28.04.18
O jurista Modesto Carvalhosa, na Veja, explica os nove
motivos para o impeachment de Gilmar Mendes:
“1. Gilmar telefonou espontaneamente a Silval Barbosa,
ex-governador de Mato Grosso, horas antes preso em flagrante na Operação
Ararath, hipotecando-lhe solidariedade e prometendo interceder a seu favor
junto ao ministro Toffoli, que relatava o inquérito. Silval Barbosa é, nas
palavras do ministro Luiz Fux, o protagonista de uma delação monstruosa.
2. Gilmar votou contra a prisão do secretário da Casa Civil
e da Fazenda desse mesmo ex-governador. Éder de Moraes Dias, segundo a Polícia
Federal, foi o principal operador do esquema de corrupção descoberto na
Ararath.
3. Gilmar teve inúmeros encontros privados com o presidente
Michel Temer, fora da agenda oficial, alegando velha amizade, e, ainda assim,
com voto de minerva no Tribunal Superior Eleitoral, absolveu a chapa
Dilma-Temer de abuso de poder político e econômico na última campanha, de
maneira a preservar o mandato do amigo. Nesse processo, a ex-mulher de Gilmar,
Samantha Ribeiro Meyer-Pflug, emitiu parecer favorável a Temer, que depois
viria a nomeá-la conselheira da Itaipu Binacional, sem contar que o presidente
ainda tornou um primo de Gilmar, Francisval Dias Mendes, diretor da Agência
Nacional de Transportes Aquaviários.
4. Gilmar, agindo como verdadeiro soldado do PSDB, a
despeito de ser o relator de quatro entre nove inquéritos contra Aécio Neves,
aceitou o pedido deste para convencer o senador Flexa Ribeiro a seguir
determinada orientação no tocante a projeto de lei de abuso de autoridade.
5. Gilmar, desprezando o fato de que sua atual mulher
trabalha no escritório que defendia os interesses do notório Eike Batista,
mandou libertá-lo da prisão.
6. Gilmar, por três vezes, livrou do cárcere Jacob Barata
Filho, milionário do setor de transportes do Rio de Janeiro, cuja filha se
casou com o sobrinho de Guiomar Mendes, mulher do ministro. Mais: Francisco
Feitosa, irmão de Guiomar, é sócio de Barata.
7. Gilmar mandou soltar o ex-presidente da Federação das
Empresas de Transporte de Passageiros do Rio Lélis Marcos Teixeira, cliente,
como Barata, do escritório de advocacia integrado pela esposa do ministro.
8. Gilmar votou no processo de anulação da delação premiada
dos proprietários do grupo J&F, a despeito de a JBS haver patrocinado com
2,1 milhões de reais eventos do Instituto de Direito Público (IDP), empresa da
qual o ministro é sócio.
9. Gilmar determinou a soltura do ex-presidente da
Assembleia Legislativa de Mato Grosso José Riva, conhecido como “o rei da ficha
suja no Brasil”, que foi defendido por Rodrigo Mudrovitsch, não só professor do
IDP mas também advogado do ministro em outra causa.”
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