O Dia Mundial do Livro, é a ocasião perfeita para fazermos
uma reflexão sobre a sua importância, sobre os desafios do setor, e também para
celebrarmos as conquistas.
Antes de qualquer coisa, precisamos ter claro que o livro é
um objeto de democratização e cidadania. Por isso, é fundamental que a leitura
seja encarada com seriedade e responsabilidade.
O livro e a leitura se tornam fortes e permanentes em um
ambiente economicamente saudável, de segurança jurídica e de liberdade de
pensamento. Por isso, devemos aproveitar o momento para rever modelos, pensar
em alternativas e fortalecer toda cadeia produtiva e criativa do livro.
Todos os setores da economia vivem um momento de
transformação. Neste cenário, a atualização de modelos de negócios, em especial
do livro, é urgente. O fato é que os diversos produtos da indústria criativa
disputam o tempo das pessoas. Na última edição da pesquisa Retratos da Leitura
(2016), o hábito da leitura fica em 10º lugar quando o assunto é o que gosta de
fazer no tempo livre, atrás de assistir TV, ouvir música, acessar a Internet,
entre outros.
O livro é, em sua essência, um objeto de várias
possibilidades, ele pode chegar ao leitor em diversos formatos: no tradicional
formato impresso, já tão querido e aceito pelos leitores; no formato digital,
que facilita a portabilidade, ou em audiolivro, que permite o acesso ao
conteúdo do livro durante outras atividades. As possibilidades estão aí, mas é
necessário entender o desejo do leitor e oferecer o livro da forma esperada.
O momento é instigante: ao passo que devemos superar
obstáculos, o terreno é fértil para criar novas oportunidades. Rever modelos
tradicionais que temos praticado há muito tempo, repensar a consignação,
ampliar os canais de distribuição, incentivar a criação de novos pontos de
vendas e atualizar a experiência de compra nas livrarias é tarefa fundamental
agora.
A situação pela qual o setor livreiro passa me faz lembrar
uma antiga campanha das padarias de São Paulo: "Pão se compra na
padaria". Claro que o comportamento do consumidor não é estabelecido por
uma simples frase, acontece que juntamente com a frase quebraram-se vários
paradigmas. A padaria passou a ser um local de convivência, com mais
possibilidades e mais atenta às necessidades de seus clientes. Todo o varejo,
em seus diversos segmentos tem buscado uma fórmula parecida, na qual o ponto de
venda não fique restrito à venda do produto, mas se torne um ponto de contato
com as pessoas, com atendimento ágil e qualificado, transformando-se em um
amplificador de vendas. Para isso, é importante que o relacionamento entre loja
e público se dê de forma rápida e sem ruídos. Na experiência da loja, seja ela
virtual ou presencial é que o cliente se tornará sua melhor propaganda ou seu
pesadelo.
Temos uma grande missão: tornar o mercado forte e exigir do
poder público a priorização da educação e a formação de leitores para quem
sabe, no futuro, possamos ter um país que ofereça oportunidades para todos,
repleto de profissionais preparados para o seu desenvolvimento.
Que o livro, instrumento para transformação de pessoas, nos
inspire a transformar o mercado.
*VITOR TAVARES é o presidente da Câmara Brasileira do Livro
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