28 de agosto de 2019
Há
pouco o Brasil estarreceu com a notícia do massacre perpetrado em prisão do
Amazonas, no qual foram assassinados dezenas de presidiários com requintes
verdadeiramente satânicos. Esse não foi caso isolado, pois já ocorreram antes
fatos semelhantes em outros presídios.
Como podem seres humano chegar a esse grau inimaginável de selvageria? Haveria
um modo de lhes dar um pouco de sentimento cristão através de assistência
religiosa, psicológica e mesmo material que os levasse a atitudes mais humanas?
Ou será que não há mais esperança para eles, sendo tempo perdido qualquer
iniciativa nesse sentido?
A esse propósito, chamou-me a atenção notícia publicada em um site católico sob
o título “As autoridades boquiabertas com os retiros com Adoração ao Santíssimo
Sacramento em prisão: mudança total nos prisioneiros”.[i] Afirma
a notícia: “Os retiros espirituais estão se convertendo numa fonte de
conversão e transformação para milhares de presos nos Estados Unidos. Esta
experiência está se realizando no Texas, em prisões onde há reclusos muito
problemáticos e conflitos constantes, e tem chamado a atenção dos responsáveis
dos cárceres pelos efeitos benéficos que estão tendo com os condenados.”
Tommy pertence agora à diocese texana de Beaumont, em cuja sede há uma prisão
federal e algumas privadas. Nela alistou-se no ministério carcerário,
juntando-se a algumas centenas de voluntários que tornam possível a realização
de retiros em cárceres masculinos e femininos.
Ewing chegou com seu plano de retiro nas prisões dessa diocese em 2012.
Voluntários o apresentaram então aos responsáveis pela segurança da prisão
federal da cidade, para que pudesse propô-lo. No começo encontrou animadversão
e ceticismo. Mas depois concordaram, com a condição de que, se o retiro
funcionasse, poderia ter continuidade; se não, não se falaria mais nele.
A experiência foi feita. Diz Ewing que, “três semanas depois do primeiro retiro,
nos reunimos com o responsável da prisão” para ouvir sua opinião sobre o retiro
feito, do qual haviam participado 66 presos. Em resposta, o diretor tirou da
gaveta uma pilha de mais de 60 cartas dos presidiários, elogiando a iniciativa
e muito contentes com o que tinham recebido no retiro. Um dos seus frutos foi
que os detentos se tornaram muito colaborativos com os guardas.
O sucesso não podia ter sido maior. Por isso a reação do
diretor da prisão foi perguntar: “Quando poderiam organizar outro?”
Essa boa repercussão da iniciativa naturalmente repercutiu
em outros cárceres do Estado, que pediram análogos retiros. O resultado foi que
isso está favorecendo as próprias instituições prisionais, cujos responsáveis e
os próprios funcionários notam que esses retiros são particularmente
efetivos para trazer à luz problemas que podem estar preocupando o preso, e
assim permitir que sejam tratados e solucionados.
Um dos resultados colaterais do retiro foi o fato de que
o número detentos que dele participam cresceu de maneira notável,
favorecendo muito a sua reabilitação.
Adoração ao Santíssimo Sacramento e confissão
Intensivos nos fins de semana, os retiros são feitos em comunidade. Dividem-se
os presos em grupos de 66, por temas logísticos. Os que já participaram de
retiro anterior são selecionados por sorteio para compartir sua experiência no
retiro em curso. Além dos temas tradicionais da doutrina da Igreja sobre os
Sacramentos e o catecismo, durante o fim de semana há Missa, Adoração
Eucarística, confissão, e Via Sacra.
Uma
coisa que surpreende nesses atos, segundo Ewing, é que “podes ver como os presos
se emocionam visivelmente”. Isso principalmente durante a Adoração ao
Santíssimo Sacramento, feita numa dependência separada, onde é colocado um
pequeno altar com uma custódia contendo Jesus Hóstia. A semi obscuridade da
prisão cria um ambiente propício para a oração. Assim, “trazes a luz de Cristo,
e estes homens podem senti-la. Isso marca a diferença”. É comum ver, em várias
horas do dia ou da noite, algum presidiário de joelhos adorando Jesus na
Sagrada Hóstia.
Outra coisa que faz a diferença é o sacramento da Confissão. Evidentemente os
voluntários devem explicar bem o poder desse Sacramento que só os católicos
têm, e que permite a uma pessoa com problemas de consciência a descarregá-los
junto a um ministro de Deus que tem o poder de absolvê-lo de todos seus
pecados. E ensinam aos presos que nunca se confessaram, ou que o fizeram há
décadas, como fazê-la. A paz de alma que muitos presidiários sentem após
descarregarem todas as faltas de uma vida e receber a absolvição é impressionante.
Por isso, diz Ewing, “o acesso à confissão e a adoração eucarística suavizam
inclusive o mais duro dos corações. É uma grande experiência que muda a vida”.
O Pe. Michael Rugledge, diretor da capelania do Departamento de Justiça
Criminal do Texas, falando sobre o resultado dos retiros, afirma que eles “estão
provocando uma transformação. Não se pode obter a transformação de ninguém sem
que lhe toque o coração”.
Para terminar, convém notar que vários dos presos que mudaram de vida após
esses retiros escreveram aos voluntários que os ajudaram, para lhes agradecer e
dar suas impressões. Diz Ewing que, em geral, eles dizem que “encontraram
amizade, amor e irmandade, muitos deles já tinham perdido a esperança”. No
fundo, é o que afirma um preso em sua carta aos voluntários: “Deus me criou,
mas vós me fizestes o que sou hoje, e o que Deus queria que eu fosse. Seguirei
na minha vida este caminho de fé em Cristo até o fim de meus dias, e
continuarei lutando para que o amor de Deus prossiga em mim”.
Isso teria resultado no Brasil, onde os religiosos encarregados da pastoral
carcerária geralmente são adeptos da execrável Teologia da Libertação, não
transmitindo mais os ensinamentos tradicionais da Igreja? Como vimos, nos Estados
Unidos tanto a iniciativa como a sua colocação prática partiu de leigos. Poderá
ocorrer o mesmo no Brasil? Isso certamente teria um resultado semelhante, ou
pelo menos muito alentador, não só para os presos, mas também para todos nós.
[i]https://www.religionenlibertad.com/eeuu/110193389/Las-autoridades-boquiabiertas-con-los-retiros-con-Adoracion-en-prision-cambio-total-en-los-presos.html?
* * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário