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segunda-feira, 6 de maio de 2019

POESIA ROMÂNTICA: TERCEIRA GERAÇÃO- Castro Alves


Condoreirismo

            Sofrendo influência de Victor Hugo, a poesia romântica da terceira geração (Castro Alves, Tobias Barreto) é chamada de “condoreira”. O CONDOREIRISMO caracteriza-se pela linguagem pomposa e oratória, pelos ideais de liberdade que prega e pelas imagens grandiosas que utiliza. O principal representante desta poesia é Castro Alves que, além da poesia social, fez também poesia amorosa.

CASTRO ALVES
            Antônio de Castro Alves nasceu em Muritiba, BA, hoje Castro Alves, em 1847, e faleceu na Bahia em 1871.

            Em 1864, matriculou-se na Faculdade de Direito do Recife. Apaixonou-se pela atriz de teatro Eugênia Câmara. Transferiu-se, em 1868, para São Paulo. Abandonado por Eugênia Câmara, para esquecê-la, dedicou-se à caça. Um dia disparou a arma contra o próprio pé e acabou morrendo de tétano e tuberculose.

            Obras: Espumas Flutuantes (poemas); Gonzaga ou A Revolução de Minas (teatro); A Cachoeira de Paulo Afonso (poema).

            Poemas famosos: O Navio Negreiro – Vozes d’ÁfricaO Livro e a América.
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Poesia social

          Superando o extremado subjetivismo dos poetas que o antecederam, Castro Alves significa o último momento do Romantismo, quando este adquire um sentimento social e revolucionário. A poesia deixa de ser pura expressão do EU, torna-se uma arma de combate a serviço da justiça e da liberdade. Defensor dos oprimidos, Castro Alves fez da escravidão negra o alvo predileto de seus poemas humanitários e abolicionistas. “O Navio Negreiro” e “Vozes d’África” são dois dos melhores poemas da literatura brasileira. É possível ficarmos indiferentes diante da força dramática de “O Navio Negreiro”?
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Existe um povo que a bandeira empresta 
P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... 
E deixa-a transformar-se nessa festa 
Em manto impuro de bacante fria!... 
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, 
Que impudente na gávea tripudia? 
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto 
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... 

Auriverde pendão de minha terra, 
Que a brisa do Brasil beija e balança, 
Estandarte que a luz do sol encerra 
E as promessas divinas da esperança... 
Tu que, da liberdade após a guerra, 
Foste hasteado dos heróis na lança 
Antes te houvessem roto na batalha, 
Que servires a um povo de mortalha!... 

Fatalidade atroz que a mente esmaga! 
Extingue nesta hora o brigue imundo 
O trilho que Colombo abriu nas vagas, 
Como um íris no pélago profundo! 
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga 
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! 
Andrada! arranca esse pendão dos ares! 
Colombo! fecha a porta dos teus mares!


                         ALVES, A. de Castro – O Navio Negreiro,
                   em ANTOLOGIA ESCOLAR BRASILEIRA, de
                   Marques Rebelo, MEC, RJ, 1967.

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Poesia amorosa
 
            Ao contrário dos primeiros românticos, versando sobre o amor, Castro Alves não se esquiva, não negaceia: o amor é, nele, sensual e realizado. As relações amorosas são apresentadas de maneira viril, saudável, objetiva. Suas mulheres são de carne e osso e são amadas concretamente. Do poema “Boa noite”:

“Boa noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.”



(NOVO HORIZONTE - Português Vol.II)
Izaías Branco da Silva & Braz Ogleari – Companhia Editora Nacional

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