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terça-feira, 9 de abril de 2019

O PODER DA GRAÇA DE DEUS – Plinio Maria Solimeo


9 de abril de 2019
Plinio Maria Solimeo

A graça de Deus — que nunca falta a ninguém — no mais das vezes segue cursos inesperados e misteriosos e em circunstâncias das mais adversas a fim de conduzir alguém ao conhecimento não apenas da verdade, mas da verdadeira religião.

Nesse sentido, detenho-me no caso de um rapaz que enfrentara situações como a de ter nascido num país maciçamente muçulmano como o Irã, ademais de ter uma mãe ateia, para depois chegar até a Igreja Católica.

Isso ocorreu com Allen Hooreh [foto acima], nascido em 1982. Sua mãe, comunista convicta, se separou cedo do marido. Mãe e filho foram obrigados a deixar o Irã ao ser descoberto que ela fazia parte de uma organização que atentava contra o regime. Depois de breve estadia na Europa, mudaram-se para Bethesda, no estado de Maryland, Estados Unidos.

Essa mãe educou o filho como se Deus e a religião não existissem, de maneira que seu filho Allen não recebera formação religiosa alguma, nem mesmo a muçulmana que vigora em seu país de origem. Entretanto, ao crescer, o rapaz começou a se preocupar com questões filosóficas.

Bom observador e aplicado, começou a analisar a complexidade das leis da física e da criação, a beleza nelas subjacentes, bem como a sua ordem exemplar, levando-o a considerar a necessidade de haver uma inteligência por trás de tudo aquilo, que tudo criou e dirigia, até concluir que só poderia ser Deus.

Sem saber, e levado apenas pela reta razão, Allen fazia o mesmo raciocínio do insuperável São Tomás de Aquino ao analisar as vias para se chegar ao conhecimento de Deus:

“No mundo, algumas coisas se operam por causa de seu fim; entretanto, estas coisas não atingem seu fim por acaso; ora, estas coisas não tendem para um fim a não ser que estejam sendo dirigidas por algo inteligente; logo, existe esse algo inteligente, que é Deus, que dirige as coisas a um fim”.

Assim, com os dados da mera razão natural, esse pagão de consciência reta pôde chegar ao conhecimento de Deus analisando a natureza criada:

Tudo funciona em uma harmonia inacreditável. Quem contempla uma rosa, por exemplo, pode perceber a sua perfeição e beleza, podendo exclamar: “Ela está desenhada de forma tão primorosa, e projetada em todos os níveis, que não é possível ter-se feito sozinha, logo há um deus por trás dela”.

Chegando assim à crença de um deus em tese, Allen via a necessidade de aprofundar esse conhecimento. Para isso chegou a visitar algumas igrejas, mas ficou decepcionado por constatar que em nenhuma delas se praticava o que era ensinado.

Foi então que, entrando para a faculdade, ele foi iniciado na meditação budista. O jovem utilizou os métodos dados como uma maneira de controlar os seus pensamentos. Mas aos poucos, analisando-os, começou a se dar conta que havia neles um nível crescente de complexidade. Isso porque 90% deles eram negativos.

Procurou em vão estimular pensamentos mais positivos, mas descreveu o seu esforço como algo semelhante à tentativa de amparar com uma das mãos uma parede que se desmorona, e, com a outra procurar ser mais compassivo e amoroso.

Isso o levou à pergunta: — “De onde me vem toda essa complexidade maligna.” Entendeu que, por trás dela havia uma mente que não era a sua, concluindo ser o demônio, tendo chegado a afirmar que acreditou na existência do demônio antes mesmo de crer na divindade de Cristo.

Allen notou, além desses pensamentos negativos, haver nele igualmente uma voz boa, que nunca discutia com ele, mas simplesmente lhe inspirava o que devia fazer. Quanto mais se entregava a ela tanto mais percebia os truques do demônio para dela o afastar.

Foi quando procurou o seu melhor amigo, Roberto, que era católico, confidenciando-lhe o que vinha experimentando interiormente. O amigo por sua vez lhe perguntou o que ele sentia quando pensava na Igreja Católica.

O iraniano fez uma lista na qual todas as coisas eram negativas. Como resposta, Roberto disse para ele que por meio daquele depoimento podia perceber os truques do diabo que lhe assediava, mas não lhe perguntou a razão pela qual todos os seus pensamentos sobre a Igreja Católica eram negativos.

Isso fez Allen pensar. Resolveu então, como um militar que devesse derrubar o oponente, entrar na luta e tomar o poder, tendo chegado à conclusão de tratar-se do diabo tentando afastá-lo da Igreja Católica. E, como ele o odiava, decidiu dar uma chance à Igreja.

Quando disse isso a Roberto, este começou a procurar entre as igrejas da região de Washington uma que pudesse responder às inquietudes filosóficas de Allen. Chegou assim à paróquia de Nossa Senhora da Misericórdia [foto ao lado], em Potomac, Maryland. Por sugestão do amigo, o jovem nela se inscreveu para o Curso de Iniciação Cristã para Adultos.

Agora como catecúmeno, Allen compreendeu que deveria começar a rezar. E comentou que sempre tivera um relacionamento indireto com Deus por meio das coisas criadas, mas a partir daquele momento deveria fundamentá-lo como amor.

A dificuldade para ter um relacionamento amoroso com Deus, seguramente se encontrava no fato de ele nunca ter tido um pai com quem pudesse se relacionar com afeição própria de filho. Por isso disse a Nosso Senhor: “Por favor, abra o meu coração. Mostre-me o que é dar e receber amor”.

É preciso dizer que, enquanto isso se passava com Allen, seu amigo Roberto, como verdadeiro apóstolo rezava e encomendava missas nas intenções dele.

O Curso de Iniciação Cristã que Allen frequentava era, como é comum nas igrejas americanas, ortodoxo, sólido e convincente, de maneira que o levou a respeitar a tradição apostólica da Igreja, e alimentou sua capacidade de aprender os ensinamentos que os teólogos lhe transmitiam. Compreendeu então que a Igreja era como o tronco de uma árvore, cujas raízes eram Nosso Senhor Jesus Cristo e os apóstolos.

Final da história. Allen Hooreh será batizado na vigília da Páscoa deste ano, e escolheu a mãe de Roberto, Renata, para ser a sua madrinha. Sobre isso ele afirmou: “Sempre senti que Roberto era um irmão para mim; e agora que sua mãe será minha madrinha, este sentimento de união ficará ainda mais sólido no âmbito espiritual”.

Em meio à terrível crise pela qual passa a Igreja, ferida por tantos escândalos e confusões em todos os níveis, têm sentido tornar-se católico? Allen não recuou ante a pergunta. Com muito espírito de fé e muita propriedade, esse neo-convertido respondeu:

— “Particularmente penso que a Igreja precisa de pessoas que venham a ela e a Cristo com amor. Não é hora de deixá-la, mas de ser uma força para o bem. Se eu puder ser uma ferramenta para que o Reino na Terra reflita o Reino dos Céus, é o que quero fazer”.

Fontes:

– Religionenlibertad, disponível



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