a mão genial do grande diretor.
Maurício Sherman, depois de uma experiência em rádio,
entregou-se de corpo e alma ao teatro e à televisão. Foi pioneiro também no
teatro israelita desde os primórdios vividos na sua amada Niterói.
Faleceu aos 88 anos de idade quando ainda se poderia esperar
muito do seu indiscutível talento. Como disse o Boni, “ele é a própria história
da televisão brasileira”. No caso da TV Globo, foi o criador do “Fantástico” (sucesso
de 30 anos) e do bem sucedido “Vídeo Show”, sempre com geniais pitadas de
bom-humor. Difícil é ter quem a ele se compare.
Na TV Manchete, cheguei a acompanhar de perto o seu
trabalho. Os shows por ele criados tinham “cheiro de Broadway”, sua fascinação.
Por isso aproveitava os seus raros momentos de folga para viajar aos Estados
Unidos, em busca de qualidade em seu trabalho. E trazia sempre boas ideias.
Foi dele a sugestão de criar o “Debate em Manchete”, aos
domingos à noite, por mim apresentado durante quase 10 anos. Rigoroso em tudo o
que fazia, exigiu cenários maravilhosos (elaborados por Arlindo Rodrigues) e
uma iluminação especial. Isso garantiu um bom IBOPE ao programa.
A genialidade de Maurício Sherman fará falta à televisão
brasileira. Mas ficará entre nós, além do exemplo de um bom amigo, uma soma
apreciável de programas que ele conduziu com incrível maestria.
O Globo, 03/11/2019
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Arnaldo Niskier - Sétimo ocupante da Cadeira nº 18 da ABL, eleito
em 22 de março de 1984, na sucessão de Peregrino Júnior e recebido em 17 de
setembro de 1984 pela acadêmica Rachel de Queiroz. Recebeu os acadêmicos Murilo
Melo Filho, Carlos Heitor Cony e Paulo Coelho. Presidiu a Academia Brasileira
de Letras em 1998 e 1999.
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