FIM
(Para minha musa morta)
Tu partiste e eu fiquei sofrendo a vida,
Pois nosso amor morreu. A desventura
Tomou conta de mim, alma possuída
Pela desesperança que amargura.
Nosso amor foi manhã, quando nascida,
E hoje, que se acabou, é noite escura,
Ave que tomba pela dor ferida,
Sonho que não é berço: é sepultura.
Nosso amor floresceu em campo aberto...
Hoje, sem mais florir, lembra um deserto
Que de lembranças imortais se junca.
Tudo acabou, depois de tantos anos.
Resta, além de silêncio e desenganos,
Minha saudade que não morre, nunca.
Bráulio de Abreu
Fundador da Revista Samba, o poeta e alfaiate Bráulio
de Abreu dialogou com os literatos da Academia dos Rebeldes – que
reunia figuras como Jorge Amado e Sosígenes Costa – e juntos movimentavam a
vida cultural e literária baiana. Lançou uma de suas obras poéticas em 1996:
Alma Profana.
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