Um Poema a Setembro
Uma rosa se abriu,
uma estrela passou,
os pássaros fugiram
para os laranjais.
Uma música tocou,
uma noiva partiu,
a chuva aos ninhos
não voltou mais.
Setembro chegou
com a primavera,
à tua espera
ainda estou.
Eu vi setembro
ainda em caminho,
mas vinha só
sem teu carinho.
................
Canto de setembro
Canto de setembro, de boninas,
a mesma ilusão de sonhos idos,
com teus olhos que não voltam mais.
Canto de setembro, de primavera
rodeado de segredos,
de palavras de mistério.
Canto de setembro, de saudade,
de tristeza por um amor que
sumiu levando a primavera.
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“EIS O REGISTRO GRÁFICO DA ENTREVISTA EM K-7, QUE AINDA
GUARDO COMO TESTEMUNHO E DEPOIMENTO DE UM DOS MAIS VIGOROSOS TALENTOS
INSTINTIVOS COM QUEM CONVIVI”:
- Jorge de Souza Araújo
Atualmente trabalho
na “Tribuna da Bahia”, onde respondo por assuntos do interior. Enquadro-me na
poesia contemporânea com inquietação. Os novos valores revelam exagerada
preocupação com a forma e com o vocabulário, num esforço incontido à busca do
impressionismo e do exótico, dando a entender desinteresse pela mensagem, pelo
lírico, pelo heroico. Isto lembra o movimento parnasiano, que muito pouco
acrescentou à poesia brasileira em termos de mensagem, limitando-se a
transformações de estética e aproveitamento de vocábulos não considerados por
alguns cultores do Romantismo. Por outro lado, sinto que a poesia atual vem se
omitindo aos grandes acontecimentos, comportando-se alheia, limitada ou com apelações
inaceitáveis.
Ser poeta é
viver com plenitude a vida integral: o amor, o ódio, a dor, a mágoa, o tédio,
as desilusões, a saudade, a esperança, a fé, o desejo. Por isso acredito em
todos. O poeta é portador de todas as sensações do mundo. Todos os enfermos
repousam em sua alma, sente todas as ingratidões, ama desesperadamente e sofre
como ninguém jamais sofreu. Tem esperança imorredoura, o que não é simplesmente
uma esperança, mas o pressentimento do significado absoluto da vida universal.
Sobre minha
poesia, com exceções, considero-a espontânea e desvinculada de escolas literárias.
Não acredito haver recebido influências poéticas, baseado que minhas leituras foram
diversificadas. Li os principais poetas do mundo e na poesia brasileira, cheia
de valores, ainda me rendo a Castro Alves, de quem não encontro nenhum vestígio
nos versos por mim escritos, que revelam, de acordo com o meu poder criativo, somente
o que vai em minha alma, no meu interior.
Analisar
poesia é tarefa difícil, especialmente para os poetas. E muito mais ainda uma autocrítica.
Daí, sobre os poemas “Dissipação”, “Variante sobre o amor” e “História comum”,
eu prefiro deixá-los a critério dos leitores, o que me deixa mais à vontade.
(Obra reunida – 1ª Edição)
ARISTON CALDAS
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