15 de junho de 2019
Harmonioso relacionamento de outrora entre classes sociais
Plinio Corrêa de Oliveira
Nesta ilustração* vemos a representação do ensaio para o
casamento de um rei e uma rainha (Charles VIII e Anne de Bretagne) e duas
crianças à frente deles. Do lado direito está representada a França com flores
de lis no traje da menina; do lado esquerdo a Bretanha, com seus símbolos
heráldicos no traje do menino.
O personagem que organizou a festa para rememorar a união da
França com a Bretanha está pedindo a opinião do marquês de Grand-Air — um
modelo de elegância masculina anterior à Primeira Guerra Mundial. São dois
velhos conversando, e se nota claramente a diferença social entre ambos. Se
alguém perguntasse, não seria difícil responder quem é o marquês.
O velho do lado esquerdo é um camponês vestido como
personagem da corte de Ana de Bretanha; o outro é o marquês. Fino e esguio,
quase como fumaça que se desprende de um cigarro, tem o tom e o jeito de um
homem ciente de sua importância, habituado a ser considerado, que sabe mandar,
e com o qual não se pode brincar. O narigão dele é vagamente na linha de uma
ave de rapina, de quem sabe decidir sem hesitação. Ele usa um belo chapéu,
gravata exuberante, colete e um paletó pomposo que chega até o joelho, chamado
de sobrecasaca.
O camponês está inteiramente à vontade, mas de chapéu na mão
em sinal de respeito, e se inclinando um pouco para falar com o marquês. Para
saber se a representação do casamento está bem feita, ele consulta o marquês
sem o menor receio de ser maltratado, de sofrer uma caçoada, de ser
menosprezado, e o marquês de Grand-Air demonstra benevolência cativante.
Conversa como se estivesse diante de outro nobre, dando explicações com muita
bondade. Reina entre eles uma concórdia completa — o contrário da luta de
classes marxista, pregada pelos comunistas e por teólogos da libertação.
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* Ilustração do artista francês Joseph Pinchon (1871-1953),
autor dos desenhos dos livros de Bécassine, personagem da literatura infantil
da época. Para conhecer outros comentários de ilustrações desses livros, leia a
matéria “Bécassine — Verdadeiros tratadinhos de sociologia viva”, edição
de Catolicismo de fevereiro/2018.
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa
de Oliveira em 9 de junho de 1984. Esta transcrição não passou pela revisão do
autor.
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